''[...] Seo Priscílio apareceu, falou com seo Giovânio: se que estórias seriam aquelas, de um cavalo beber cerveja? Apurava com ele, apertava. Seo Giovânio permanecia muito cansado, sacudia devagar a cabeça, fungando o escorrido do nariz, até o toco do charuto; mas não fez mau rosto ao outro. Passou muito a mão na testa: - “Lei, quer ver?”. Saiu, para surgir com um cesto com as garrafas cheias, e uma gamela, nela despejou tudo, às espumas. Me mandou buscar o cavalo: 0 alazão canela-clara, bela face. O qual - era de se dar a fé? - Já avançou, avispado, de atreitas orelhas, arredondando as ventas, se
lambendo: e grosso bebeu o rumor daquilo, gostado, até o fundo; a gente vendo que ele já era manhudo, cevado naquilo! Quando era que tinha sido ensinado, possível? Pois, o cavalo ainda queria mais e mais cerveja. Seo Priscílio se vexava, no que agradeceu e se foi. Meu patrão assoviou de esguicho, olhou para mim: - “lriva/íni, que estes tempos vão cambiando mal. Não laxa as armas!” Aproveitei. Sorri de que ele tivesse as todas manhas e patranhas. Mesmo assim, meio me desgostava”.
(“O cavalo que bebia cerveja”. In: ROSA, João Guimarães. Primeiras Estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, p. 145).
Primeiras Estórias, publicado em 1962, é um livro de contos, cujas personagens pertencem, quase todas, a duas categorias: a de loucos e a de crianças. Considerando o texto base, identifique os trechos que confirmam que o conto “O cavalo que bebia cerveja” está narrado em primeira pessoa: