O REI E O OPERÁRIO
[1] – O que vales , junto à forja,
[2] Cingindo o sujo avental?
[3] – E a ti que te vale a gorja
[4] Do teu diadema real?!
[5] – Eu mando tropas e armadas,
[6] Sustenho povos na mão...
[7] – Pois eu tempero as espadas,
[8] Que fazem a revolução!
[9] – E eu tenho um cetro q’ao vê-lo
[10] Curvam-se as raças fiéis...
[11] – Pois eu possuo o martelo
[12] Que prega a forca dos reis.
[13] – És um divino espantalho...
[14] – E tu que vales, vilão?!!
[15] – Pois eu forjo o anel do trabalho,
[16] Tu forjas a escravidão!
[17] – Eu tenho o sangue que deve
[18] Recordar-me os Faraós...
[19] – E eu, o do peão que em Grève
[20] Decapitou teus avós.
[21] – Tu és das trevas o eleito...
[22] – Mentes, eu laboro a luz!
[23] – Eu prego a luz do direito...
[24] – E eu prego as leis de Jesus!
[25] – Tu és a noite – eu o dia,
[26] Deslumbram-te os vivos sóis...
[27] – Tu fundes – a tirania,
[28] Eu fundo o pulso aos heróis!
COSTA, Francisco Lobo da. Auras do Sul.
Rio Grande: Americana, 1910.
A função sintática do termo sublinhado em “E eu prego as leis de Jesus!” (verso 24) é