Leia o texto de Guilherme Wisnik para responder à questão.
Agosto de 1986. Já era noite. Como de costume, dividia minhas atenções entre meus estudos e a Clarinha, filha de Julieta Sobral. De repente, tive a sensação de que alguém me observava. Ao voltar-me para trás, dei-me conta da presença do bisavô da menina.
Ele morava no mesmo edifício e tinha por hábito fazê- -la breves visitas quase todos os dias. Dava uma olhadela na bisneta e ia embora, sem pronunciar uma palavra. Muito discreto, passava quase sempre despercebido. Mas naquele dia foi diferente.
Ao cruzarmos nossos olhares, ele me indagou: “É grego, não é?” – naquela época eu estava matriculado no curso de grego do Mosteiro de São Bento. Respondi afirmativamente. De imediato, percebi um certo brilho no seu olhar.
De fato, não era comum às pessoas da minha geração este tipo de interesse. Movido pela curiosidade e pelo inusitado, indagou-me sobre a motivação daqueles estudos. Após revelar que tal empenho servia aos meus propósitos de preparação para aprofundar meus estudos de filosofia, disciplina para a qual prestaria vestibular ao final do ano, trocamos algumas ideias. Nosso tema não poderia ser outro: a Antiguidade Clássica.
(O risco, 2003. Adaptado.)
O narrador estudava grego com a finalidade de