CUSC 2019 Medicina 1° Semestre
50 Questões
Leia o texto de Dante Moreira Leite para responder à questão.
Parece possível distinguir duas tendências fundamentais na reação ao grupo estranho: uma de admiração e aceitação, outra de desprezo e recusa.
Aparentemente, quase todos os seres humanos apresentam essas duas tendências fundamentais. A participação em nosso grupo provoca sentimentos de segurança e bem-estar, pois supomos entender que os que falam a nossa língua têm um passado em comum conosco, e também sabem o que esperar de nós. Mesmo quando nos desentendemos, sabemos por que isso ocorre, podemos esperar que nosso interlocutor acabe por nos entender e aceitar. E nisso talvez a linguagem desempenhe um papel fundamental, pois os homens geralmente são incapazes de utilizar perfeitamente mais de uma língua, e só naquela aprendida na infância somos capazes de exprimir todas as sutilezas do pensamento, todas as formas de ódio e amor. Além disso, o local em que nascemos e crescemos, a paisagem que conhecemos, tudo isso parece constituir um universo próximo e amigo, cujo reencontro é sempre uma alegria e uma consolação.
No outro extremo, o estrangeiro provoca a nossa desconfiança, às vezes o nosso medo. Nem sempre entendemos os seus gestos e certamente não compreendemos a sua língua. Ele não se veste como nós, a sua fisionomia pode ser diferente da nossa e não adora os nossos deuses. Entre os primitivos, o estrangeiro passava por uma complexa cerimônia, destinada a afastar os malefícios que trouxesse de seus demônios; ao voltar de uma viagem, as pessoas deveriam permanecer isoladas por algum tempo, até que delas se afastassem os demônios estranhos, acaso encontrados pelo caminho.
E, no entanto, sentimos que o contrário também é verdade. Frequentemente sonhamos com o país distante, a terra prometida onde possamos realizar nossos desejos. Sentimos que aqueles que mais nos conhecem são também capazes de ignorar o que de melhor trazemos conosco. E o provérbio “ninguém é profeta em sua terra” traduz precisamente essa ideia de que não podemos compreender integralmente quem está muito próximo de nós. As situações novas, além disso, são atraentes e provocantes: o novo ou desconhecido parece, pelo menos durante algum tempo, mais belo e mais atraente do que o velho; os nossos olhos parecem mais penetrantes ao observar a nova paisagem, ao admirar outras figuras humanas.
Basta enunciar ou descrever essas tendências aparentemente antagônicas para verificar que não estamos diante de situações simples e unívocas. Ainda quando atraente, o estranho provoca uma reação de medo mais ou menos intenso; outras vezes, essa relação é de asco ou repugnância, mais ou menos frequente diante de alimentos exóticos.
De outro lado, na reação negativa ao estranho quase sempre é possível descobrir um aspecto positivo de curiosidade, geralmente oculto sob a reação negativa fundamental. Além disso, ao grupo estranho atribuem-se, além das características negativas, alguns traços sobre-humanos ou fantásticos: embora sofra preconceito, o estranho é muitas vezes descrito como possuidor de alguma força extraordinária. Se aceitamos a ideia freudiana da ambivalência fundamental dos sentimentos – isto é, o amor sempre contém um elemento de ódio, e vice-versa, essa observação não parecerá surpreendente. E no domínio das relações entre os sexos essa ambivalência da reação ao estranho se revela com toda a intensidade e dramaticidade.
(O caráter nacional brasileiro, 1983. Adaptado.)
Segundo o texto, pode-se afirmar que
Leia o texto de Dante Moreira Leite para responder à questão.
Parece possível distinguir duas tendências fundamentais na reação ao grupo estranho: uma de admiração e aceitação, outra de desprezo e recusa.
Aparentemente, quase todos os seres humanos apresentam essas duas tendências fundamentais. A participação em nosso grupo provoca sentimentos de segurança e bem-estar, pois supomos entender que os que falam a nossa língua têm um passado em comum conosco, e também sabem o que esperar de nós. Mesmo quando nos desentendemos, sabemos por que isso ocorre, podemos esperar que nosso interlocutor acabe por nos entender e aceitar. E nisso talvez a linguagem desempenhe um papel fundamental, pois os homens geralmente são incapazes de utilizar perfeitamente mais de uma língua, e só naquela aprendida na infância somos capazes de exprimir todas as sutilezas do pensamento, todas as formas de ódio e amor. Além disso, o local em que nascemos e crescemos, a paisagem que conhecemos, tudo isso parece constituir um universo próximo e amigo, cujo reencontro é sempre uma alegria e uma consolação.
No outro extremo, o estrangeiro provoca a nossa desconfiança, às vezes o nosso medo. Nem sempre entendemos os seus gestos e certamente não compreendemos a sua língua. Ele não se veste como nós, a sua fisionomia pode ser diferente da nossa e não adora os nossos deuses. Entre os primitivos, o estrangeiro passava por uma complexa cerimônia, destinada a afastar os malefícios que trouxesse de seus demônios; ao voltar de uma viagem, as pessoas deveriam permanecer isoladas por algum tempo, até que delas se afastassem os demônios estranhos, acaso encontrados pelo caminho.
E, no entanto, sentimos que o contrário também é verdade. Frequentemente sonhamos com o país distante, a terra prometida onde possamos realizar nossos desejos. Sentimos que aqueles que mais nos conhecem são também capazes de ignorar o que de melhor trazemos conosco. E o provérbio “ninguém é profeta em sua terra” traduz precisamente essa ideia de que não podemos compreender integralmente quem está muito próximo de nós. As situações novas, além disso, são atraentes e provocantes: o novo ou desconhecido parece, pelo menos durante algum tempo, mais belo e mais atraente do que o velho; os nossos olhos parecem mais penetrantes ao observar a nova paisagem, ao admirar outras figuras humanas.
Basta enunciar ou descrever essas tendências aparentemente antagônicas para verificar que não estamos diante de situações simples e unívocas. Ainda quando atraente, o estranho provoca uma reação de medo mais ou menos intenso; outras vezes, essa relação é de asco ou repugnância, mais ou menos frequente diante de alimentos exóticos.
De outro lado, na reação negativa ao estranho quase sempre é possível descobrir um aspecto positivo de curiosidade, geralmente oculto sob a reação negativa fundamental. Além disso, ao grupo estranho atribuem-se, além das características negativas, alguns traços sobre-humanos ou fantásticos: embora sofra preconceito, o estranho é muitas vezes descrito como possuidor de alguma força extraordinária. Se aceitamos a ideia freudiana da ambivalência fundamental dos sentimentos – isto é, o amor sempre contém um elemento de ódio, e vice-versa, essa observação não parecerá surpreendente. E no domínio das relações entre os sexos essa ambivalência da reação ao estranho se revela com toda a intensidade e dramaticidade.
(O caráter nacional brasileiro, 1983. Adaptado.)
“Além disso, ao grupo estranho atribuem-se, além das características negativas, alguns traços sobre-humanos ou fantásticos” (6º parágrafo)
No contexto do sexto parágrafo, a alternativa que reescreve corretamente o trecho, preservando o seu sentido original, é:
Leia o texto de Dante Moreira Leite para responder à questão.
Parece possível distinguir duas tendências fundamentais na reação ao grupo estranho: uma de admiração e aceitação, outra de desprezo e recusa.
Aparentemente, quase todos os seres humanos apresentam essas duas tendências fundamentais. A participação em nosso grupo provoca sentimentos de segurança e bem-estar, pois supomos entender que os que falam a nossa língua têm um passado em comum conosco, e também sabem o que esperar de nós. Mesmo quando nos desentendemos, sabemos por que isso ocorre, podemos esperar que nosso interlocutor acabe por nos entender e aceitar. E nisso talvez a linguagem desempenhe um papel fundamental, pois os homens geralmente são incapazes de utilizar perfeitamente mais de uma língua, e só naquela aprendida na infância somos capazes de exprimir todas as sutilezas do pensamento, todas as formas de ódio e amor. Além disso, o local em que nascemos e crescemos, a paisagem que conhecemos, tudo isso parece constituir um universo próximo e amigo, cujo reencontro é sempre uma alegria e uma consolação.
No outro extremo, o estrangeiro provoca a nossa desconfiança, às vezes o nosso medo. Nem sempre entendemos os seus gestos e certamente não compreendemos a sua língua. Ele não se veste como nós, a sua fisionomia pode ser diferente da nossa e não adora os nossos deuses. Entre os primitivos, o estrangeiro passava por uma complexa cerimônia, destinada a afastar os malefícios que trouxesse de seus demônios; ao voltar de uma viagem, as pessoas deveriam permanecer isoladas por algum tempo, até que delas se afastassem os demônios estranhos, acaso encontrados pelo caminho.
E, no entanto, sentimos que o contrário também é verdade. Frequentemente sonhamos com o país distante, a terra prometida onde possamos realizar nossos desejos. Sentimos que aqueles que mais nos conhecem são também capazes de ignorar o que de melhor trazemos conosco. E o provérbio “ninguém é profeta em sua terra” traduz precisamente essa ideia de que não podemos compreender integralmente quem está muito próximo de nós. As situações novas, além disso, são atraentes e provocantes: o novo ou desconhecido parece, pelo menos durante algum tempo, mais belo e mais atraente do que o velho; os nossos olhos parecem mais penetrantes ao observar a nova paisagem, ao admirar outras figuras humanas.
Basta enunciar ou descrever essas tendências aparentemente antagônicas para verificar que não estamos diante de situações simples e unívocas. Ainda quando atraente, o estranho provoca uma reação de medo mais ou menos intenso; outras vezes, essa relação é de asco ou repugnância, mais ou menos frequente diante de alimentos exóticos.
De outro lado, na reação negativa ao estranho quase sempre é possível descobrir um aspecto positivo de curiosidade, geralmente oculto sob a reação negativa fundamental. Além disso, ao grupo estranho atribuem-se, além das características negativas, alguns traços sobre-humanos ou fantásticos: embora sofra preconceito, o estranho é muitas vezes descrito como possuidor de alguma força extraordinária. Se aceitamos a ideia freudiana da ambivalência fundamental dos sentimentos – isto é, o amor sempre contém um elemento de ódio, e vice-versa, essa observação não parecerá surpreendente. E no domínio das relações entre os sexos essa ambivalência da reação ao estranho se revela com toda a intensidade e dramaticidade.
(O caráter nacional brasileiro, 1983. Adaptado.)
“Entre os primitivos, o estrangeiro passava por uma complexa cerimônia, destinada a afastar os malefícios que trouxesse de seus demônios; ao voltar de uma viagem, as pessoas deveriam permanecer isoladas por algum tempo, até que delas se afastassem os demônios estranhos, acaso encontrados pelo caminho.” (3º parágrafo)
Em seu contexto, a passagem sublinhada expressa o sentido de:
Leia o texto de Dante Moreira Leite para responder à questão.
Parece possível distinguir duas tendências fundamentais na reação ao grupo estranho: uma de admiração e aceitação, outra de desprezo e recusa.
Aparentemente, quase todos os seres humanos apresentam essas duas tendências fundamentais. A participação em nosso grupo provoca sentimentos de segurança e bem-estar, pois supomos entender que os que falam a nossa língua têm um passado em comum conosco, e também sabem o que esperar de nós. Mesmo quando nos desentendemos, sabemos por que isso ocorre, podemos esperar que nosso interlocutor acabe por nos entender e aceitar. E nisso talvez a linguagem desempenhe um papel fundamental, pois os homens geralmente são incapazes de utilizar perfeitamente mais de uma língua, e só naquela aprendida na infância somos capazes de exprimir todas as sutilezas do pensamento, todas as formas de ódio e amor. Além disso, o local em que nascemos e crescemos, a paisagem que conhecemos, tudo isso parece constituir um universo próximo e amigo, cujo reencontro é sempre uma alegria e uma consolação.
No outro extremo, o estrangeiro provoca a nossa desconfiança, às vezes o nosso medo. Nem sempre entendemos os seus gestos e certamente não compreendemos a sua língua. Ele não se veste como nós, a sua fisionomia pode ser diferente da nossa e não adora os nossos deuses. Entre os primitivos, o estrangeiro passava por uma complexa cerimônia, destinada a afastar os malefícios que trouxesse de seus demônios; ao voltar de uma viagem, as pessoas deveriam permanecer isoladas por algum tempo, até que delas se afastassem os demônios estranhos, acaso encontrados pelo caminho.
E, no entanto, sentimos que o contrário também é verdade. Frequentemente sonhamos com o país distante, a terra prometida onde possamos realizar nossos desejos. Sentimos que aqueles que mais nos conhecem são também capazes de ignorar o que de melhor trazemos conosco. E o provérbio “ninguém é profeta em sua terra” traduz precisamente essa ideia de que não podemos compreender integralmente quem está muito próximo de nós. As situações novas, além disso, são atraentes e provocantes: o novo ou desconhecido parece, pelo menos durante algum tempo, mais belo e mais atraente do que o velho; os nossos olhos parecem mais penetrantes ao observar a nova paisagem, ao admirar outras figuras humanas.
Basta enunciar ou descrever essas tendências aparentemente antagônicas para verificar que não estamos diante de situações simples e unívocas. Ainda quando atraente, o estranho provoca uma reação de medo mais ou menos intenso; outras vezes, essa relação é de asco ou repugnância, mais ou menos frequente diante de alimentos exóticos.
De outro lado, na reação negativa ao estranho quase sempre é possível descobrir um aspecto positivo de curiosidade, geralmente oculto sob a reação negativa fundamental. Além disso, ao grupo estranho atribuem-se, além das características negativas, alguns traços sobre-humanos ou fantásticos: embora sofra preconceito, o estranho é muitas vezes descrito como possuidor de alguma força extraordinária. Se aceitamos a ideia freudiana da ambivalência fundamental dos sentimentos – isto é, o amor sempre contém um elemento de ódio, e vice-versa, essa observação não parecerá surpreendente. E no domínio das relações entre os sexos essa ambivalência da reação ao estranho se revela com toda a intensidade e dramaticidade.
(O caráter nacional brasileiro, 1983. Adaptado.)
Em “E, no entanto, sentimos que o contrário também é verdade.
Frequentemente sonhamos com o país distante, a terra prometida onde possamos realizar nossos desejos” (4º parágrafo), os verbos “sentir” e “poder” foram usados, respectivamente,
Leia o poema “Conselho”, de Fernando Pessoa, para responder à questão.
Cerca de grandes muros quem te sonhas.
Depois, onde é visível o jardim
Através do portão de grade dada,
Põe quantas flores são as mais risonhas,
Para que te conheçam só assim.
Onde ninguém o vir não ponhas nada.
Faze canteiros como os que outros têm,
Onde os olhares possam entrever
O teu jardim como lho vais mostrar.
Mas onde és teu, e nunca o vê ninguém,
Deixa as flores que vêm do chão crescer
E deixa as ervas naturais medrar.
Faze de ti um duplo ser guardado;
E que ninguém, que veja e fite, possa
Saber mais que um jardim de quem tu és –
Um jardim ostensivo e reservado,
Por trás do qual a flor nativa roça
A erva tão pobre que nem tu a vês...
(Obra poética, 1998.)
O conselho dado pelo eu poético
Leia o poema “Conselho”, de Fernando Pessoa, para responder à questão.
Cerca de grandes muros quem te sonhas.
Depois, onde é visível o jardim
Através do portão de grade dada,
Põe quantas flores são as mais risonhas,
Para que te conheçam só assim.
Onde ninguém o vir não ponhas nada.
Faze canteiros como os que outros têm,
Onde os olhares possam entrever
O teu jardim como lho vais mostrar.
Mas onde és teu, e nunca o vê ninguém,
Deixa as flores que vêm do chão crescer
E deixa as ervas naturais medrar.
Faze de ti um duplo ser guardado;
E que ninguém, que veja e fite, possa
Saber mais que um jardim de quem tu és –
Um jardim ostensivo e reservado,
Por trás do qual a flor nativa roça
A erva tão pobre que nem tu a vês...
(Obra poética, 1998.)
Assinale a alternativa que contém o verso no qual ocorre o uso da prosopopeia.