CESGRANRIO 2013
60 Questões
Texto I
No caminho da volta
Todas as noites, antes de deitar, despedia-se
para sempre da mulher e dos filhos, sem que nada,
naquela casa, lhe pertencesse a ponto de retê-lo.
Há muito sonhava.
Longas viagens que no escuro do quarto o levavam
a terras incandescentes, parado o corpo sobre a
cama, enquanto o outro, sem limites, percorria mundos.
E não podia prever a noite em que, presas as
asas do seu sonho em palmeiras de coral, se veria
impedido de voltar.
COLASANTI, Marina. No caminho de volta. Contos de Amor Rasgados. Rio de Janeiro: Rocco, 1986. p. 129.
No Texto I, havia no homem o desejo de
Texto I
No caminho da volta
Todas as noites, antes de deitar, despedia-se
para sempre da mulher e dos filhos, sem que nada,
naquela casa, lhe pertencesse a ponto de retê-lo.
Há muito sonhava.
Longas viagens que no escuro do quarto o levavam
a terras incandescentes, parado o corpo sobre a
cama, enquanto o outro, sem limites, percorria mundos.
E não podia prever a noite em que, presas as
asas do seu sonho em palmeiras de coral, se veria
impedido de voltar.
COLASANTI, Marina. No caminho de volta. Contos de Amor Rasgados. Rio de Janeiro: Rocco, 1986. p. 129.
O conjunto de expressões do Texto I que pertencem ao campo semântico do sonho é
Texto II
A Fantasia gera uma espécie de hipnose que impede
a percepção de que algo tem que mudar. Parece
com um sonho de vida, mas é carregada de um
lirismo que aumenta a inércia e corrói as forças de
mudança. Debaixo da mentira da Fantasia, nada de
concreto acontece.
Na Fantasia, planos são feitos com grandiosidade,
mas, na hora de agir, são adiados. O prazer de
criar imagens e sensações positivas para o futuro é
muito maior do que a dor e o desconforto de pagar o
preço de transformar sonhos em realidades.
Custa muito caro fazer com que discursos e
promessas se transformem em atos, mas esse é o
5
10
preço que poderia quebrar o encantamento da Fantasia.
Como viver fora do muro da indefinição? Como
assumir os anos perdidos e os erros das escolhas
impensadas?
AYLMER , Roberto. Escolhas. Niterói: Impetus, 2008. p.102. Adaptado.
Segundo o Texto II, transformar sonhos em realidades gera dor e desconforto porque
Texto II
A Fantasia gera uma espécie de hipnose que impede
a percepção de que algo tem que mudar. Parece
com um sonho de vida, mas é carregada de um
lirismo que aumenta a inércia e corrói as forças de
mudança. Debaixo da mentira da Fantasia, nada de
concreto acontece.
Na Fantasia, planos são feitos com grandiosidade,
mas, na hora de agir, são adiados. O prazer de
criar imagens e sensações positivas para o futuro é
muito maior do que a dor e o desconforto de pagar o
preço de transformar sonhos em realidades.
Custa muito caro fazer com que discursos e
promessas se transformem em atos, mas esse é o
5
10
preço que poderia quebrar o encantamento da Fantasia.
Como viver fora do muro da indefinição? Como
assumir os anos perdidos e os erros das escolhas
impensadas?
AYLMER , Roberto. Escolhas. Niterói: Impetus, 2008. p.102. Adaptado.
O “encantamento da Fantasia” (L. 14-15), no Texto II, é concebido como algo
Texto II
A Fantasia gera uma espécie de hipnose que impede
a percepção de que algo tem que mudar. Parece
com um sonho de vida, mas é carregada de um
lirismo que aumenta a inércia e corrói as forças de
mudança. Debaixo da mentira da Fantasia, nada de
concreto acontece.
Na Fantasia, planos são feitos com grandiosidade,
mas, na hora de agir, são adiados. O prazer de
criar imagens e sensações positivas para o futuro é
muito maior do que a dor e o desconforto de pagar o
preço de transformar sonhos em realidades.
Custa muito caro fazer com que discursos e
promessas se transformem em atos, mas esse é o
5
10
preço que poderia quebrar o encantamento da Fantasia.
Como viver fora do muro da indefinição? Como
assumir os anos perdidos e os erros das escolhas
impensadas?
AYLMER , Roberto. Escolhas. Niterói: Impetus, 2008. p.102. Adaptado.
No primeiro questionamento do Texto II (último parágrafo), “muro da indefinição” faz referência semântica a
Texto III
A hóspede importuna
O joão-de-barro já estava arrependido de acolher
em casa a fêmea que lhe pedira agasalho em
caráter de emergência. Ela se desentendera com o
companheiro e este a convidara a retirar-se. Não tendo
habilidades de construtor, recorreu à primeira casa
de joão-de-barro que encontrou, e o dono foi generoso,
abrigando-a.
Sucede que o joão-de-barro era misógino, e
construíra a habitação para seu uso exclusivo. A presença
insólita perturbava seus hábitos. Já não sentia
prazer em voar e descansar, e sabe-se como os
joões-de-barro são joviais. A fêmea insistia em estabelecer
com ele o dueto de gritos musicais, e parecia
inclinada a ir mais longe, para grande aborrecimento
do solitário.
Então ele decidiu pedir o auxílio de um colega
a fim de se ver livre da importuna. O amigo estava
justamente tomando as primeiras providências para
fazer casa. “Antes de prosseguir, você vai me fazer
um obséquio, disse-lhe. Vamos até lá em casa e veja seconquista uma intrusa que não quer sair de lá.”
O segundo joão-de-barro atendeu ao primeiro e,
no interior da casa deste, cativou as graças da ave.
Achou-se tão bem lá que não quis mais sair. Para que
iria dar-se ao trabalho de construir casa, se já dispunha
daquela, com amor a seu lado?
Assim quedaram os três, e o dono solteirão, sem
força para reagir, tornou-se serviçal do par, trazendo-lhe
alimentos e prestando pequenos serviços. Ainda bem
que construíra uma casa espaçosa — suspirava ele.
ANDRADE, Carlos Drummond de. O Sorvete e outras histórias. São Paulo: Ática, 1993. p.31.
No trecho do Texto III “Achou-se tão bem lá que não quis mais sair.” (L. 24), a segunda oração estabelece com a primeira uma relação de