Leia o trecho a seguir para responder à questão:
Caro leitor: se tivesses nascido na década de 50, ou antes, certamente terias ouvido falar de uma das figuras públicas que se opuseram à ditadura militar: João Saldanha. Por ocasião de sua morte, as tevês não mostraram as fotos em que ele aparecia abraçado a Ho Chi Min e Mao Tse-Tung. Nem poderiam. Foram queimadas por sua filha Rutinha, em 1972. É preciso dizer quais eram as paranoias de 1972? E se a imprensa não lhe poupou elogios, por ocasião de sua passagem como técnico da seleção brasileira, não chegou a contar muito de sua história – uma rica, atribulada e longa história, intrinsecamente ligada à própria História de nosso tempo. João Saldanha era um arquivo vivo de acontecimentos, como aquele em que teria viajado ao México, não fosse trocado por outro técnico, graças à imposição do ditador Médici. João adorava relembrar esses acontecimentos, em narrações que dariam para entreter os seus ouvintes por mil e uma noites. Foi assim que o conheci um pouco mais em Maricá, no litoral fluminense, sempre que passávamos um fim de semana na casa de sua filha. E ali, numa mesa à sombra de um avarandado, dávamos os trabalhos por iniciados, significando isso o destampar da primeira garrafa de cerveja, para destravar o seu baú de memórias. João Saldanha: não percamos da memória a vida desse botafoguense, mas, acima de tudo, desse comentarista esportivo preocupado com as questões sociais, coisa mais importante que o futebol.
(Antônio Torres, “Foi um prazer te ouvir, João”, no livro Sobre pessoas, p. 116. Texto adaptado.)
Os verbos em destaque no texto estão conjugados, respectivamente, nos seguintes tempos e modos: