Leia o trecho a seguir para responder à questão:
Ontem falamos de você, e me lembrei daquela tarde tão distante em que nós dois, sem um tostão no bolso, desanimados e calados, vínhamos pela avenida. Parecia que os ventos da penúria sopravam contra nós. De repente, vimos aquela velhinha recebendo dinheiro. Você se lembra? Já estava escurecendo, mas ainda não tinham acendido as luzes, e paramos um instante na esquina de uma dessas ruas estreitas que cortam a avenida. No guichê de uma casa de câmbio e viagens, ainda aberta, uma velhinha recebia maços de notas grandes. Foi atulhando tudo, apressadamente, na bolsa; depois saiu, com um passo miúdo, entrou pela ruazinha, onde as casas do comércio atacadista já estavam fechadas. A velhinha andava a nossa frente, na noite quente. Naquela idade, para que a velhinha de vestido preto precisava de tanto dinheiro? Seria coisa de um segundo: arrancar a bolsa, tirar um daqueles maços de dinheiro. Nunca ninguém desconfiaria de nós – dois jornalistas pobres, mas de nome limpo.
(Rubem Braga, “A Velha”, no livro 200 crônicas escolhidas, p. 211. Texto adaptado.)
Assinale a alternativa que contém conotação: