Leia o texto a seguir e responda a questão.
Com medicamentos em falta, hospitais insalubres e o avanço de doenças contagiosas, a Venezuela possui um mercado ativo de pacientes brasileiros em busca de tratamento particular em medicina estética. O fechamento da fronteira com o Brasil pelo presidente Nicolás Maduro atrapalhou os planos de dezenas de pacientes que tentavam voltar por terra a Roraima. O principal destino no país caribenho é Puerto Ordaz, a cerca de 600 quilômetros da fronteira com Pacaraima, em Roraima.
Quatro clínicas privadas comandadas por médicos venezuelanos, cubanos e brasileiros atraem a clientela com preços que chegam a 10% do cobrado no Brasil. A Sociedade Brasileira de Medicina Estética não tem dados sobre a procura. Não raro, brasileiras morrem por realizar cirurgias plásticas em clínicas clandestinas no Brasil.
Alguns brasileiros vão por conta própria à Venezuela, enquanto outros contratam cuidadores para obter facilidades nos trâmites e intermediar o contato com os médicos. Os cuidadores acompanham a viagem e as cirurgias. Perfis nas redes sociais fazem propaganda dos médicos e oferecem os serviços, buscados, principalmente, por moradores de Roraima, Pará e Amazonas.
Com a fronteira fechada, duas mulheres se arriscaram voltando a pé ao Brasil por trilhas abertas por contrabandistas na vegetação de savana. O trajeto mais rápido dura entre uma e duas horas para quem possui bom condicionamento físico, mas é um esforço extenuante para pessoas que passaram por cirurgias. As duas precisaram ser socorridas ao chegar no lado brasileiro – uma delas foi carregada numa maca.
Entre as 70 pessoas que estavam no vice-consulado brasileiro na cidade fronteiriça de Santa Elena do Uairén há duas semanas, quatro mulheres eram recém-operadas – uma passara por operação nos seios, no glúteo e no abdômen de uma só vez, como forma de otimizar a viagem. Não havia morfina para as dores. O grupo atravessou a fronteira após acordo com o regime bolivariano.
O pagamento na Venezuela é arriscado, porque os médicos recebem em dólar ou real, já que o bolívar é desvalorizado. Uma das opções é transferir o dinheiro em reais a uma conta bancária de um intermediador que tenha dupla nacionalidade e contas em bancos brasileiros e venezuelanos. Essa pessoa, que retém parte do valor como pagamento, entrega o cartão de um banco venezuelano para as brasileiras. Os médicos tratam com informalidade as pacientes e fazem ofertas durante as consultas.
(Adaptado de: FRAZÃO, F. Brasileiras correm risco por plásticas na Venezuela. O Estado de S. Paulo. São Paulo, 5 mar. 2019. Internacional, A7.)
Sobre os termos sublinhados no texto, assinale a alternativa correta.