TEXTO:
O século atual tem sido fecundo para a ciência,
pois desafios novos são colocados à competência
explicativa das teorias, hipóteses, premissas e leis
fundadoras do pensamento científico moderno. A
[5] relatividade de Einstein, a microfísica, a termodinâmica,
a microbiologia têm ampliado o universo das
indagações dos cientistas, que cada vez mais se veem
confrontados com novas verdades e com incertezas
sobre algumas verdades há muito estabelecidas. Além
[10] disso, novos campos de aplicação e novos usuários
dos conhecimentos gerados nos laboratórios do tão
restrito universo da academia suscitam, felizmente,
uma necessária reflexão ética no meio acadêmico e
fora dele.
[15] Ciência com consciência enfrenta o duplo desafio:
apontar problemas éticos e morais da ciência
contemporânea, cujos múltiplos e prodigiosos poderes
de manipulação, nascidos das tecnociências, têm
imposto ao cientista, ao cidadão e à humanidade inteira
[20] o problema do controle político das descobertas
científicas e a necessidade epistemológica de um novo
paradigma que rompa os limites do determinismo e da
simplificação e incorpore o acaso, a probabilidade e a
incerteza como parâmetros necessários à compreensão
[25] da realidade.
Retomando a discussão sobre a ciência moderna,
Edgar Morin critica o paradigma clássico que se
fundava na suposição de que a complexidade do
mundo dos fenômenos podia e devia resolver-se a
[30] partir de princípios simples e leis gerais. Esses
princípios, que se revelaram fecundos para o progresso
tanto da física newtoniana como da relatividade
einsteiniana e da natureza físico-química de todo
organismo, não são mais suficientes para considerar
[35] a complexidade da partícula subatômica, da realidade
cósmica e dos progressos da microbiologia. Assim,
enquanto a ciência clássica dissolvia a complexidade
aparente dos fenômenos para revelar a simplicidade
oculta das leis imutáveis da natureza, hoje a
[40] complexidade começa a aparecer não como inimigo a
eliminar, mas como um desafio a ser superado.
Para o autor, enfrentar a complexidade do real
significa confrontar-se com os paradoxos da ordem/
desordem, da parte/todo, do singular/geral; incorporar
[45] o acaso e o particular como componentes da análise
científica e colocar-se diante do tempo e do fenômeno,
integrando a natureza singular e evolutiva do mundo à
sua natureza acidental e factual.
CORRÊA, Cristhian. Ciência com consciência – Edgar Morin. Disponível em: https://www.passeidireto.com/arquivo/18352956/cienciacom-consciencia-edgar-morin . Acesso em: 4 nov. 2018. Adaptado.
No fragmento “O século atual tem sido fecundo para a ciência, pois desafios novos são colocados à competência explicativa das teorias, hipóteses, premissas e leis fundadoras do pensamento científico moderno.
A relatividade de Einstein, a microfísica, a termodinâmica, a microbiologia têm ampliado o universo das indagações dos cientistas, que cada vez mais se veem confrontados com novas verdades e com incertezas sobre algumas verdades há muito estabelecidas.”, o argumento utilizado pela voz autoral é considerado