Examine o cartum.
Contribui para o efeito de humor do cartum a seguinte figura de linguagem:
Leia o capítulo XLV do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, para responder a questão.
Abane a cabeça, leitor; faça todos os gestos de incredulidade. Chegue a deitar fora este livro, se o tédio já o não obrigou a isso antes; tudo é possível. Mas, se o não fez antes e só agora, fio que torne a pegar do livro e que o abra na mesma página, sem crer por isso na veracidade do autor. Todavia, não há nada mais exato. Foi assim mesmo que Capitu falou, com tais palavras e maneiras. Falou do primeiro filho, como se fosse a primeira boneca.
Quanto ao meu espanto, se também foi grande, veio de mistura com uma sensação esquisita. Percorreu-me um fluido. Aquela ameaça de um primeiro filho, o primeiro filho de Capitu, o casamento dela com outro, portanto, a separação absoluta, a perda, a aniquilação, tudo isso produzia um tal efeito, que não achei palavra nem gesto; fiquei estúpido. Capitu sorria; eu via o primeiro filho brincando no chão...
(Dom Casmurro, 2016.)
“Abane a cabeça, leitor; faça todos os gestos de incredulidade. Chegue a deitar fora este livro, se o tédio já o não obrigou a isso antes; tudo é possível.” (1º parágrafo)
Os termos sublinhados referem-se, respectivamente,
Leia o capítulo XLV do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, para responder a questão.
Abane a cabeça, leitor; faça todos os gestos de incredulidade. Chegue a deitar fora este livro, se o tédio já o não obrigou a isso antes; tudo é possível. Mas, se o não fez antes e só agora, fio que torne a pegar do livro e que o abra na mesma página, sem crer por isso na veracidade do autor. Todavia, não há nada mais exato. Foi assim mesmo que Capitu falou, com tais palavras e maneiras. Falou do primeiro filho, como se fosse a primeira boneca.
Quanto ao meu espanto, se também foi grande, veio de mistura com uma sensação esquisita. Percorreu-me um fluido. Aquela ameaça de um primeiro filho, o primeiro filho de Capitu, o casamento dela com outro, portanto, a separação absoluta, a perda, a aniquilação, tudo isso produzia um tal efeito, que não achei palavra nem gesto; fiquei estúpido. Capitu sorria; eu via o primeiro filho brincando no chão...
(Dom Casmurro, 2016.)
“Mas, se o não fez antes e só agora, fio que torne a pegar do livro e que o abra na mesma página, sem crer por isso na veracidade do autor.” (1º parágrafo)
Os termos sublinhados constituem, respectivamente,
Leia o soneto “Delgadas, claras águas do Mondego”, de Luís de Camões, para responder a questão.
Delgadas, claras águas do Mondego1,
Doce repouso de minha lembrança,
Adonde a falsa e pérfida esperança,
Longo tempo após si me trouxe cego:
De vós me aparto, mas porém não nego
Que a memória que de vós me alcança
Me não deixa de aqui fazer mudança,
Mas quanto mais me alongo, mais me achego.
Não quero de meus males outra glória
Senão que lhe mostreis em vossas águas
As dos meus olhos, com que os seus se banhem.
Já pode ser que com minha memória,
Vendo meus males, vendo minhas mágoas,
As suas com as minhas se acompanhem.
(Lírica, 1997.)
1 Mondego: nome de um rio em Portugal.
Em “De vós me aparto, mas porém não nego” (2º estrofe), o termo sublinhado é um verbo
Leia o soneto “Delgadas, claras águas do Mondego”, de Luís de Camões, para responder a questão.
Delgadas, claras águas do Mondego1,
Doce repouso de minha lembrança,
Adonde a falsa e pérfida esperança,
Longo tempo após si me trouxe cego:
De vós me aparto, mas porém não nego
Que a memória que de vós me alcança
Me não deixa de aqui fazer mudança,
Mas quanto mais me alongo, mais me achego.
Não quero de meus males outra glória
Senão que lhe mostreis em vossas águas
As dos meus olhos, com que os seus se banhem.
Já pode ser que com minha memória,
Vendo meus males, vendo minhas mágoas,
As suas com as minhas se acompanhem.
(Lírica, 1997.)
1 Mondego: nome de um rio em Portugal.
Verifica-se a elipse (supressão) do termo “águas” no verso:
Leia o trecho do livro Bilhões e bilhões, de Carl Sagan, para responder a questão.
Toda cultura tem o seu mito da criação – uma tentativa de compreender de onde veio o universo e tudo o que ele contém. Quase sempre esses mitos são pouco mais que histórias inventadas por contadores de história. Em nossa época, temos também um mito da criação. Mas está baseado em evidências científicas sólidas. Diz mais ou menos o seguinte...
Vivemos num universo em expansão, cuja vastidão e antiguidade estão além do entendimento humano. As galáxias que ele contém estão se afastando velozmente umas das outras, restos de uma imensa explosão, o Big Bang. Alguns cientistas acham que o universo pode ser um dentre um imenso número – talvez um número infinito – de outros universos fechados. Uns podem crescer e sofrer um colapso, viver e morrer, num instante. Outros podem se expandir para sempre. Outros ainda podem ser delicadamente equilibrados e passar por um grande número – talvez um número infinito – de expansões e contrações. O nosso próprio universo tem cerca de 15 bilhões de anos desde a sua origem ou, pelo menos, desde a sua presente encarnação, o Big Bang.
Talvez haja leis diferentes da natureza e formas diferentes de matéria nesses outros universos. Em muitos deles a vida talvez seja impossível, pois não há sóis nem planetas, nem mesmo elementos químicos mais complicados do que o hidrogênio e o hélio. Outros talvez tenham uma complexidade, diversidade e riqueza que eclipsam as nossas. Se esses outros universos existem, nunca seremos capazes de sondar seus segredos, muito menos visitá-los. Mas há muito a explorar no nosso.
O nosso universo é composto de algumas centenas de bilhões de galáxias, uma das quais é a Via Láctea. “A nossa galáxia” – como gostamos de chamá-la, embora ela certamente não nos pertença – é composta de gás, poeira e aproximadamente 400 bilhões de sóis. Um deles, num braço obscuro da espiral, é o Sol. Acompanhando o Sol em sua viagem de 250 milhões de anos ao redor do centro da Via Láctea, existe um séquito de pequenos mundos. Alguns são planetas, outros são luas, uns asteroides, outros cometas. Nós, humanos, somos uma das 50 bilhões de espécies que cresceram e evoluíram num pequeno planeta, o terceiro a partir do Sol, que chamamos Terra.
(Bilhões e bilhões, 2008. Adaptado.)
Verifica-se a intromissão do autor no texto em: