TEXTO – INFÂNCIA ROUBADA
Não! O trabalho infantil não tem função formadora. Esse foi um mito criado para justificar a ausência de proteção da família e do Estado. É ingênuo acreditar que o ambiente de trabalho é adequado à formação de uma criança. O caráter de cada um de nós é forjado a partir de lições dadas no seio familiar e nos bancos de sala de aula.
Não se enganem: na maioria das vezes, aquele que contrata menores quer tão somente se valer da vulnerabilidade da criança e do adolescente para aproveitar-se dessa mão de obra barata, colocando em risco sua saúde e vida.
Nossas crianças não estão trabalhando em escritórios com ar condicionado e supervisão de profissionais treinados. Estão nas ruas, nos postos de gasolina, nas carvoarias, nos semáforos, nas oficinas mecânicas, no trabalho doméstico, nos estabelecimentos de lava a jato... expostas a toda sorte de violência moral, física e sexual. E o que há de formação nisso?
As verdadeiras lições que a criança retira do trabalho infantil são as de exclusão, de falta de perspectiva, de exploração mesmo. Lições essas que forma na verdade, uma criança revoltada, com baixa autoestima, pronta para, muitas vezes, afogar suas mágoas no mundo do crime organizado.
A construção de uma sociedade verdadeiramente solitária e cidadã pressupõe compaixão das gerações passadas para com as futuras, pressupõe que os adultos zelem pelos direitos de nossas crianças vulneráveis. A sociedade precisa se mobilizar, repudiar, e mesmo censurar aquele que se aproveita dessa mão de obra frágil.
Assim, lembrando do Dia Internacional de Combate ao Trabalho infantil (12 de junho), espera-se que nossa sociedade, em vez de compactuar com o trabalho de crianças e adolescentes, reivindique energicamente do Estado e das famílias o respeito ao direito a uma infância feliz, lúdica e com educação de qualidade.
Só assim, conseguiremos romper com ciclos de pobreza e empoderar nossas crianças do direito de construírem, futuramente, um projeto de vida próprio, calcado em um trabalho digno.
(SCHULZ, Suzane; BORGES, Vitor. Infância roubada. A Gazeta – Opinião, Vitória, 18 jun. 2015, p.17)
Ao produzir um texto, o autor estabelece determinados pressupostos presentes nas intenções que aparecem na superfície textual. Observe as assertivas:
I. Mostrar que o trabalho infantil não tem função formadora.
II. Expor que a construção de caráter do ser humano é papel da família e da escola.
III. Mostrar que o trabalho infantil leva, necessariamente, ao crime organizado.
IV. Expor que é papel da sociedade censurar condutas lesivas que se aproveitam da mão de obra infantil.
Assinale a alternativa correta.