INSTRUÇÃO: Responder à questão com base no texto.
TEXTO
Tão paradoxal quanto o título deste editorial é o
tema por ele abordado: o horário político obrigatório –
ou gratuito, de acordo com a denominação do Tribu-
nal Regional Eleitoral. Em primeiro lugar, não é gratui-
[5] to, a não ser para candidatos, partidos e coligações,
que nada pagam pelo acesso aos meios de comuni-
cação. A sociedade paga. As empresas de mídia re-
cebem compensação fiscal pelos espaços que dis-
pensam à propaganda eleitoral. A polêmica, porém, é
[10] outra: tem sentido impor ao público uma programa-
ção geralmente demagógica e de má qualidade, que
é rejeitada por parcela expressiva de espectadores e
reduz a audiência dos programas de rádio e televi-
são?
[15] No Brasil, onde o voto também é obrigatório, faz
sentido. Pesquisa divulgada pelo Datafolha no mês
passado, após consulta a 10.905 eleitores em 379
municípios do país, mostrou que 65% dos entrevista-
dos utilizam a TV como mídia preferida para obter in-
[20] formações sobre partidos e candidatos. Os jornais apa-
recem em segundo lugar, com 12% da preferência,
restando para o rádio e a internet o terceiro lugar, com
7%. Apenas 6% dos inquiridos disseram que se pre-
param para o voto com informações colhidas em con-
[25] versas com amigos e familiares.
Então, é inquestionável o valor da mídia eletrôni-
ca na orientação do eleitorado. Ainda assim, não dei-
xa de ser uma imposição incômoda para a maioria da
população. Pesquisa encomendada ao Ibope pela As-
[30] sociação Brasileira de Agências de Propaganda mos-
tra que o brasileiro não simpatiza com a propaganda
eleitoral compulsória: 76% dos consultados informa-
ram que “não gostam nada” ou “não gostam muito”.
Apenas 11% assinalaram “gostar” ou “gostar muito”.
[35] Além de impositivo, o horário eleitoral gera ou-
tras deformações, como a formação de alianças parti-
dárias espúrias com o único propósito de ampliar o
tempo de exposição de candidatos e siglas, com to-
tal prejuízo para os conteúdos programáticos e para
[40] a coerência ideológica. Também o tempo exíguo dis-
pensado aos candidatos às eleições proporcionais mal
permite que digam o nome, o número e, em certos
casos, alguma gracinha, que só serve para ridiculari-
zar o debate eleitoral.
[45] Ainda assim, existe pelo menos um fator insu-
perável a justificar a manutenção desta programação:
o direito de todos os candidatos ao acesso à mídia.
Se a propaganda fosse paga, ou dependesse apenas
do interesse jornalístico, o poder econômico poderia
[50] prevalecer e os candidatos menos conhecidos talvez
não tivessem oportunidade de se apresentar ao
público. Agora, mesmo com todas as deformações, o
horário eleitoral possibilita este contato entre o
eleitor e os pretendentes a mandatos eletivos.
Jornal Zero Hora, 22/08/2010 (editorial).
INSTRUÇÃO: Para responder à questão, analise as afirmativas sobre o sentido ou a função de certas palavras ou expressões no texto.
1. “Tão paradoxal quanto” (linha 01) expressa a ideia de comparação.
2. As expressões destacadas em “nada pagam pelo acesso” (linha 06) e “Pesquisa divulgada pelo Datafolha” (linha 16) desempenham o mesmo papel nas estruturas em que se encontram.
3. “Então” (linha 26) poderia ser substituída por “Nesse contexto”, sem prejuízo para a coerência do texto.
4. “Ainda assim” (linha 27) expressa a ideia de concessão, de oposição ao que foi dito anteriormente.
As afirmativas corretas são, apenas,