Questões de Português - Gramática - Sintaxe - Orações coordenadas
TEXTO
Inteligência artificial: por um novo consenso universal
Urge que o tema seja alçado à condição de pauta global, juntamente com a proteção ao meio ambiente ou o combate às desigualdades econômicas
Rodrigo Azevedo
21 de maio de 2023
1 A recente popularização de ferramentas baseadas em inteligência artificial generativa,
capazes de criar conteúdos como textos ou imagens a partir de conjuntos de dados pré-existentes, e
de interagir com e como seres humanos, tem causado euforia e perplexidade. De um lado, projetam-
se ganhos de produtividade, avanços em pesquisas científicas e na resolução de problemas em níveis
até então inimagináveis. De outro, evidenciam-se preocupações que vão além da perda de postos de
trabalho, passando por vieses algorítmicos passíveis de causar discriminação e pela disseminação de
conteúdos falsos de difícil identificação, construídos artificialmente a partir de fontes não fidedignas.
2 Já no curto prazo, por exemplo, a crescente polarização e ruptura social poderia ser
acelerada a partir de notícias, imagens ou vídeos realistas, gerados artificialmente a partir de conteúdos
falsos. No longo prazo, segundo muitos, a própria humanidade estaria em risco, seja por força do caos
gerado por esses novos contextos, seja mesmo pelo desenvolvimento de uma consciência artificial.
3 Nesse cenário, recentemente algumas das mais notórias lideranças em inteligência artificial
surpreenderam o mundo ao publicar carta propondo a interrupção temporária de novos
desenvolvimentos nesse campo, a fim de viabilizar a criação de protocolos comuns de segurança, de
meios de distinguir a inteligência humana da artificial e de um ecossistema regulatório eficiente.
4 A carta parece ingênua ao postular uma pausa no que é imparável: o avanço tecnológico.
Aliás, nem mesmo a sociedade pode abdicar de um atraso em usufruir dos benefícios dessa inovação,
especialmente na disseminação do conhecimento e na aceleração de pesquisas em áreas como a
saúde. Mas o manifesto acerta ao formular apelo pela construção de princípios e referenciais éticos
que sirvam como amarras sociais minimamente eficientes frente ao que ainda está por vir.
5 Esse último papel é normalmente exercido pelo Direito. Quando a sociedade é impactada
por uma grande inovação tecnológica ou modificação na forma como as pessoas se relacionam, a
ausência de regras vigora durante um certo tempo, até que o legislador intervenha, determinando as
práticas a serem estimuladas, proibidas ou, até mesmo, criminalizadas.
6 Desta vez, contudo, o desafio é maior do que o habitual. Apesar de proliferarem audiências
públicas e projetos legislativos nacionais para a normatização das fake news e da própria inteligência
artificial, por exemplo, os riscos associados a esta última tecnologia desconhecem fronteiras, tornando
essa abordagem territorial absolutamente ineficaz.
7 Urge, então, que o tema seja alçado à condição de pauta global, juntamente com a proteção
ao meio ambiente, o combate às desigualdades econômicas ou as crises sanitárias, dentre outros. É
chegado o momento de se buscar um novo – e difícil – consenso universal mínimo acerca de direitos
e responsabilidades, mas também quanto aos valores essenciais da humanidade frente à inteligência
artificial.
8 Apesar do seu inegável protagonismo, a resposta, para tanto, não estará somente no direito,
mas na filosofia, na sociologia, na psicologia e até mesmo nas artes: na compreensão do que nos faz
verdadeiramente humanos e que viabilizará o convívio pacífico em sociedade, sem abdicar do
desenvolvimento tecnológico.
Rodrigo Azevedo é sócio coordenador da Área de Propriedade Intelectual e Direito Digital de Silveiro
Advogados, LL.M. em Propriedade Intelectual pela Universidade de Turim (Itália) e Organização
Mundial da Propriedade Intelectual, Data Protection Officer certificado pelo European Institute of Public
Administration – EIPA, Maastricht, Holanda e formação em Propriedade Intelectual pela Universidade
de New Hampshire e em Gestão de Crise pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), Estados
Unidos.
Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/ensaio/2023/05/21/Intelig%C3%AAncia-artificial-por-um-novoconsenso-universal. Acesso em: 01 de set. de 2023.
No trecho “Nesse cenário, recentemente algumas das mais notórias lideranças em inteligência artificial surpreenderam o mundo ao publicar carta propondo a interrupção temporária de novos desenvolvimentos nesse campo.” (3º parágrafo), a oração destacada estabelece com a oração anterior uma relação semântica de
Leia o texto para responder à próxima questão.
Caráter.
(Eliana Sousa Sicsú).
“O caráter é a expressão mais exata da sua pessoa, sem máscaras, sem fingimentos ou aparências: o seu verdadeiro ser interior.”
O termo “caráter” procede do grego e significa literalmente “estampa”, “impressão”, “gravação”, “sinal”, “marca”, ou “reprodução exata”. Quais princípios, valores e sentimentos estão impressos nas suas atitudes?
Caráter é a “marca” pessoal de uma pessoa. O “sinal” que a distingue dos outros e pelo qual o indivíduo define o seu estilo, a sua maneira de ser, de sentir e de reagir. Também pode ser definido como o conjunto das qualidades boas, ou más de um indivíduo, que determina sua conduta em relação a Deus, a si mesmo e ao próximo. O caráter, não apenas define quem o homem é, mas também descreve o estado moral do homem.
O caráter é distinto do temperamento e da personalidade, embora esteja relacionado a eles. O temperamento refere-se ao estado de humor e às reações emocionais de uma pessoa – o modo de ser. A personalidade envolve a emoção, vontade e inteligência de uma pessoa – aquilo que o indivíduo é. O caráter, influenciado pelo temperamento e personalidade, é o conjunto das qualidades boas, ou más de um indivíduo, que lhe determina a conduta – como a pessoa age.
O caráter é a forma mais externa e visível da personalidade. Segundo Aristóteles, a disposição moral (caráter) é adquirida, ou formada no indivíduo pela prática. Afirma um antigo provérbio que ao “semear um hábito, o indivíduo colhe um caráter”. O caráter, segundo a sabedoria dos antigos, é o resultado de um hábito interiorizado, aprendido através do exercício contínuo das virtudes, ou dos vícios. Não deve ser confundido com as paixões, como a ira, os desejos, o ódio, muito menos com as faculdades, como a razão, a emoção, ou a vontade, pois estas categorias são naturais, próprias do ser.
Mediante o temperamento, a personalidade e o caráter, o indivíduo afirma sua autonomia e passa a ter consciência de si mesmo como ser humano e também que tipo de pessoa é. Esta descoberta existencial é um processo contínuo.
Há uma relação direta entre hábitos e caráter. “…o tipo de vida que desejamos depende do tipo de pessoa que somos – depende de nosso caráter.” Não é o que temos, ou as técnicas que empregamos, que nos tornam bem sucedidos. É quem nós somos. Os hábitos mais importantes são os que envolvem nossas relações com nossos deuses, conosco, com as pessoas e com o resto do mundo. Pessoas de princípios nobres e de bom caráter têm hábitos como integridade, interesse pelos outros, generosidade, solidariedade, confiabilidade. Bons hábitos fazem a diferença em tudo que fazemos.
Então, você tem escolha. Mentir, ou falar a verdade. Ser desonesto, ou ser honesto, ainda que pagando um preço. Assumir responsabilidade por sua vida, ou viver vitimizado. Agir com sabedoria, ou reagir impulsivamente. Amar, ou odiar. Perdoar, ou guardar ressentimentos. Ser uma pessoa confiável, ou falsa. Ser ético no falar, ou ser fofoqueiro. Ter palavras que edificam, ou ter uma linguagem destrutiva. Investir amor e atenção na família, ou ignorá-la. Você tem escolhas. Suas escolhas definem seu caráter.”
Ainda no texto, o período “Mediante o temperamento, a personalidade e o caráter, o indivíduo afirma sua autonomia e passa a ter consciência de si mesmo como ser humano e também que tipo de pessoa é.”, a oração grifada é:
Leia o texto a seguir para responder a questão.
A biotecnologia e sua influência na vida dos seres humanos
Certos domínios do conhecimento existem há séculos, como a Matemática, a Astronomia, etc.; outros, como a Computação, tem seu desenvolvimento oriundo de épocas mais recentes. A questão, entretanto, é que as grandes descobertas da história são baseadas na junção de duas ou mais dessas grandes áreas. Uma dessas junções criou a área conhecida hoje como Biotecnologia.
Uma das possíveis definições para Biotecnologia é: “qualquer aplicação tecnológica que faça o uso de conhecimentos sobre os processos biológicos e sobre as propriedades dos seres vivos, com o fim de resolver problemas e criar produtos de utilidade”. Em outras palavras, estudos e desenvolvimentos nessa área usam os conhecimentos existentes na biologia, unidos ao aspecto tecnológico, para criar novos produtos e serviços, como plantas transgênicas, clonagem, desenvolvimento de vacinas, criação de órgãos artificiais e implantes, entre inúmeros outros.
Durante a Campus Party Brasil 2013 foi possível saber mais sobre o assunto através de palestras como a de “Biologia Sintética: hackeando organismos vivos”, ministrada pelos Professores Dr. Carlos Hotta e Dr. Mateus Schreiner Garcez Lopes, e na qual foi apresentada uma breve explicação sobre a Biologia Sintética, uma das muitas vertentes da Biotecnologia. Para explicá-la, o palestrante fez uma associação com a programação de computadores. Da fala do palestrante, entendemos que assim como nós, estudantes de Sistemas de Informação, que escrevemos linhas de código para criar programas, na Biologia Sintética “programa-se” organismos vivos por meio da modificação do código genético.
Na palestra foram mostrados também alguns exemplos de pesquisas sobre como a Biologia Sintética pode trazer benefícios aos seres humanos: modificar células de peixe de modo que seja possível fazer fotossíntese e, assim não seria necessário alimentálos, diminuindo os gastos para a piscicultura; modificar as células de um indivíduo já infectado com o vírus HIV, impedindo que a doença se desenvolva; e alterar a genética de fungos para que estes consigam identificar se bebidas alcoólicas estão “adulteradas” (se estão com maior teor alcoólico que o indicado). [...]
Hoje sabemos que temos a capacidade e o costume de manipular informações (fotos, vídeos, textos, etc) graças a ferramentas como celulares, computadores e tablets que hoje estão consolidados e difundidos. Agora, imagine utilizar esse poder de controle ampliado para a criação de produtos e inovações que poderiam beneficiar as nossas vidas em diversos aspectos: iogurtes antidepressivos, novas espécies de animais, bactérias luminescentes, etc. As possibilidades de criação de novas ferramentas que nos beneficiem e façam o uso desses dispositivos só se limitam à nossa imaginação. E é este o patamar previsto para o futuro e que foi mostrado na palestra.
Contudo, é importante lembrar que junto à toda esta capacidade, está uma enorme responsabilidade. Por mais incríveis que possam ser os produtos criados com uma finalidade positiva, existe a possibilidade do desenvolvimento de técnicas nocivas como armas biológicas, por exemplo. Por esse motivo, deve haver transparência nos estudos e respeito das restrições criadas pelos órgãos fiscalizadores. [...]
A Biotecnologia é uma área que já nos trouxe muitos benefícios e agora com o poder que os Sistemas de Informação estão trazendo para a manipulação da informação, um mundo novo surge diante de nós. Provavelmente, a grande questão que precisa ser tratada agora é como fazer com que a ética e a moral sejam estabelecidas e aplicadas, a fim de evitar que esta vertente de pesquisa que pode beneficiar tanto o ser humano, também venha a prejudicá-lo.
Fonte: FERRARI, Átila; PEREIRA, Vivian Mayumi Yamassaki Pereira. 19 de junho de 2013. Disponível em: http://www.each.usp.br/petsi/jornal/?p=546. Acesso em: 31 ago. 2022 (adaptado).
Assinale a alternativa CORRETA que corresponde à função sintática do termo em destaque no trecho a seguir: “Uma dessas junções criou a área conhecida hoje como Biotecnologia” (1º parágrafo).
O Brasil, de acordo com Moraes, é o segundo maior consumidor de hidrogéis para agricultura do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos da América, onde o produto é usado também em jardins. “Aqui, a principal aplicação dos géis superabsorventes é em plantações de eucalipto, que exigem muita água. Estimamos que a demanda do produto pela agricultura gire em torno de 500 toneladas por ano. Em uma plantação de eucalipto, por exemplo, com cerca de 1.200 pés, são utilizados 1,5 quilo por hectare”.
Yuri Vasconcelos. Combate à terra seca. In: Revista FAPESP, edição 248, out./2016 (com adaptações).
Segundo o texto Combate à terra seca, de Yuri Vasconcelos, uma partícula do gel comercial distribuído pela Hydroplan-EB, após absorver água, pode ficar com seu volume até 100 vezes maior que o volume original. Além disso, o texto indica que, em um terreno de 1 hectare (1 ha = 10.000 m2), é possível plantar 1.200 pés de eucalipto.
A partir desses textos, julgue o item.
Mantendo-se os sentidos do primeiro texto, o seu primeiro período poderia ser reescrito corretamente da seguinte forma: De acordo com Moraes, o Brasil é o segundo maior consumidor de hidrogéis para a agricultura, atrás dos Estados Unidos da América apenas, onde o produto é usado também em jardins.
O Brasil, de acordo com Moraes, é o segundo maior consumidor de hidrogéis para agricultura do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos da América, onde o produto é usado também em jardins. “Aqui, a principal aplicação dos géis superabsorventes é em plantações de eucalipto, que exigem muita água. Estimamos que a demanda do produto pela agricultura gire em torno de 500 toneladas por ano. Em uma plantação de eucalipto, por exemplo, com cerca de 1.200 pés, são utilizados 1,5 quilo por hectare”.
Yuri Vasconcelos. Combate à terra seca. In: Revista FAPESP, edição 248, out./2016 (com adaptações).
Segundo o texto Combate à terra seca, de Yuri Vasconcelos, uma partícula do gel comercial distribuído pela Hydroplan-EB, após absorver água, pode ficar com seu volume até 100 vezes maior que o volume original. Além disso, o texto indica que, em um terreno de 1 hectare (1 ha = 10.000 m2), é possível plantar 1.200 pés de eucalipto.
A partir desses textos, julgue o item.
O emprego do subjuntivo na forma verbal “gire”, no penúltimo período do primeiro texto, indica possibilidade.
No período “Quando o segundo pio da inhuma ressoou, Iracema corria na mata..”, a oração sublinhada deve ser classificada como:
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