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TEXTO
MAIS DE 2 MILHÕES DE JOVENS TIRAM TÍTULO PARA ELEIÇÃO DE 2022
Após campanha incentivada pela Justiça Eleitoral, número de pessoas de 16 e 17 anos que pediram documento nos primeiros quatro meses do ano supera com folga dados de 2018 e 2014 Foto: divulgação /tse
Jovem segura título de eleitor
A Justiça Eleitoral informou nesta quinta-feira (5) que mais de 2 milhões de jovens de 16 e 17 anos se inscreveram entre janeiro e abril de 2022 para votar nas eleições de outubro. Os números, que são parciais, haviam sido antecipados pelo jornal O Globo e foram anunciados pelo presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Edson Fachin, em sessão nesta manhã.
2,04 milhões é o número de novos eleitores de 16 e 17 anos registrados entre janeiro e abril de 2022
O dado foi atingido após campanha nas redes sociais lançada com incentivo do TSE para que jovens tirem seus títulos de eleitor. A campanha mobilizou sobretudo perfis críticos a Jair Bolsonaro – o presidente tem mau desempenho entre o público de 16 a 24 anos nas pesquisas de intenção de voto. Entre os famosos que participaram da campanha, estão personalidades como Anitta, Larissa Manoela, Zeca Pagodinho e até os atores americanos Leonardo DiCaprio e Mark Ruffalo.
Além do número de jovens eleitores que tiraram título até abril, a Justiça Eleitoral também registrou recorde de atendimentos na quarta-feira (4). Foram mais de 1,3 milhão de pedidos abertos no último dia para regularização e cadastro de títulos de eleitor. O número inclui desde cadastros de novos títulos, até alteração de domicílio, mudanças de dados pessoais e regularização de títulos. Os pedidos ainda precisarão ser processados e analisados, com prazo de resposta de até um mês.
Disponível em: Acesso em:https://www.nexojornal.com.br/extra/2022/05/05/Mais-de-2-milh%25C3%25B5es-de-jovens-tiram-t%25C3%25ADtulo-para-elei%25C3%25A7%25C3%25A3o-de-2022 22/08/2022
A partir da leitura do texto, pode-se inferir que
O MACHISMO BRASILEIRO E A DOMINAÇÃO DO MAL
A lógica da dominação masculina silencia e mata mulheres e homens
Uma aluna me interrompeu bruscamente quando eu estava dando uma aula para uma turma de psicologia sobre o livro “A dominação masculina”, de Pierre Bourdieu. “Você está comparando o sofrimento das mulheres com o dos homens?” Respondi que, para o sociólogo francês, a lógica da dominação masculina, além de oprimir, aprisionar e escravizar as mulheres, também provoca sofrimento nos homens que não conseguem corresponder ao modelo dominante de ser um “homem de verdade”.
Na lógica da dominação masculina, os homens devem ser sempre superiores às mulheres: mais velhos, mais altos, mais fortes, mais poderosos, mais ricos, mais escolarizados etc. Essa lógica tem como efeito colocar as mulheres em um permanente estado de insegurança, inferioridade e dependência. Delas se espera que sejam submissas, contidas, discretas, apagadas, inferiores, invisíveis.
No entanto, essa lógica aprisiona as mulheres e também os homens, já que eles precisam fazer um esforço desesperado e patético, segundo Bourdieu, para estar à altura do ideal de masculinidade: força física, altura, sucesso, poder, prestígio, dinheiro, potência, virilidade, tamanho do pênis etc.
A aluna reagiu agressivamente: “Mas os homens não precisam ser defendidos pelas mulheres. Eles são os agressores, os inimigos, não as vítimas. Todos os homens são culpados ou cúmplices da violência que as mulheres sofrem”.
Tentei argumentar mostrando que os discursos sobre masculinidade podem ter mudado, mas que muitos comportamentos e valores permanecem, de forma consciente ou inconsciente, reproduzindo e fortalecendo a lógica da dominação masculina, inclusive pelas próprias mulheres.
“Ninguém está defendendo os machistas, só estamos refletindo sobre como a lógica da dominação masculina aprisiona mulheres e homens. Não estamos diminuindo o sofrimento feminino, mas apenas mostrando que os homens também sofrem. E sofrem calados.”
Dei então alguns exemplos das minhas pesquisas. Quando perguntei: “O que todo homem é?”, as respostas mais citadas foram: machista, galinha e infiel. Para “O que toda mulher é?”, a maioria respondeu: maternal, sensível e romântica.
Quando perguntei: “Você chora muito ou pouco?”, 52% das mulheres responderam que choram muito, 46% choram pouco e 2% nunca choram. Já os homens disseram que choram pouco (58%) ou nunca (37%). Apenas 5% choram muito. Perguntei: “Quem chora mais: o homem ou a mulher?”: 95% concordaram que a mulher chora mais e 5% que homens e mulheres choram igual.
Muitos homens cresceram ouvindo: “Homem não chora”; “Homem que chora é mulherzinha”; “Engole o choro, seja um homem de verdade”; “Chorar é frescura, coisa de maricas”. Alguns choram escondido, dentro do banheiro, pois não querem revelar seus medos, fraquezas e inseguranças para a esposa, namorada, filhos, pais e amigos. Outros confessaram que só choram quando estão bêbados, como um estudante de 18 anos: “Quando minha namorada terminou comigo entrei em depressão, passei a beber muito, tomar muito remédio. Muitas vezes me escondi para chorar no banheiro do bar para meus amigos não zombarem de mim.”
Mostrei pesquisas sobre o número de homens que morrem de infartos, suicídios, violência urbana. E outras sobre aposentados que se tornaram alcoólatras por se sentirem inúteis, invisíveis e descartáveis. Apresentei os resultados de pesquisas sobre jovens que têm vergonha do tamanho do pênis e que tomam Viagra por medo de brochar. A aluna gritou: “todos os homens são machistas”.
A turma tinha 100 alunos: 75 mulheres e 25 homens. Por que ninguém mais disse o que pensava? Por que todos ficaram calados?
Muitos alunos e alunas vieram conversar comigo depois da aula. “Professora, o discurso odiento e raivoso silencia as vozes de todos, não importa o assunto, pode ser machismo ou outro qualquer. Ela não quer ouvir ninguém, só quer vomitar seu ódio. Vivemos em uma época em que mesmo que 99% pensem diferente, o mal e o ódio venceram, estão no poder. Não existe a banalização do mal? Agora é a era da dominação do mal.”
Mirian Goldenberg, Antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/miriangoldenberg/2022/04/o-machismo-brasileiro-e-a-dominacao-do-mal.shtml
Os trechos “Muitos homens cresceram ouvindo: ‘Homem não chora’; ‘Homem que chora é mulherzinha’; ‘Engole o choro, seja um homem de verdade’; ‘Chorar é frescura, coisa de maricas’” servem como:
Antônio Vicente Mendes Maciel, Conselheiro de alcunha, (...) era cearense e nasceu (...) a 13 de março de 1830. (...) Aprendeu a ler, escrever e contar. (...) Andou estudando latim, enxertando frases da língua de Horácio nos seus longos "conselhos", geralmente baseados na Bíblia sagrada, que conhecia razoavelmente. (...) Era apenas um peregrino, acompanhado de numeroso séquito; pequenos agricultores, negros 13 de Maio, caboclos de aldeamentos, gente sem recursos, doentes. (...)
Em 1893 (...) Antônio Vicente se estabeleceu em Canudos (...). Rebatizou a localidade, dando-lhe o nome de Belo Monte. Criou um clima de tranquilidade local. Respeitavam-no. Seu monarquismo era utopia.
De vários pontos do sertão apareciam os conselheiristas (...). Caminhavam para lá movidos pela fé. Queriam morar ali, sem pensar em conquistar novas terras. Nem restaurar a monarquia. Cá de fora, não entenderam assim. Interesses políticos e patrimoniais deram novos rumos e destino sangrento ao sertão do Conselheiro. (...)
José Calazans. “O Bom Jesus do sertão”. Caderno Mais, Folha de S. Paulo. São Paulo, 21/09/1997.
O texto sugere que Antonio Conselheiro
TEXTO PARA QUESTÃO.
A taxação de livros tem um efeito cascata que acaba custando caro não apenas ao leitor, como também ao mercado editorial – que há anos não anda bem das pernas – e, em última instância, ao desenvolvimento econômico do país. A gente explica. Taxar um produto significa, quase sempre, um aumento no valor do produto final. Isso porque ao menos uma parte desse imposto será repassada ao consumidor, especialmente se considerarmos que as editoras e livrarias enfrentam há anos uma crise que agora está intensificada pela pandemia e não poderiam retirar o valor desse imposto de seu já apertado lucro. Livros mais caros também resultam em queda de vendas, que, por sua vez, enfraquece ainda mais editoras e as impede de investir em novas publicações – especialmente aquelas de menor apelo comercial, mas igualmente importantes para a pluralidade de ideias. Já deu para perceber a confusão, não é? Mas, além disso, qual seria o custo de uma sociedade com menos leitores e menos livros?
Taís Ilhéu. “Por que taxar os livros pode gerar retrocesso social e econômico no país”. Guia do Estudante. Setembro/2020. Adaptado.
De acordo com o texto, os eventos sequenciais aos quais alude a expressão “efeito cascata” são:
Texto
“Slam” é voz de identidade e resistência dos poetas contemporâneos
A poesia falada e apresentada para
grandes plateias não é um fato novo,
porém, a grande diferença é que hoje a
poesia falada se apresenta para o povo e
[150] não para uma elite — estamos falando da
poesia slam. Essa palavra surgiu em
Chicago, em 1984, e hoje a poetry slam,
como é chamada, é uma competição de
poesia falada que traz questões da
[155] atualidade para debate. slam é uma
expressão inglesa cujo significado se
assemelha ao som de uma “batida” de porta
ou janela, “algo próximo do nosso ‘pá!’ em
língua portuguesa”, explica Cynthia Agra de
[160]Brito Neves, em artigo recém-publicado na
revista Linha D’Água. Nas apresentações de
slam o poeta é performático e só conta com
o recurso de sua voz e de seu corpo.
A poetry slam, também chamada
[165] “batalha das letras”, tornou-se, além de um
acontecimento poético, um movimento
social, cultural e artístico no mundo todo,
um novo fenômeno de poesia oral em que
poetas da periferia abordam criticamente
[170] temas como racismo, violência, drogas,
entre outros, despertando a plateia para a
reflexão, tomada de consciência e atitude
política em relação a esses temas. Os
campeonatos de poesias passam por etapas
[175] ao longo do ano, de fevereiro a novembro,
são compostos de três rodadas e o
vencedor, escolhido por cinco jurados da
plateia, é premiado com livros e participa
do Campeonato Brasileiro de Slam (Slam
[180] Br). O poeta vencedor dessa etapa
competirá na Copa do Mundo de Slam,
realizada todo ano em dezembro, na
França.
Os campeonatos de slam no Brasil
[185] foram introduzidos por Roberta Estrela
D’Alva, a slammer (poetisa) brasileira mais
conhecida pela mídia e que conquistou o
terceiro lugar na Copa do Mundo de Poesia
Slam 2011, em Paris. Outra presença
[190] expressiva no assunto é Emerson Alcalde,
fundador do Slam da Guilhermina,
entrevistado pela autora em maio deste ano
na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas (FFLCH) da USP. Segundo ele,
[195] “promover a poesia oral, falar poesias, ler,
escrever, promover batalhas de
performances poéticas, é transformar os
slams em linguagem” e, pensando nisso,
levou o slam às escolas, pois “poesia é
[200] educação”.
(...) O slam é um grito, atitude de
“reexistência”, termo criado com a fusão
das palavras existência e resistência, de
acordo com a professora Ana L. S. Souza. O
[205] artigo ressalta também a importância de se
levar os slams para as escolas, na medida
em que forma alunos leitores e escritores
conscientes, dispostos a reivindicarem
mudanças educacionais e sociais.
[210] É fundamental o papel da escola na
disseminação dos “slams”, pois por meio
deles os alunos expressam “seus modos de
existir” e suas reivindicações por “uma
cultura jovem, popular, negra e pobre, de
[215] moradores da periferia, bem diferentes do
gosto canônico, branco e de classe média”.
Ao recriarem a cultura oficialmente escolar
letrada, esses alunos se tornam “agentes de
letramentos de reexistência”, e os slams,
[220] dessa maneira, são seus porta-vozes, pelos
quais demonstram sua revolta, sua
identidade e resistência. A autora finaliza
afirmando que “é preciso resistir para
existir. Poesia é reexistência”, enfatizando o
[225] desafio com que se deparam as escolas
diante dessa nova poesia contemporânea.
Adaptado de NEVES, Cynthia Agra de Brito. “Slam” é voz de identidade e resistência dos poetas contemporâneos. Disponível em https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-humanas/slam-evoz-de-identidade-e-resistencia-dos-poetascontemporaneos/ Acesso em 14 de setembro de 2021.
Atente para o seguinte trecho “O poeta vencedor dessa etapa competirá na Copa do Mundo de Slam, realizada todo ano em dezembro, na França” (linhas 180-183).
O item, acima destacado, se refere
O excesso e a memória
Um estudo publicado recentemente no periódico
científico The Quarterly Journal of Experimental Psychology
revelou que pessoas com sobrepeso (IMC acima de 25)
tiveram um desempenho pior em testes de memória. Para
[5] chegar a essa conclusão, pesquisadores da Universidade de
Cambridge, na Grã-Bretanha, realizaram um experimento
com 50 participantes com idade entre 18 e 35 anos e índice
de massa corporal (IMC) entre 18 (normal) e 51 (obesos). Os
voluntários foram submetidos a um teste de memória que
[10] consistia em um jogo de computador no qual eles precisavam
esconder diferentes objetos em um cenário complexo, como
um deserto com palmeiras, durante dois dias. Após esse
período, eles precisavam dizer aos cientistas quais objetos
tinham sido escondidos e em qual lugar. Os resultados
[15] mostraram que as pessoas com sobrepeso (IMC entre 25 e
30) e obesas (IMC maior que 30) tiveram pior desempenho
no teste de memória do que aquelas com um índice de massa
corporal considerado normal (entre 18 e 24,99). Eles
concluíram também que o rendimento caía conforme o IMC
[20] aumentava.
De acordo com os autores, esses resultados indicam que
o aumento do IMC pode levar a mudanças estruturais e
funcionais no cérebro que reduzem a capacidade de formar e
recordar memórias episódicas. Uma explicação para isso
[25] pode estar no efeito da gordura sobre a insulina. Segundo
Lucy Cheke, líder do estudo, o excesso de gordura causa
picos descontrolados de insulina no sangue, o que, por sua
vez, atrapalha a sinalização entre os neurônios e,
consequentemente, há uma redução no desempenho
[30] cognitivo. Além disso, a redução da memória episódica —
como resultado do aumento do IMC — pode contribuir para
o aumento de peso, já que, muitas vezes, pessoas com
memória ruim não se lembram do que comeram e tendem a
comer mais.
[35] “Nós não estamos dizendo que as pessoas com excesso
de peso são necessariamente mais esquecidas. Nossa
descoberta pode significar que as pessoas com sobrepeso são
menos capazes de reviver vividamente detalhes de eventos
passados. Isso, por sua vez, pode prejudicar a sua capacidade
[40] de usar a memória para regular o consumo de alimentos”,
disse Lucy. Uma dica da autora é prestar atenção no que se
come e evitar fazer refeições com distrações, como assistir à
TV.
Para os autores, embora esse estudo seja pequeno, os
[45] resultados mostram a necessidade de realizar mais pesquisas
sobre os fatores psicológicos que podem levar à obesidade.
[...]
Revista Veja, 2016.
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