POEMA TRANSITÓRIO
Eu que nasci na Era da Fumaça: − trenzinho
vagaroso com vagarosas
paradas
em cada estaçãozinha pobre
[5] para comprar
pastéis
pés-de-moleque
sonhos
− principalmente sonhos!
[10] porque as moças da cidade vinham olhar o trem passar;
elas suspirando maravilhosas viagens
e a gente com um desejo súbito de ali ficar morando
sempre...Nisto,
o apito da locomotiva
[15] e o trem se afastando
e o trem arquejando
é preciso partir
é preciso chegar
é preciso partir é preciso chegar... Ah, como esta vida é urgente!
[20] ... no entanto
eu gostava era mesmo de partir...
e − até hoje − quando acaso embarco
para alguma parte
acomodo-me no meu lugar
[25] fecho os olhos e sonho:
viajar, viajar
mas para parte nenhuma...
viajar indefinidamente...
como uma nave espacial perdida entre as estrelas.
(QUINTANA, Mário. Baú de Espantos. in: MARÇAL, Iguami Antônio T. Antologia Escolar, Vol.1; BIBLIEX; p. 169.)
Em função do que é dito nos versos do poema (Texto de Interpretação), observa-se que o “eu lírico”: