UNIEVA 2017/2 Demais Cursos
55 Questões
Leia o texto a seguir para responder a questão
Vidraça: a predadora invisível das aves
Edison Veiga
Pesquisa do Instituto Passarinhar registra 1.011 impactos em 7 meses; prédio baixo é “mortal”.
Nas janelas de grandes prédios, em pontos de ônibus e em painéis, o vidro é um grande (e invisível) predador de aves urbanas. De acordo com levantamento do Instituto Passarinhar, 17% dessas colisões terminam em morte imediata do animal. “Muitos ainda morrem em consequência do choque, ainda que bem depois”, afirma o biólogo Sandro Von Matter, diretor do Passarinhar, pesquisador em conservação da biodiversidade e consultor do Earthwatch Institute no Brasil e do Escritório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente no Brasil (Pnuma).
Von Matter começou a observação científica desse problema em 2013. No início deste ano, lançou uma plataforma colaborativa para coletar informações de incidentes em todo o país. De janeiro a julho, obteve 1.011 registros de impacto, em 561 municípios de 21 estados. A maior parte das vítimas é de aves que costumam viver em ambientes urbanos — sabiás (21%), beija-flores (15%) e rolinhas (13%). “Mas foram registradas diversas ocorrências para espécies de aves presentes na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais das espécies ameaçadas”, diz o pesquisador. Exemplos são o papagaio- galego, a jandaia-de-testa-vermelha, o corocoxó e o beija- flor-rajado.
Pequenas alturas. Ao observar os registros obtidos pelo estudo, é possível compreender que, ao contrário do que parece, os grandes edifícios não são os maiores vilões dos passarinhos. Isso porque 85% dos impactos acontecem a até 3 metros do solo - 32% em estruturas de vidro ao nível do solo, como pontos de ônibus e painéis; e 53% em residências de até três andares. Os outros 15% dos acidentes foram registrados em edifícios de 4 a 11 andares. “Evolutivamente, as aves no meio urbano preferem áreas mais baixas”, explica Von Matter. “Isso porque, 'escondidas' pelo anteparo formado pelos prédios, elas se sentem protegidas. Em áreas abertas, voando mais alto, elas estariam vulneráveis a um eventual predador.” Também há a questão da busca pelo alimento, que, no ambiente e espaço urbano, em geral costuma ser obtido no solo ou próximo dele.
No Brasil não há estimativa abrangente de quantas aves morrem em batidas no vidro. “Nos EUA, calcula-se que sejam 988 milhões de mortes por ano, e lá existem apenas 844 espécies de aves. Aqui são 1.919”, diz Von Matter. Ele tem apresentado seu projeto — com os primeiros resultados — à comunidade científica. Em 2 de agosto, este foi o tema de um dos painéis do Congresso Brasileiro de Ornitologia, em Pirenópolis, Goiás. “Temos uma das maiores biodiversidades do mundo, vivemos em um momento de verticalização das cidades, e só agora um estudo desses começa a ser feito”, afirma a bióloga Neiva Guedes, presidente do Instituto Arara Azul. Para Guedes, a colaboração da sociedade é fundamental para o andamento das pesquisas. “Precisamos que a sociedade apoie iniciativas de pesquisa como essa. Nosso acervo de dados resulta, na maior parte, das informações que as pessoas nos dão através do nosso site na internet”, afirma a pesquisadora. Quem testemunhar alguma colisão pode participar do levantamento por meio do endereço ww.colisoesdeaves.com.
VEIGA, Edilson. Vidraça: a predadora invisível das aves. O Estado de São Paulo, Metrópole, domingo, 4 set. 2016, p. AZ4. (Adaptado).
De acordo com o texto, as estruturas de vidro, abundantes nos espaços urbanos,
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Vidraça: a predadora invisível das aves
Edison Veiga
Pesquisa do Instituto Passarinhar registra 1.011 impactos em 7 meses; prédio baixo é “mortal”.
Nas janelas de grandes prédios, em pontos de ônibus e em painéis, o vidro é um grande (e invisível) predador de aves urbanas. De acordo com levantamento do Instituto Passarinhar, 17% dessas colisões terminam em morte imediata do animal. “Muitos ainda morrem em consequência do choque, ainda que bem depois”, afirma o biólogo Sandro Von Matter, diretor do Passarinhar, pesquisador em conservação da biodiversidade e consultor do Earthwatch Institute no Brasil e do Escritório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente no Brasil (Pnuma).
Von Matter começou a observação científica desse problema em 2013. No início deste ano, lançou uma plataforma colaborativa para coletar informações de incidentes em todo o país. De janeiro a julho, obteve 1.011 registros de impacto, em 561 municípios de 21 estados. A maior parte das vítimas é de aves que costumam viver em ambientes urbanos — sabiás (21%), beija-flores (15%) e rolinhas (13%). “Mas foram registradas diversas ocorrências para espécies de aves presentes na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais das espécies ameaçadas”, diz o pesquisador. Exemplos são o papagaio- galego, a jandaia-de-testa-vermelha, o corocoxó e o beija- flor-rajado.
Pequenas alturas. Ao observar os registros obtidos pelo estudo, é possível compreender que, ao contrário do que parece, os grandes edifícios não são os maiores vilões dos passarinhos. Isso porque 85% dos impactos acontecem a até 3 metros do solo - 32% em estruturas de vidro ao nível do solo, como pontos de ônibus e painéis; e 53% em residências de até três andares. Os outros 15% dos acidentes foram registrados em edifícios de 4 a 11 andares. “Evolutivamente, as aves no meio urbano preferem áreas mais baixas”, explica Von Matter. “Isso porque, 'escondidas' pelo anteparo formado pelos prédios, elas se sentem protegidas. Em áreas abertas, voando mais alto, elas estariam vulneráveis a um eventual predador.” Também há a questão da busca pelo alimento, que, no ambiente e espaço urbano, em geral costuma ser obtido no solo ou próximo dele.
No Brasil não há estimativa abrangente de quantas aves morrem em batidas no vidro. “Nos EUA, calcula-se que sejam 988 milhões de mortes por ano, e lá existem apenas 844 espécies de aves. Aqui são 1.919”, diz Von Matter. Ele tem apresentado seu projeto — com os primeiros resultados — à comunidade científica. Em 2 de agosto, este foi o tema de um dos painéis do Congresso Brasileiro de Ornitologia, em Pirenópolis, Goiás. “Temos uma das maiores biodiversidades do mundo, vivemos em um momento de verticalização das cidades, e só agora um estudo desses começa a ser feito”, afirma a bióloga Neiva Guedes, presidente do Instituto Arara Azul. Para Guedes, a colaboração da sociedade é fundamental para o andamento das pesquisas. “Precisamos que a sociedade apoie iniciativas de pesquisa como essa. Nosso acervo de dados resulta, na maior parte, das informações que as pessoas nos dão através do nosso site na internet”, afirma a pesquisadora. Quem testemunhar alguma colisão pode participar do levantamento por meio do endereço ww.colisoesdeaves.com.
VEIGA, Edilson. Vidraça: a predadora invisível das aves. O Estado de São Paulo, Metrópole, domingo, 4 set. 2016, p. AZ4. (Adaptado).
Para comprovar a veracidade do fato noticiado, a matéria jornalística utiliza o seguinte recurso de argumentação:
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Edison Veiga
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Nas janelas de grandes prédios, em pontos de ônibus e em painéis, o vidro é um grande (e invisível) predador de aves urbanas. De acordo com levantamento do Instituto Passarinhar, 17% dessas colisões terminam em morte imediata do animal. “Muitos ainda morrem em consequência do choque, ainda que bem depois”, afirma o biólogo Sandro Von Matter, diretor do Passarinhar, pesquisador em conservação da biodiversidade e consultor do Earthwatch Institute no Brasil e do Escritório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente no Brasil (Pnuma).
Von Matter começou a observação científica desse problema em 2013. No início deste ano, lançou uma plataforma colaborativa para coletar informações de incidentes em todo o país. De janeiro a julho, obteve 1.011 registros de impacto, em 561 municípios de 21 estados. A maior parte das vítimas é de aves que costumam viver em ambientes urbanos — sabiás (21%), beija-flores (15%) e rolinhas (13%). “Mas foram registradas diversas ocorrências para espécies de aves presentes na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais das espécies ameaçadas”, diz o pesquisador. Exemplos são o papagaio- galego, a jandaia-de-testa-vermelha, o corocoxó e o beija- flor-rajado.
Pequenas alturas. Ao observar os registros obtidos pelo estudo, é possível compreender que, ao contrário do que parece, os grandes edifícios não são os maiores vilões dos passarinhos. Isso porque 85% dos impactos acontecem a até 3 metros do solo - 32% em estruturas de vidro ao nível do solo, como pontos de ônibus e painéis; e 53% em residências de até três andares. Os outros 15% dos acidentes foram registrados em edifícios de 4 a 11 andares. “Evolutivamente, as aves no meio urbano preferem áreas mais baixas”, explica Von Matter. “Isso porque, 'escondidas' pelo anteparo formado pelos prédios, elas se sentem protegidas. Em áreas abertas, voando mais alto, elas estariam vulneráveis a um eventual predador.” Também há a questão da busca pelo alimento, que, no ambiente e espaço urbano, em geral costuma ser obtido no solo ou próximo dele.
No Brasil não há estimativa abrangente de quantas aves morrem em batidas no vidro. “Nos EUA, calcula-se que sejam 988 milhões de mortes por ano, e lá existem apenas 844 espécies de aves. Aqui são 1.919”, diz Von Matter. Ele tem apresentado seu projeto — com os primeiros resultados — à comunidade científica. Em 2 de agosto, este foi o tema de um dos painéis do Congresso Brasileiro de Ornitologia, em Pirenópolis, Goiás. “Temos uma das maiores biodiversidades do mundo, vivemos em um momento de verticalização das cidades, e só agora um estudo desses começa a ser feito”, afirma a bióloga Neiva Guedes, presidente do Instituto Arara Azul. Para Guedes, a colaboração da sociedade é fundamental para o andamento das pesquisas. “Precisamos que a sociedade apoie iniciativas de pesquisa como essa. Nosso acervo de dados resulta, na maior parte, das informações que as pessoas nos dão através do nosso site na internet”, afirma a pesquisadora. Quem testemunhar alguma colisão pode participar do levantamento por meio do endereço ww.colisoesdeaves.com.
VEIGA, Edilson. Vidraça: a predadora invisível das aves. O Estado de São Paulo, Metrópole, domingo, 4 set. 2016, p. AZ4. (Adaptado).
O biólogo Sandro Von Matter é apresentado no texto como um agente
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Von Matter começou a observação científica desse problema em 2013. No início deste ano, lançou uma plataforma colaborativa para coletar informações de incidentes em todo o país. De janeiro a julho, obteve 1.011 registros de impacto, em 561 municípios de 21 estados. A maior parte das vítimas é de aves que costumam viver em ambientes urbanos — sabiás (21%), beija-flores (15%) e rolinhas (13%). “Mas foram registradas diversas ocorrências para espécies de aves presentes na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais das espécies ameaçadas”, diz o pesquisador. Exemplos são o papagaio- galego, a jandaia-de-testa-vermelha, o corocoxó e o beija- flor-rajado.
Pequenas alturas. Ao observar os registros obtidos pelo estudo, é possível compreender que, ao contrário do que parece, os grandes edifícios não são os maiores vilões dos passarinhos. Isso porque 85% dos impactos acontecem a até 3 metros do solo - 32% em estruturas de vidro ao nível do solo, como pontos de ônibus e painéis; e 53% em residências de até três andares. Os outros 15% dos acidentes foram registrados em edifícios de 4 a 11 andares. “Evolutivamente, as aves no meio urbano preferem áreas mais baixas”, explica Von Matter. “Isso porque, 'escondidas' pelo anteparo formado pelos prédios, elas se sentem protegidas. Em áreas abertas, voando mais alto, elas estariam vulneráveis a um eventual predador.” Também há a questão da busca pelo alimento, que, no ambiente e espaço urbano, em geral costuma ser obtido no solo ou próximo dele.
No Brasil não há estimativa abrangente de quantas aves morrem em batidas no vidro. “Nos EUA, calcula-se que sejam 988 milhões de mortes por ano, e lá existem apenas 844 espécies de aves. Aqui são 1.919”, diz Von Matter. Ele tem apresentado seu projeto — com os primeiros resultados — à comunidade científica. Em 2 de agosto, este foi o tema de um dos painéis do Congresso Brasileiro de Ornitologia, em Pirenópolis, Goiás. “Temos uma das maiores biodiversidades do mundo, vivemos em um momento de verticalização das cidades, e só agora um estudo desses começa a ser feito”, afirma a bióloga Neiva Guedes, presidente do Instituto Arara Azul. Para Guedes, a colaboração da sociedade é fundamental para o andamento das pesquisas. “Precisamos que a sociedade apoie iniciativas de pesquisa como essa. Nosso acervo de dados resulta, na maior parte, das informações que as pessoas nos dão através do nosso site na internet”, afirma a pesquisadora. Quem testemunhar alguma colisão pode participar do levantamento por meio do endereço ww.colisoesdeaves.com.
VEIGA, Edilson. Vidraça: a predadora invisível das aves. O Estado de São Paulo, Metrópole, domingo, 4 set. 2016, p. AZ4. (Adaptado).
No texto, o uso das aspas em “Evolutivamente, as aves no meio urbano preferem áreas mais baixas” indica que esse trecho constitui uma
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Nas janelas de grandes prédios, em pontos de ônibus e em painéis, o vidro é um grande (e invisível) predador de aves urbanas. De acordo com levantamento do Instituto Passarinhar, 17% dessas colisões terminam em morte imediata do animal. “Muitos ainda morrem em consequência do choque, ainda que bem depois”, afirma o biólogo Sandro Von Matter, diretor do Passarinhar, pesquisador em conservação da biodiversidade e consultor do Earthwatch Institute no Brasil e do Escritório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente no Brasil (Pnuma).
Von Matter começou a observação científica desse problema em 2013. No início deste ano, lançou uma plataforma colaborativa para coletar informações de incidentes em todo o país. De janeiro a julho, obteve 1.011 registros de impacto, em 561 municípios de 21 estados. A maior parte das vítimas é de aves que costumam viver em ambientes urbanos — sabiás (21%), beija-flores (15%) e rolinhas (13%). “Mas foram registradas diversas ocorrências para espécies de aves presentes na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais das espécies ameaçadas”, diz o pesquisador. Exemplos são o papagaio- galego, a jandaia-de-testa-vermelha, o corocoxó e o beija- flor-rajado.
Pequenas alturas. Ao observar os registros obtidos pelo estudo, é possível compreender que, ao contrário do que parece, os grandes edifícios não são os maiores vilões dos passarinhos. Isso porque 85% dos impactos acontecem a até 3 metros do solo - 32% em estruturas de vidro ao nível do solo, como pontos de ônibus e painéis; e 53% em residências de até três andares. Os outros 15% dos acidentes foram registrados em edifícios de 4 a 11 andares. “Evolutivamente, as aves no meio urbano preferem áreas mais baixas”, explica Von Matter. “Isso porque, 'escondidas' pelo anteparo formado pelos prédios, elas se sentem protegidas. Em áreas abertas, voando mais alto, elas estariam vulneráveis a um eventual predador.” Também há a questão da busca pelo alimento, que, no ambiente e espaço urbano, em geral costuma ser obtido no solo ou próximo dele.
No Brasil não há estimativa abrangente de quantas aves morrem em batidas no vidro. “Nos EUA, calcula-se que sejam 988 milhões de mortes por ano, e lá existem apenas 844 espécies de aves. Aqui são 1.919”, diz Von Matter. Ele tem apresentado seu projeto — com os primeiros resultados — à comunidade científica. Em 2 de agosto, este foi o tema de um dos painéis do Congresso Brasileiro de Ornitologia, em Pirenópolis, Goiás. “Temos uma das maiores biodiversidades do mundo, vivemos em um momento de verticalização das cidades, e só agora um estudo desses começa a ser feito”, afirma a bióloga Neiva Guedes, presidente do Instituto Arara Azul. Para Guedes, a colaboração da sociedade é fundamental para o andamento das pesquisas. “Precisamos que a sociedade apoie iniciativas de pesquisa como essa. Nosso acervo de dados resulta, na maior parte, das informações que as pessoas nos dão através do nosso site na internet”, afirma a pesquisadora. Quem testemunhar alguma colisão pode participar do levantamento por meio do endereço ww.colisoesdeaves.com.
VEIGA, Edilson. Vidraça: a predadora invisível das aves. O Estado de São Paulo, Metrópole, domingo, 4 set. 2016, p. AZ4. (Adaptado).
O texto “Vidraça: a predadora invisível das aves” tem como propósito comunicativo básico apresentar informações sobre um fato social.
Contudo, no último parágrafo há uma mudança na direção retórica do texto, que é caracterizada pela enunciação de um
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Nas janelas de grandes prédios, em pontos de ônibus e em painéis, o vidro é um grande (e invisível) predador de aves urbanas. De acordo com levantamento do Instituto Passarinhar, 17% dessas colisões terminam em morte imediata do animal. “Muitos ainda morrem em consequência do choque, ainda que bem depois”, afirma o biólogo Sandro Von Matter, diretor do Passarinhar, pesquisador em conservação da biodiversidade e consultor do Earthwatch Institute no Brasil e do Escritório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente no Brasil (Pnuma).
Von Matter começou a observação científica desse problema em 2013. No início deste ano, lançou uma plataforma colaborativa para coletar informações de incidentes em todo o país. De janeiro a julho, obteve 1.011 registros de impacto, em 561 municípios de 21 estados. A maior parte das vítimas é de aves que costumam viver em ambientes urbanos — sabiás (21%), beija-flores (15%) e rolinhas (13%). “Mas foram registradas diversas ocorrências para espécies de aves presentes na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais das espécies ameaçadas”, diz o pesquisador. Exemplos são o papagaio- galego, a jandaia-de-testa-vermelha, o corocoxó e o beija- flor-rajado.
Pequenas alturas. Ao observar os registros obtidos pelo estudo, é possível compreender que, ao contrário do que parece, os grandes edifícios não são os maiores vilões dos passarinhos. Isso porque 85% dos impactos acontecem a até 3 metros do solo - 32% em estruturas de vidro ao nível do solo, como pontos de ônibus e painéis; e 53% em residências de até três andares. Os outros 15% dos acidentes foram registrados em edifícios de 4 a 11 andares. “Evolutivamente, as aves no meio urbano preferem áreas mais baixas”, explica Von Matter. “Isso porque, 'escondidas' pelo anteparo formado pelos prédios, elas se sentem protegidas. Em áreas abertas, voando mais alto, elas estariam vulneráveis a um eventual predador.” Também há a questão da busca pelo alimento, que, no ambiente e espaço urbano, em geral costuma ser obtido no solo ou próximo dele.
No Brasil não há estimativa abrangente de quantas aves morrem em batidas no vidro. “Nos EUA, calcula-se que sejam 988 milhões de mortes por ano, e lá existem apenas 844 espécies de aves. Aqui são 1.919”, diz Von Matter. Ele tem apresentado seu projeto — com os primeiros resultados — à comunidade científica. Em 2 de agosto, este foi o tema de um dos painéis do Congresso Brasileiro de Ornitologia, em Pirenópolis, Goiás. “Temos uma das maiores biodiversidades do mundo, vivemos em um momento de verticalização das cidades, e só agora um estudo desses começa a ser feito”, afirma a bióloga Neiva Guedes, presidente do Instituto Arara Azul. Para Guedes, a colaboração da sociedade é fundamental para o andamento das pesquisas. “Precisamos que a sociedade apoie iniciativas de pesquisa como essa. Nosso acervo de dados resulta, na maior parte, das informações que as pessoas nos dão através do nosso site na internet”, afirma a pesquisadora. Quem testemunhar alguma colisão pode participar do levantamento por meio do endereço ww.colisoesdeaves.com.
VEIGA, Edilson. Vidraça: a predadora invisível das aves. O Estado de São Paulo, Metrópole, domingo, 4 set. 2016, p. AZ4. (Adaptado).
O sentido conotativo da frase “o vidro é um grande (e invisível) predador de aves urbanas” é construído a partir da seguinte figura de linguagem: