Observe a fragmentação do último parágrafo do texto.
X = uma vez que o símbolo ocupa o lugar de uma coisa que não está presente
Y = é por meio dele que nos relacionamos com o que está fisicamente ausente, seja o passado e o futuro, as coisas e as pessoas distantes espacialmente ou os entes criados pela fantasia e imaginação.
Assinale a alternativa que apresenta a relação estabelecida entre X e Y.
CONCEITO ANTROPOLÓGICO DE CULTURA
A espécie humana, não sendo biologicamente determinada para agir no mundo, conta, entretanto, com a capacidade de pensar sobre a realidade e de construir significados para a natureza, para o tempo e o espaço, bem como para os outros seres humanos e todas as suas obras. A essa construção simbólica, que vai guiar toda a ação humana, dá-se o nome de cultura. Cultura, portanto, é o modo como indivíduos e comunidades respondem às suas necessidades e aos seus desejos simbólicos.
A cultura, assim entendida, engloba a língua que falamos, as idéias de um grupo, as crenças, os costumes, os códigos, as instituições, as ferramentas, a arte, a religião, a ciência, enfim, todas as esferas da atividade humana. Mesmo as necessidades básicas da espécie – como a reprodução e a alimentação – são realizadas de acordo com regras, usos e costumes de cada cultura particular. O preparo dos alimentos, por exemplo, seguirá normas específicas para aqueles que são consumidos crus e para os que devem ser cozidos; o tipo de tempero que será usado; o que pode ser misturado em uma mesma refeição. O peixe é consumido cru na cultura japonesa, peruana e dinamarquesa; no nordeste do Brasil, o uso do coentro é mais comum do que a salsinha, como tempero; a cultura judaica ortodoxa proíbe que se misturem carnes com leite ou seus derivados, necessitando até de vasilhas separadas para guardá-los. Com a língua se dá algo semelhante. No Brasil, por exemplo, apesar de todos falarem português, cada região tem um vocabulário específico, que responde às necessidades comunicativas locais: aipim, mandioca e macaxeira são termos que designam o mesmo alimento, em regiões diferentes do país.
A função da cultura é tornar a vida segura e contínua para a sociedade humana. Ela é o “cimento” que dá unidade a um certo grupo de pessoas que divide os mesmos usos e costumes, os mesmos valores.
Desse ponto de vista, portanto, podemos dizer que tudo o que faz parte do mundo humano é cultura e que todos nós somos cultos, pois dominamos a cultura do nosso grupo, seja ele urbano ou rural, indígena ou de outra etnia, de uma ou de outra crença religiosa ou de qualquer outro tipo. Na verdade, não há distinção hierárquica entre as culturas, uma vez que, como já dissemos, cada uma responde às necessidades e aos desejos simbólicos do grupo. Quando essas necessidades são complexas, a cultura também é complexa; quando as necessidades são mais básicas, a cultura é menos complexa.
Segundo Marilena Chaui, o momento da separação entre natureza e cultura é o do surgimento da lei humana, em substituição à lei natural. “A lei humana é um imperativo social que organiza toda a vida dos indivíduos e da comunidade, determinando o modo como são criados os costumes, como são transmitidos de geração em geração, como fundam as instituições sociais (religião, família, formas de trabalho, guerra e paz, distribuição das tarefas, formas de poder etc.). A lei não é uma simples proibição para certas coisas e obrigação para outras, mas é a afirmação de que os humanos são capazes de criar uma ordem de existência que não é simplesmente natural (física ou biológica). Esta ordem é a ordem simbólica.”
Uma vez que o símbolo ocupa o lugar de uma coisa que não está presente, é por meio dele que nos relacionamos com o que está fisicamente ausente, seja o passado e o futuro, as coisas e as pessoas distantes espacialmente ou os entes criados pela fantasia e imaginação.
(ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de filosofia. 3 ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 2005, p. 21-22.
As idéias do primeiro período do texto giram em torno da oposição entre as expressões
CONCEITO ANTROPOLÓGICO DE CULTURA
A espécie humana, não sendo biologicamente determinada para agir no mundo, conta, entretanto, com a capacidade de pensar sobre a realidade e de construir significados para a natureza, para o tempo e o espaço, bem como para os outros seres humanos e todas as suas obras. A essa construção simbólica, que vai guiar toda a ação humana, dá-se o nome de cultura. Cultura, portanto, é o modo como indivíduos e comunidades respondem às suas necessidades e aos seus desejos simbólicos.
A cultura, assim entendida, engloba a língua que falamos, as idéias de um grupo, as crenças, os costumes, os códigos, as instituições, as ferramentas, a arte, a religião, a ciência, enfim, todas as esferas da atividade humana. Mesmo as necessidades básicas da espécie – como a reprodução e a alimentação – são realizadas de acordo com regras, usos e costumes de cada cultura particular. O preparo dos alimentos, por exemplo, seguirá normas específicas para aqueles que são consumidos crus e para os que devem ser cozidos; o tipo de tempero que será usado; o que pode ser misturado em uma mesma refeição. O peixe é consumido cru na cultura japonesa, peruana e dinamarquesa; no nordeste do Brasil, o uso do coentro é mais comum do que a salsinha, como tempero; a cultura judaica ortodoxa proíbe que se misturem carnes com leite ou seus derivados, necessitando até de vasilhas separadas para guardá-los. Com a língua se dá algo semelhante. No Brasil, por exemplo, apesar de todos falarem português, cada região tem um vocabulário específico, que responde às necessidades comunicativas locais: aipim, mandioca e macaxeira são termos que designam o mesmo alimento, em regiões diferentes do país.
A função da cultura é tornar a vida segura e contínua para a sociedade humana. Ela é o “cimento” que dá unidade a um certo grupo de pessoas que divide os mesmos usos e costumes, os mesmos valores.
Desse ponto de vista, portanto, podemos dizer que tudo o que faz parte do mundo humano é cultura e que todos nós somos cultos, pois dominamos a cultura do nosso grupo, seja ele urbano ou rural, indígena ou de outra etnia, de uma ou de outra crença religiosa ou de qualquer outro tipo. Na verdade, não há distinção hierárquica entre as culturas, uma vez que, como já dissemos, cada uma responde às necessidades e aos desejos simbólicos do grupo. Quando essas necessidades são complexas, a cultura também é complexa; quando as necessidades são mais básicas, a cultura é menos complexa.
Segundo Marilena Chaui, o momento da separação entre natureza e cultura é o do surgimento da lei humana, em substituição à lei natural. “A lei humana é um imperativo social que organiza toda a vida dos indivíduos e da comunidade, determinando o modo como são criados os costumes, como são transmitidos de geração em geração, como fundam as instituições sociais (religião, família, formas de trabalho, guerra e paz, distribuição das tarefas, formas de poder etc.). A lei não é uma simples proibição para certas coisas e obrigação para outras, mas é a afirmação de que os humanos são capazes de criar uma ordem de existência que não é simplesmente natural (física ou biológica). Esta ordem é a ordem simbólica.”
Uma vez que o símbolo ocupa o lugar de uma coisa que não está presente, é por meio dele que nos relacionamos com o que está fisicamente ausente, seja o passado e o futuro, as coisas e as pessoas distantes espacialmente ou os entes criados pela fantasia e imaginação.
(ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de filosofia. 3 ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 2005, p. 21-22.
Assinale a alternativa que apresenta, respectivamente, os valores semânticos dos conectores destacados nos fragmentos a seguir.
“A espécie humana, não sendo biologicamente determinada para agir no mundo, conta, entretanto (1), com a capacidade de pensar sobre realidade e de construir significados para a natureza, para o tempo e o espaço, bem como (2) para os outros seres humanos e todas as suas obras”
“No Brasil, por exemplo, apesar de (3) todos falarem português, cada região tem um vocabulário específico, que responde às necessidades comunicativas locais...”
CONCEITO ANTROPOLÓGICO DE CULTURA
A espécie humana, não sendo biologicamente determinada para agir no mundo, conta, entretanto, com a capacidade de pensar sobre a realidade e de construir significados para a natureza, para o tempo e o espaço, bem como para os outros seres humanos e todas as suas obras. A essa construção simbólica, que vai guiar toda a ação humana, dá-se o nome de cultura. Cultura, portanto, é o modo como indivíduos e comunidades respondem às suas necessidades e aos seus desejos simbólicos.
A cultura, assim entendida, engloba a língua que falamos, as idéias de um grupo, as crenças, os costumes, os códigos, as instituições, as ferramentas, a arte, a religião, a ciência, enfim, todas as esferas da atividade humana. Mesmo as necessidades básicas da espécie – como a reprodução e a alimentação – são realizadas de acordo com regras, usos e costumes de cada cultura particular. O preparo dos alimentos, por exemplo, seguirá normas específicas para aqueles que são consumidos crus e para os que devem ser cozidos; o tipo de tempero que será usado; o que pode ser misturado em uma mesma refeição. O peixe é consumido cru na cultura japonesa, peruana e dinamarquesa; no nordeste do Brasil, o uso do coentro é mais comum do que a salsinha, como tempero; a cultura judaica ortodoxa proíbe que se misturem carnes com leite ou seus derivados, necessitando até de vasilhas separadas para guardá-los. Com a língua se dá algo semelhante. No Brasil, por exemplo, apesar de todos falarem português, cada região tem um vocabulário específico, que responde às necessidades comunicativas locais: aipim, mandioca e macaxeira são termos que designam o mesmo alimento, em regiões diferentes do país.
A função da cultura é tornar a vida segura e contínua para a sociedade humana. Ela é o “cimento” que dá unidade a um certo grupo de pessoas que divide os mesmos usos e costumes, os mesmos valores.
Desse ponto de vista, portanto, podemos dizer que tudo o que faz parte do mundo humano é cultura e que todos nós somos cultos, pois dominamos a cultura do nosso grupo, seja ele urbano ou rural, indígena ou de outra etnia, de uma ou de outra crença religiosa ou de qualquer outro tipo. Na verdade, não há distinção hierárquica entre as culturas, uma vez que, como já dissemos, cada uma responde às necessidades e aos desejos simbólicos do grupo. Quando essas necessidades são complexas, a cultura também é complexa; quando as necessidades são mais básicas, a cultura é menos complexa.
Segundo Marilena Chaui, o momento da separação entre natureza e cultura é o do surgimento da lei humana, em substituição à lei natural. “A lei humana é um imperativo social que organiza toda a vida dos indivíduos e da comunidade, determinando o modo como são criados os costumes, como são transmitidos de geração em geração, como fundam as instituições sociais (religião, família, formas de trabalho, guerra e paz, distribuição das tarefas, formas de poder etc.). A lei não é uma simples proibição para certas coisas e obrigação para outras, mas é a afirmação de que os humanos são capazes de criar uma ordem de existência que não é simplesmente natural (física ou biológica). Esta ordem é a ordem simbólica.”
Uma vez que o símbolo ocupa o lugar de uma coisa que não está presente, é por meio dele que nos relacionamos com o que está fisicamente ausente, seja o passado e o futuro, as coisas e as pessoas distantes espacialmente ou os entes criados pela fantasia e imaginação.
(ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de filosofia. 3 ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 2005, p. 21-22.
No fragmento “Ela [a cultura] é o ‘cimento’ que dá unidade a um certo grupo de pessoas que divide os mesmos usos e costumes, os mesmos valores”, há a seguinte figura de linguagem:
Leia o fragmento do texto constitucional que trata da cultura para responder à questão.
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.
§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afrobrasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.
§ 2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais.
§ 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do País e à integração das ações do poder público que conduzem à:
I defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro;
II produção, promoção e difusão de bens culturais;
III formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas dimensões;
IV democratização do acesso aos bens de cultura;
V valorização da diversidade étnica e regional.
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artísticoculturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
A noção de cultura que permeia os artigos 215 e 216 do texto constitucional só NÃO engloba
Comunidária
(Gilberto Gil)
Eu sei
E você sabe
Ele, sim, sabe também
O que é sofrer
O que é chorar
O que é precisar de alguém
Eu sei
E você sabe
Se não sabe, há de saber
Quem nunca precisou de alguém
Ainda está pra nascer
E assim que nascer
Logo precisará
Da mãe, da mamadeira
Da enfermeira ou da babá
De braço em braço, berço em berço
E na hora de andar
De falar, de correr, de aprender a ler
De sonhar
Por todo esse caminho
De pequenino a doutor
Pra nunca precisar de alguém
Vai ter que já nascer robô
Sem alma, sem cabeça, sem amor, sem coração
E ainda assim precisará
De alguém pra lhe dar uma mão
Na hora de apertar o parafuso que soltou
Eu sei e você sabe
Quem não sabe não mamou
Eu sei e você sabe
Quem não sabe não mamou
Nem mamou
(Disponível em: http://letras.terra.com.br/gilberto-gil/574304/. Acesso em: 14 de dez. 2009)
O texto de Gilberto Gil permite inferir que