UEA - SIS 2021 2° Etapa
64 Questões
Leia o capítulo “A inscrição” do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, para responder à questão.
Tudo o que contei no fim do outro capítulo foi obra de um instante. O que se lhe seguiu foi ainda mais rápido. Dei um pulo, e antes que ela raspasse o muro, li estes dous nomes, abertos ao prego, e assim dispostos:
Bento
Capitolina
Voltei-me para ela; Capitu tinha os olhos no chão. Ergueu- -os logo, devagar, e ficamos a olhar um para o outro... Confissão de crianças, tu valias bem duas ou três páginas, mas quero ser poupado. Em verdade, não falamos nada; o muro falou por nós. Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se, fundindo-se. Não marquei a hora exata daquele gesto. Devia tê-la marcado; sinto a falta de uma nota escrita naquela mesma noite, e que eu poria aqui com os erros de ortografia que trouxesse, mas não traria nenhum, tal era a diferença entre o estudante e o adolescente. Conhecia as regras do escrever, sem suspeitar as do amar; tinha orgias de latim e era virgem de mulheres.
Não soltamos as mãos, nem elas se deixaram cair de cansadas ou de esquecidas. Os olhos fitavam-se e desfitavam-se, e depois de vagarem ao perto, tornavam a meter- -se uns pelos outros... Padre futuro, estava assim diante dela como de um altar, sendo uma das faces a Epístola e a outra o Evangelho. A boca podia ser o cálix1, os lábios a patena2. Faltava dizer a missa nova, por um latim que ninguém aprende, e é a língua católica dos homens. Não me tenhas por sacrílego, leitora minha devota; a limpeza da intenção lava o que puder haver menos curial3 no estilo. Estávamos ali com o céu em nós. As mãos, unindo os nervos, faziam das duas criaturas uma só, mas uma só criatura seráfica. Os olhos continuaram a dizer cousas infinitas, as palavras de boca é que nem tentavam sair, tornavam ao coração caladas como vinham...
(Dom Casmurro, 2016.)
1 cálix: cálice (espécie de vaso cilíndrico que serve na missa para a consagração do vinho).
2 patena: disco metálico que serve para cobrir o cálice e sobre o qual se coloca a hóstia na missa.
3 curial: apropriado; compatível com as normas, regras.
“Capitu tinha os olhos no chão.” (4º parágrafo) Considerando o contexto, o trecho sugere que Capitu estava
Leia o capítulo “A inscrição” do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, para responder à questão.
Tudo o que contei no fim do outro capítulo foi obra de um instante. O que se lhe seguiu foi ainda mais rápido. Dei um pulo, e antes que ela raspasse o muro, li estes dous nomes, abertos ao prego, e assim dispostos:
Bento
Capitolina
Voltei-me para ela; Capitu tinha os olhos no chão. Ergueu- -os logo, devagar, e ficamos a olhar um para o outro... Confissão de crianças, tu valias bem duas ou três páginas, mas quero ser poupado. Em verdade, não falamos nada; o muro falou por nós. Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se, fundindo-se. Não marquei a hora exata daquele gesto. Devia tê-la marcado; sinto a falta de uma nota escrita naquela mesma noite, e que eu poria aqui com os erros de ortografia que trouxesse, mas não traria nenhum, tal era a diferença entre o estudante e o adolescente. Conhecia as regras do escrever, sem suspeitar as do amar; tinha orgias de latim e era virgem de mulheres.
Não soltamos as mãos, nem elas se deixaram cair de cansadas ou de esquecidas. Os olhos fitavam-se e desfitavam-se, e depois de vagarem ao perto, tornavam a meter- -se uns pelos outros... Padre futuro, estava assim diante dela como de um altar, sendo uma das faces a Epístola e a outra o Evangelho. A boca podia ser o cálix1, os lábios a patena2. Faltava dizer a missa nova, por um latim que ninguém aprende, e é a língua católica dos homens. Não me tenhas por sacrílego, leitora minha devota; a limpeza da intenção lava o que puder haver menos curial3 no estilo. Estávamos ali com o céu em nós. As mãos, unindo os nervos, faziam das duas criaturas uma só, mas uma só criatura seráfica. Os olhos continuaram a dizer cousas infinitas, as palavras de boca é que nem tentavam sair, tornavam ao coração caladas como vinham...
(Dom Casmurro, 2016.)
1 cálix: cálice (espécie de vaso cilíndrico que serve na missa para a consagração do vinho).
2 patena: disco metálico que serve para cobrir o cálice e sobre o qual se coloca a hóstia na missa.
3 curial: apropriado; compatível com as normas, regras.
Antítese: figura de linguagem pela qual se opõem, numa mesma frase, duas palavras ou dois pensamentos de sentido contrário.
(Dicionário Houaiss da língua portuguesa, 2009. Adaptado.)
Ocorre antítese no trecho:
Leia o capítulo “A inscrição” do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, para responder à questão.
Tudo o que contei no fim do outro capítulo foi obra de um instante. O que se lhe seguiu foi ainda mais rápido. Dei um pulo, e antes que ela raspasse o muro, li estes dous nomes, abertos ao prego, e assim dispostos:
Bento
Capitolina
Voltei-me para ela; Capitu tinha os olhos no chão. Ergueu- -os logo, devagar, e ficamos a olhar um para o outro... Confissão de crianças, tu valias bem duas ou três páginas, mas quero ser poupado. Em verdade, não falamos nada; o muro falou por nós. Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se, fundindo-se. Não marquei a hora exata daquele gesto. Devia tê-la marcado; sinto a falta de uma nota escrita naquela mesma noite, e que eu poria aqui com os erros de ortografia que trouxesse, mas não traria nenhum, tal era a diferença entre o estudante e o adolescente. Conhecia as regras do escrever, sem suspeitar as do amar; tinha orgias de latim e era virgem de mulheres.
Não soltamos as mãos, nem elas se deixaram cair de cansadas ou de esquecidas. Os olhos fitavam-se e desfitavam-se, e depois de vagarem ao perto, tornavam a meter- -se uns pelos outros... Padre futuro, estava assim diante dela como de um altar, sendo uma das faces a Epístola e a outra o Evangelho. A boca podia ser o cálix1, os lábios a patena2. Faltava dizer a missa nova, por um latim que ninguém aprende, e é a língua católica dos homens. Não me tenhas por sacrílego, leitora minha devota; a limpeza da intenção lava o que puder haver menos curial3 no estilo. Estávamos ali com o céu em nós. As mãos, unindo os nervos, faziam das duas criaturas uma só, mas uma só criatura seráfica. Os olhos continuaram a dizer cousas infinitas, as palavras de boca é que nem tentavam sair, tornavam ao coração caladas como vinham...
(Dom Casmurro, 2016.)
1 cálix: cálice (espécie de vaso cilíndrico que serve na missa para a consagração do vinho).
2 patena: disco metálico que serve para cobrir o cálice e sobre o qual se coloca a hóstia na missa.
3 curial: apropriado; compatível com as normas, regras.
Em “Devia tê-la marcado; sinto a falta de uma nota escrita naquela mesma noite” (4° parágrafo), o narrador expressa, sobretudo,
Leia o capítulo “A inscrição” do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, para responder à questão.
Tudo o que contei no fim do outro capítulo foi obra de um instante. O que se lhe seguiu foi ainda mais rápido. Dei um pulo, e antes que ela raspasse o muro, li estes dous nomes, abertos ao prego, e assim dispostos:
Bento
Capitolina
Voltei-me para ela; Capitu tinha os olhos no chão. Ergueu- -os logo, devagar, e ficamos a olhar um para o outro... Confissão de crianças, tu valias bem duas ou três páginas, mas quero ser poupado. Em verdade, não falamos nada; o muro falou por nós. Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se, fundindo-se. Não marquei a hora exata daquele gesto. Devia tê-la marcado; sinto a falta de uma nota escrita naquela mesma noite, e que eu poria aqui com os erros de ortografia que trouxesse, mas não traria nenhum, tal era a diferença entre o estudante e o adolescente. Conhecia as regras do escrever, sem suspeitar as do amar; tinha orgias de latim e era virgem de mulheres.
Não soltamos as mãos, nem elas se deixaram cair de cansadas ou de esquecidas. Os olhos fitavam-se e desfitavam-se, e depois de vagarem ao perto, tornavam a meter- -se uns pelos outros... Padre futuro, estava assim diante dela como de um altar, sendo uma das faces a Epístola e a outra o Evangelho. A boca podia ser o cálix1, os lábios a patena2. Faltava dizer a missa nova, por um latim que ninguém aprende, e é a língua católica dos homens. Não me tenhas por sacrílego, leitora minha devota; a limpeza da intenção lava o que puder haver menos curial3 no estilo. Estávamos ali com o céu em nós. As mãos, unindo os nervos, faziam das duas criaturas uma só, mas uma só criatura seráfica. Os olhos continuaram a dizer cousas infinitas, as palavras de boca é que nem tentavam sair, tornavam ao coração caladas como vinham...
(Dom Casmurro, 2016.)
1 cálix: cálice (espécie de vaso cilíndrico que serve na missa para a consagração do vinho).
2 patena: disco metálico que serve para cobrir o cálice e sobre o qual se coloca a hóstia na missa.
3 curial: apropriado; compatível com as normas, regras.
Metalinguagem: Linguagem sobre linguagem. Discurso sobre um sistema de signos por meio desse próprio sistema. Por exemplo: a língua falando sobre si mesma (a gramática, a linguística), um poema falando sobre si mesmo, uma narrativa falando sobre si mesma, um filme falando sobre si mesmo etc.
(Celso Pedro Luft. Abc da língua culta, 2010. Adaptado.)
O narrador recorre à metalinguagem no trecho:
Leia o capítulo “A inscrição” do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, para responder à questão.
Tudo o que contei no fim do outro capítulo foi obra de um instante. O que se lhe seguiu foi ainda mais rápido. Dei um pulo, e antes que ela raspasse o muro, li estes dous nomes, abertos ao prego, e assim dispostos:
Bento
Capitolina
Voltei-me para ela; Capitu tinha os olhos no chão. Ergueu- -os logo, devagar, e ficamos a olhar um para o outro... Confissão de crianças, tu valias bem duas ou três páginas, mas quero ser poupado. Em verdade, não falamos nada; o muro falou por nós. Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se, fundindo-se. Não marquei a hora exata daquele gesto. Devia tê-la marcado; sinto a falta de uma nota escrita naquela mesma noite, e que eu poria aqui com os erros de ortografia que trouxesse, mas não traria nenhum, tal era a diferença entre o estudante e o adolescente. Conhecia as regras do escrever, sem suspeitar as do amar; tinha orgias de latim e era virgem de mulheres.
Não soltamos as mãos, nem elas se deixaram cair de cansadas ou de esquecidas. Os olhos fitavam-se e desfitavam-se, e depois de vagarem ao perto, tornavam a meter- -se uns pelos outros... Padre futuro, estava assim diante dela como de um altar, sendo uma das faces a Epístola e a outra o Evangelho. A boca podia ser o cálix1, os lábios a patena2. Faltava dizer a missa nova, por um latim que ninguém aprende, e é a língua católica dos homens. Não me tenhas por sacrílego, leitora minha devota; a limpeza da intenção lava o que puder haver menos curial3 no estilo. Estávamos ali com o céu em nós. As mãos, unindo os nervos, faziam das duas criaturas uma só, mas uma só criatura seráfica. Os olhos continuaram a dizer cousas infinitas, as palavras de boca é que nem tentavam sair, tornavam ao coração caladas como vinham...
(Dom Casmurro, 2016.)
1 cálix: cálice (espécie de vaso cilíndrico que serve na missa para a consagração do vinho).
2 patena: disco metálico que serve para cobrir o cálice e sobre o qual se coloca a hóstia na missa.
3 curial: apropriado; compatível com as normas, regras.
Em “eu poria aqui com os erros de ortografia que trouxesse, mas não traria nenhum, tal era a diferença entre o estudante e o adolescente” (4° parágrafo), o termo sublinhado pode ser substituído, sem prejuízo para o sentido da frase, por:
Leia o trecho de um poema de Castro Alves, para responder à questão.
Mas que vejo eu aí... Que quadro d’amarguras!
É canto funeral!... Que tétricas1 figuras!...
Que cena infame e vil... Meu Deus! meu Deus! Que horror!
Era um sonho dantesco... o tombadilho2
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras, moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
[...]
Existe um povo que a bandeira empresta
P’ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante3 fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea4 tripudia?
Silêncio, Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto!...
Auriverde pendão5 de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...
(Antonio Carlos Secchin (org.). Romantismo, 2007.)
1 tétrico: que causa horror.
2 tombadilho: superestrutura erguida na popa de um navio, geralmente toda fechada e indo de um a outro bordo.
3 bacante: mulher licenciosa, depravada.
4 gávea: parte do mastro de um navio.
5 pendão: bandeira.
O trecho exemplifica uma vertente da poesia de Castro Alves, caracterizada