Da festa ao trabalho
Foi, sem dúvida, um momento histórico para o Rio de Janeiro, cidade enfim escolhida, em sua terceira tentativa, para
sediar a Olimpíada. Entretanto, tão logo se encerrem as justas comemorações e os discursos, os três níveis de governo e o
Comitê Olímpico Brasileiro precisam planejar como transformar em realidade as grandes promessas que convenceram os
jurados na Dinamarca - e desbancaram concorrentes do porte de Chicago, Tóquio e Madri.
São mais de 2.400 dias até o começo dos Jogos, em 2016 - parece muito, mas não é. O Brasil jamais realizou um evento
com essa complexidade e magnitude. Para que obtenha sucesso, será necessário que a "cartolagem" brasileira supere o
amadorismo que a tem caracterizado.
Expandir a hotelaria na capital fluminense é um dos desafios. Hoje a cidade possui cerca de 22 mil leitos, quando a
exigência do Comitê Olímpico Internacional é que atinja no mínimo 40.000. Apesar de gigantesco, o deficit de vagas pode ser
plenamente preenchido pela iniciativa privada ao longo dos anos. Para tanto, é preciso um plano que incentive o turismo no
Rio, a fim de garantir a ocupação dessa rede hoteleira ampliada mesmo após o fim da Olimpíada.
A realização dos Jogos, além disso, deveria ser encarada como motivador para atacar, no Rio, as diversas causas da
violência urbana. Não basta coordenar um esquema eficiente de segurança, como foi feito nos Jogos Pan-americanos em
2007, apenas para que os visitantes se sintam confortáveis na cidade durante o evento esportivo. A forte redução dos índices
de delitos deveria ser um legado definitivo para a população carioca.
O Pan constitui modelo a ser evitado em termos de planejamento orçamentário e execução das obras. Houve
superfaturamento e abandono de equipamentos construídos a peso de ouro. Na Olimpíada de 2016, planeja-se investir cerca
de R$ 26 bilhões, pelo menos seis vezes mais do que se gastou nos jogos continentais.
Mais do que nunca, controle e prestação criteriosa de contas serão aspectos decisivos para o sucesso dessa
megaempreitada.
Editorial Jornal Folha de São Paulo, 03/10/09.
Em cada uma das alternativas abaixo, dois enunciados vizinhos do texto foram reunidos num único período por meio de um conector sintático-argumentativo (em destaque). Exceto numa, nas demais reformulações mantevesea mesma relação argumentativa, explicitada, agora, pelos conectores usados. A alternativa em que a unificação dos dois enunciados é incoerente ou não mantém a relação argumentativa de origem é: