Questões de Português - Gramática - Pontuação - Aspas
Viver no Brasil está insuportável. Sempre penso duas vezes antes de fazer esta afirmativa. Tenho trabalho. Tenho um teto seguro e, apesar de tudo, planos para o futuro.
Tenho também olhos extremamente atentos a tudo que se passa ao meu redor. Penso que é impossível ter uma vida tranquila, em paz, em meio a tanta miséria, violência e desrespeito. Sinto que vivemos em uma atmosfera que nos leva ao cansaço, ao abatimento, à exaustão. No noticiário, todo dia é a mesma coisa. Tudo se repete. Falas e ações cuja única finalidade é reafirmar a destruição e o desprezo pela vida humana, como política de governo, estampam as principais manchetes. Como sobreviver à inflação, aos aumentos incessantes no supermercado, na farmácia, nos postos de combustíveis?
Nessa luta para não “morrer de Brasil”, na noite de quinta-feira, atravessei a cidade e fui em busca de um refresco ao som da bateria do bloco Volta Belchior, que há alguns anos, durante o carnaval, faz um cortejo nas proximidades do tradicional bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte, entoando músicas do cantor e compositor cearense, morto em abril de 2017.
Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/opiniao/por-umanoite-belchior-me-salvou-do-brasil/. Acesso em: 19 mar. 2022.
A expressão entre aspas no último parágrafo tem como objetivo
Texto
“Slam” é voz de identidade e resistência dos poetas contemporâneos
A poesia falada e apresentada para
grandes plateias não é um fato novo,
porém, a grande diferença é que hoje a
poesia falada se apresenta para o povo e
[150] não para uma elite — estamos falando da
poesia slam. Essa palavra surgiu em
Chicago, em 1984, e hoje a poetry slam,
como é chamada, é uma competição de
poesia falada que traz questões da
[155] atualidade para debate. slam é uma
expressão inglesa cujo significado se
assemelha ao som de uma “batida” de porta
ou janela, “algo próximo do nosso ‘pá!’ em
língua portuguesa”, explica Cynthia Agra de
[160]Brito Neves, em artigo recém-publicado na
revista Linha D’Água. Nas apresentações de
slam o poeta é performático e só conta com
o recurso de sua voz e de seu corpo.
A poetry slam, também chamada
[165] “batalha das letras”, tornou-se, além de um
acontecimento poético, um movimento
social, cultural e artístico no mundo todo,
um novo fenômeno de poesia oral em que
poetas da periferia abordam criticamente
[170] temas como racismo, violência, drogas,
entre outros, despertando a plateia para a
reflexão, tomada de consciência e atitude
política em relação a esses temas. Os
campeonatos de poesias passam por etapas
[175] ao longo do ano, de fevereiro a novembro,
são compostos de três rodadas e o
vencedor, escolhido por cinco jurados da
plateia, é premiado com livros e participa
do Campeonato Brasileiro de Slam (Slam
[180] Br). O poeta vencedor dessa etapa
competirá na Copa do Mundo de Slam,
realizada todo ano em dezembro, na
França.
Os campeonatos de slam no Brasil
[185] foram introduzidos por Roberta Estrela
D’Alva, a slammer (poetisa) brasileira mais
conhecida pela mídia e que conquistou o
terceiro lugar na Copa do Mundo de Poesia
Slam 2011, em Paris. Outra presença
[190] expressiva no assunto é Emerson Alcalde,
fundador do Slam da Guilhermina,
entrevistado pela autora em maio deste ano
na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas (FFLCH) da USP. Segundo ele,
[195] “promover a poesia oral, falar poesias, ler,
escrever, promover batalhas de
performances poéticas, é transformar os
slams em linguagem” e, pensando nisso,
levou o slam às escolas, pois “poesia é
[200] educação”.
(...) O slam é um grito, atitude de
“reexistência”, termo criado com a fusão
das palavras existência e resistência, de
acordo com a professora Ana L. S. Souza. O
[205] artigo ressalta também a importância de se
levar os slams para as escolas, na medida
em que forma alunos leitores e escritores
conscientes, dispostos a reivindicarem
mudanças educacionais e sociais.
[210] É fundamental o papel da escola na
disseminação dos “slams”, pois por meio
deles os alunos expressam “seus modos de
existir” e suas reivindicações por “uma
cultura jovem, popular, negra e pobre, de
[215] moradores da periferia, bem diferentes do
gosto canônico, branco e de classe média”.
Ao recriarem a cultura oficialmente escolar
letrada, esses alunos se tornam “agentes de
letramentos de reexistência”, e os slams,
[220] dessa maneira, são seus porta-vozes, pelos
quais demonstram sua revolta, sua
identidade e resistência. A autora finaliza
afirmando que “é preciso resistir para
existir. Poesia é reexistência”, enfatizando o
[225] desafio com que se deparam as escolas
diante dessa nova poesia contemporânea.
Adaptado de NEVES, Cynthia Agra de Brito. “Slam” é voz de identidade e resistência dos poetas contemporâneos. Disponível em https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-humanas/slam-evoz-de-identidade-e-resistencia-dos-poetascontemporaneos/ Acesso em 14 de setembro de 2021.
Atente para o seguinte trecho: “‘promover a poesia oral, falar poesias, ler, escrever, promover batalhas de performances poéticas, é transformar os slams em linguagem’ e, pensando nisso, levou o slam às escolas, pois ‘poesia é educação’” (linhas 195-200).
Quanto ao uso das aspas, é correto afirmar que indica
TEXTO:
Mudar o mundo
Há uma divindade que todos cultuam sem que
cheguem mesmo a se dar conta. Convém nomear
essa divindade laica: trata-se do mercado, das leis
draconianas do mercado. Essa nova divindade
[5] laica tem seus templos, sacerdotes e espaço da
demonização, da perseguição atroz e do “satanismo”;
de um lado, as grandes lojas de departamento, as
agências bancárias e a simpatia artificial de todos os
atendentes; de outro, os processos, a perseguição
[10] implacável, o protesto, a negativação, etc. Estar em
bons termos com o mercado é o “paraíso”. Paraíso
das compras de quinquilharias que a propaganda
tornou necessárias, do crédito fácil e simplificado. Ter
dificuldades com o mercado é o “inferno”. Inferno da
[15] cobrança, da ausência de crédito e, no limite, o
processo por inadimplência — cada dia mais comum
nestes tempos de crise interminável. E daí se os
interesses da Nação brasileira contrariam o mercado
internacional? A grande divindade, vale a redundância,
[20] é o mercado, não a pátria ou a nação, seja ela qual
for nestes tempos de globalização. Quando interesses
nacionais se conflitam com o mercado globalizado,
privilegia-se o mercado. Nada para a Nação! Família?
Só se contemplar o mercado. Sem mercado não há
[25] família. Pais desempregados — coisa trivialíssima nos
dias que correm —, aliás, incompetentes para trocar
sua força de trabalho por dinheiro, não conseguem
manter uma família. Não têm sido raros os casos
de alcoolismo, quando não de violência doméstica
[30] nestes tempos de crise. Nietzsche disse: “Por toda
a parte vejo portas mais baixas. Quem é de minha
estatura pode ainda passar, mas tem de abaixar-
se!”? Triste verdade. Quem não se enquadrar às
normas da máquina tecnoburocrática que criamos
[35] se verá marginalizado ou morto. Ou o homem
contemporâneo torna-se escravo da máquina ou
sucumbe. É preciso travar esse progressismo vago
sem finalidades humanas. É preciso que todos voltem
a perceber que a máquina deve passar a servir ao
[40] humano, deixando de servir-se dele, e isso é urgente!!
CHAVES, Lázaro Curvêlo. In: O Estado de S. Paulo, s.d.
Sobre a pontuação usada no texto, pode-se afirmar:
Texto
Mudança climática ameaça Himalaia
Desde o início do século, as geleiras têm perdido quase meio metro de gelo ao ano — o dobro do derretimento de 1975 a 2000
O aquecimento global tem ameaçado, em escala preocupante, as geleiras do Himalaia – mais alta cadeia de montanhas do planeta, onde fica a mais alta delas, o Everest –, alerta novo estudo publicado na revista Science Advances. Desde o início do século, as geleiras têm perdido quase meio metro de gelo ao ano – o dobro do derretimento de 1975 a 2000.
O trabalho é de cientistas da Universidade de Columbia (EUA). Estendendo-se por 2 mil quilômetros e concentrando 600 bilhões de toneladas de gelo, o Himalaia é, muitas vezes, chamado de “terceiro polo”. As geleiras desse conjunto de montanhas contribuem com o abastecimento de água de cerca de 800 milhões de pessoas. Nos últimos anos, revela o estudo, as geleiras perderam 8 bilhões de toneladas de água anualmente.
Tamanha perda já ameaça o abastecimento em toda a Ásia, onde a água de geleiras é usada não só para beber, mas também para a irrigação e para a geração de energia. Há ainda risco mais imediato de inundações, segundo explicou o principal autor do estudo, Joshua Maurer. “Conforme o gelo derrete, se formam enormes lagos que já estão afetando as comunidades locais”, disse o pesquisador. “Se entrarem em colapso, podem causar inundações graves, com consequências severas para as comunidades”.
Os cientistas revisaram 40 anos de observações via satélite na Índia, na China, no Nepal e no Butão. O grupo constatou a rápida retração das geleiras desde 2000 em razão de um aumento médio de temperatura de 1°C na região.“Este é um dos retratos mais claros da situação vistos até agora sobre a rapidez do derretimento da cobertura de gelo do Himalaia”. “O aquecimento da atmosfera parece, realmente, ser a principal razão para a perda de gelo”. afirmou Joshua Maurer à rede de TV americana CNN.
Na última semana, a imagem de um trenó de gelo puxado por cães no meio da água se espalhou pelas redes sociais e também se tornou um símbolo dos efeitos do aquecimento global. Segundo o cientista do Instituto de Meteorologia da Dinamarca Steffen Olsen, que fez a foto no dia 13, nesta época do ano, a região ainda estaria completamente coberta de gelo. No Twitter, Olsen lembrou que as comunidades da região dependem do gelo “para transporte, caça e pesca”.
De acordo com cientistas, a Groenlândia perdeu 40% de sua cobertura de gelo em apenas um dia – movimento atípico para esta época do ano. Normalmente, a maior parte do degelo sazonal na região costuma ser no mês de julho.
Texto adaptado para fins pedagógicos. Disponível em: https://exame.abril.com.br/mundo/mudanca-climatica-ameaca-himalaia/ Acesso em 14 ago de 2019.
Considere os trechos, retirados do Texto, para responder à questão.
Estendendo-se por 2 mil quilômetros e concentrando 600 bilhões de toneladas de gelo, o Himalaia é muitas vezes chamado de “terceiro polo”.
No Twitter, Olsen lembrou que as comunidades da região dependem do gelo “para transporte, caça e pesca”.
As aspas foram usadas para
LIKES ESCONDIDOS NO INSTAGRAM NÃO VÃO AUMENTAR A AUTOESTIMA DE NINGUÉM
Descartando-se o sempre pulsante noticiário político, a principal novidade da semana talvez tenha sido uma nova política do Instagram, batizada manchetes afora de “fim dos likes” — ou das curtidas. Não é bem verdade que os likes acabaram, eles apenas estão escondidos dos nossos seguidores. Mas podemos, a qualquer momento, descobrir o alcance de uma foto ou vídeo postados por nós mesmos.
Primeiro problema, portanto: continuamos sabendo se bombamos ou “flopamos”. E podemos continuar cultivando a ideia imaginária de sucesso ou fracasso a partir de como lemos nossas estatísticas do coraçãozinho vermelho.
No entanto, a empresa afirma que a estratégia, ainda em fase de testes, tem o propósito de permitir que os seguidores se concentrem mais nos conteúdos do que em sua repercussão.
Ora, como? Seria revolucionário mesmo se as curtidas sumissem de vez. O que seria de nós ao postar uma foto e não ter pistas sobre sua aprovação ou reprovação? Seríamos mais livres de autocensura? Talvez o eterno enigma sobre o que pensam os outros nos tornasse mais criativos.
A história fica ainda mais confusa quando acessamos os Stories e continua lá o desenho de um olhinho seguido pelo número de visualizadores de cada capítulo da nossa trama cotidiana. Acho tão perturbador quanto, por exemplo, o coração de um ex numa foto (ou a falta dele), saber quem se interessa minimamente pela nossa vida (e por qual motivo) e, principalmente, quem não dá a menor bola para o que comemos no almoço, o novo corte de cabelo ou as fotos de férias.
Seja qual for o cenário, seguimos enganchados pelo olhar alheio, ao qual respondemos desde o nascer. As redes sociais só escancaram essa operação psíquica, e o Instagram, convém lembrar, foi a plataforma que nasceu unicamente suportada pela imagem (mas quem passou dos 30, como eu, deve se lembrar do saudoso Fotolog).
Em psicanálise, especialmente a proposta por Jacques Lacan, um dos fiéis leitores de Freud, o sujeito se constitui a partir de um olhar externo. Uma linguagem alheia. Uma família antecipa a chegada do bebê nas palavras que diz e no que imagina sobre ele. Funda-se algo aí. Uma mãe ou um pai olham o recém-nascido para compreender o que deseja o ser que ainda não fala. Ou seja, somos algo porque primeiro somos olhados e adivinhados por alguém. Não há escapatória. Estaremos neuroticamente fadados a repetir essa dança durante toda a vida, de maneiras mais ou menos sintomáticas. Mais ou menos sofridas.
O Instagram é só mais um jeito de sermos olhados e, sobretudo, de buscar esse olhar. Não é a rede que nos torna mais ansiosos, com autoestima em baixa, achando a vida pouco colorida em comparação com as demais vidas da timeline. A imagem é nosso problema essencial, dentro ou fora da tela do celular. É com ela que temos de lidar, mesmo que as curtidas estejam escondidas. A gente continua sempre sabendo onde o calo aperta.
Fonte: Anna Carolina Lementy, O Globo, em 19.07.2019. Coluna “Celina”.
O texto, nos dois primeiros parágrafos, utiliza duas expressões entre aspas.
Assinale a alternativa CORRETA para tal utilização.
Leia o texto.
[…] a fisionomia de José Maria estava tão transtornada que o padre, também de pé, começou a recuar, trêmulo e pálido. “Não, miserável! não! tu não me fugirás!” bradava José Maria, investindo para ele. Tinha os olhos esbugalhados, as têmporas latejantes; o padre ia recuando… recuando…
Machado de Assis
Identifique abaixo as afirmativas verdadeiras ( V ) e as falsas ( F ).
( ) As aspas foram usadas para indicar a fala de um personagem.
( ) José Maria era o nome do padre que estava trêmulo e pálido.
( ) Na frase: “Não, miserável!”, a vírgula foi usada para separar um vocativo.
( ) A vírgula antes de “investindo” é optativa.
( ) José Maria estava de pé.
( ) Em “tu não me fugirás”, o emprego do tempo verbal indica uma ação certa a acontecer; é, pois, o futuro do presente do indicativo.
Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo.
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