Leia o texto a seguir para responder à questão.
'Festas de conserto' pregam o fim do desperdício e preservação
Movimento incentiva as pessoas a economizar e reduzir lixo eletrônico ao ensiná-las a reparar seus produtos em vez de jogá-los fora
Do “Financial Times”
Tradução de Paulo Migliacci
Quando foi a última vez que você consertou algo”?
A globalização nos propiciou produtos importados baratos, o que resultou em deflação de preços e em um ciclo de substituição curto.
Os produtos novos são tão baratos que em geral não compensa, em termos econômicos, pagar para que alguém os conserte caso quebrem. Com o tempo, perdemos gradualmente as capacidades transmitidas pelas gerações precedentes para o conserto de coisas quebradas. Mas a reação começou, como mostram as chamadas festas de “restart”.
O conceito desse movimento, que está em ascensão, é simples: “reparar o nosso relacionamento com os produtos eletrônicos”.
Pessoas levam impressoras, laptops, ventiladores, toca- discos antigos e outros aparelhos quebrados para “consertadores” voluntários, que mostram que seus objetos ainda poderiam durar anos, por meio de consertos simples. O objetivo das festas, organizadas pela empresa britânica Restart Project, não é só gerar economia de dinheiro como ajudar a salvar o planeta.
Os anfitriões das festas “restar” em todo o mundo já impediram que um total de cinco toneladas em aparelhos eletrônicos fossem jogadas no lixo. Isso impressiona — até que você descubra que a previsão para 2018 é que criemos 50 milhões de toneladas em resíduos, com aparelhos eletrônicos descartados.
Hoje em dia, há legiões de pessoas online ensinando como consertar as coisas, em lugar de jogá-las fora. Há até uma hashtag no Twitter, HSOS-Restart, que as pessoas empregam para publicar fotos de objetos com defeitos complicados, na esperança de obter conselhos da comunidade dos consertadores.
O site estadunidense iFixit.org se define como o manual de reparos grátis da internet, e seu conteúdo, com vídeos e manuais de instrução, ensina como fazer reparos. Os mais de 600 mil membros da comunidade exigem o “direito de consertar” as coisas que compram.
“Quando você paga por um produto, o fabricante não deveria ter o direito de ditar como você deve usá-lo”, o site afirma. “Mas é exatamente isso que alguns fabricantes tentam. É uma prática comum recusar o fornecimento de peças, ferramentas e instruções aos consumidores e pequenas oficinas de consertos.”
O iFixit afirma que isso alimenta a cultura do descarte. Mas reciclagem nem sempre é a resposta, diz o site. O argumento é que o imenso volume de resíduos de aparelhos elétricos torna a reciclagem insustentável em longo prazo “e muito menos ecológica do que alguns fabricantes gostariam de levá-lo a acreditar”.
Folha de S. Paulo, 20 ago. 2017, Mercado, p. A22. (Adaptado)
A interrogação que abre o texto - “Quando foi a última vez que você consertou algo?” - constitui, em termos de organização e progressão argumentativa, um exemplo de pergunta