Leia o poema do poeta romântico Fagundes Varela, para responder à questão.
A vida nas cidades me enfastia,
Enoja-me o tropel1
das multidões,
O sopro do egoísmo e do interesse
Mata-me n’alma a flor das ilusões.
Mata-me n’alma a flor das ilusões
Tanta mentira, tão fingido rir,
E cheio e farto de tristeza e tédio
Rejeito as glórias de falaz2
porvir!
Rejeito as glórias de falaz porvir,
Galas e festas, o prazer talvez,
E busco altivo as solidões profundas
Que dormem quedas3
do Senhor aos pés,
Que dormem quedas do Senhor aos pés,
Ao doce brilho dos clarões astrais,
Ricas de gozos que não tem mundo,
Pródigas sempre de beleza e paz!
(Fagundes Varela. Cantos e fantasias e outros cantos, 2003.)
1 tropel: barulho, confusão.
2 falaz: ilusório.
3 quedas: quietas.
A crítica à vida nas cidades explicitada pelo poema constitui um tópico explorado reiteradamente pela poesia