UNIFUNEC 2021
40 Questões
Leia a crônica de Fernando Reinach para responder à questão.
Todos sentimos raiva quando injustiçados. Possuímos um senso profundo do que é justo ou injusto. Durante séculos se acreditou que o sentimento de justiça fosse uma característica adquirida pelo Homo sapiens durante sua educação. Nosso lado animal, agressivo e egoísta, seria domado durante a infância, criando adultos justos e capazes de se indignar frente à injustiça.
Mas, em 2003, o primatólogo Frans de Waal publicou um experimento clássico. Colocou dois macacos em jaulas vizinhas e os treinou para que devolvessem pedras colocadas no interior do recinto. Para cada pedra entregue eles recebiam uma fatia de pepino. Mas algo espantoso acontecia quando um dos macacos era recompensado com uma uva em vez de uma fatia de pepino. O macaco que recebia a uva ficava feliz e continuava a entregar as pedras. Mas o outro, que podia observar o pagamento superior recebido pelo vizinho (a uva) se revoltava. Parava de entregar a pedra ou atirava o pepino no cientista.
Frans de Waal e a psicóloga e neurocientista Sarah Brosnan nos contam o que foi descoberto nos últimos 10 anos.
Observou-se que diversos animais têm aversão à injustiça, inclusive os cachorros. Esta característica só foi observada em animais sociais, em que existe cooperação entre indivíduos de uma mesma espécie, como macacos e lobos.
Um novo tipo de comportamento foi detectado, mas agora somente em chimpanzés e crianças humanas. É a chamada aversão secundária à injustiça. Nesse experimento, foi demonstrado que em certas situações o chimpanzé ao qual é oferecido o pagamento mais valioso (uva) se recusa a recebê-lo, a não ser que seu par receba a mesma gratificação ou uma semelhante. Esse comportamento é explicado da seguinte maneira: o macaco bem pago é capaz de prever a reação negativa do macaco mal pago. Antevendo essa reação, ele evita a injustiça, apostando na possibilidade de continuar a colaborar com seu parceiro no futuro. Ele abre mão da remuneração maior para garantir o “emprego” de ambos no futuro. Nada mal para um macaco, algo muito difícil de observar entre seres humanos adultos, mas quase automático entre crianças de até 4 anos.
O que os novos estudos demonstram é que a aversão à injustiça e os comportamentos que garantem a continuidade da colaboração são uma característica biológica, hereditária, e, portanto, independente do aprendizado ou da cultura. A conclusão é que os macacos e o homem já nascem com um instinto de justiça, semelhante ao da fome e ao sexual.
Portanto, é ilusão imaginar que temos de ser educados para nos tornarmos justos. E, pior, se existe uma influência da educação, ela pode ter o efeito oposto. É possível imaginar que a educação ocidental inibe nosso senso inato de justiça, nos transforma em seres competitivos e mesquinhos, que dificilmente trocam uma vantagem econômica pela chance de continuar a colaborar com os parceiros no futuro.
(Folha de lótus, escorregador de mosquito, 2018. Adaptado.)
De acordo com o texto,
Leia a crônica de Fernando Reinach para responder à questão.
Todos sentimos raiva quando injustiçados. Possuímos um senso profundo do que é justo ou injusto. Durante séculos se acreditou que o sentimento de justiça fosse uma característica adquirida pelo Homo sapiens durante sua educação. Nosso lado animal, agressivo e egoísta, seria domado durante a infância, criando adultos justos e capazes de se indignar frente à injustiça.
Mas, em 2003, o primatólogo Frans de Waal publicou um experimento clássico. Colocou dois macacos em jaulas vizinhas e os treinou para que devolvessem pedras colocadas no interior do recinto. Para cada pedra entregue eles recebiam uma fatia de pepino. Mas algo espantoso acontecia quando um dos macacos era recompensado com uma uva em vez de uma fatia de pepino. O macaco que recebia a uva ficava feliz e continuava a entregar as pedras. Mas o outro, que podia observar o pagamento superior recebido pelo vizinho (a uva) se revoltava. Parava de entregar a pedra ou atirava o pepino no cientista.
Frans de Waal e a psicóloga e neurocientista Sarah Brosnan nos contam o que foi descoberto nos últimos 10 anos.
Observou-se que diversos animais têm aversão à injustiça, inclusive os cachorros. Esta característica só foi observada em animais sociais, em que existe cooperação entre indivíduos de uma mesma espécie, como macacos e lobos.
Um novo tipo de comportamento foi detectado, mas agora somente em chimpanzés e crianças humanas. É a chamada aversão secundária à injustiça. Nesse experimento, foi demonstrado que em certas situações o chimpanzé ao qual é oferecido o pagamento mais valioso (uva) se recusa a recebê-lo, a não ser que seu par receba a mesma gratificação ou uma semelhante. Esse comportamento é explicado da seguinte maneira: o macaco bem pago é capaz de prever a reação negativa do macaco mal pago. Antevendo essa reação, ele evita a injustiça, apostando na possibilidade de continuar a colaborar com seu parceiro no futuro. Ele abre mão da remuneração maior para garantir o “emprego” de ambos no futuro. Nada mal para um macaco, algo muito difícil de observar entre seres humanos adultos, mas quase automático entre crianças de até 4 anos.
O que os novos estudos demonstram é que a aversão à injustiça e os comportamentos que garantem a continuidade da colaboração são uma característica biológica, hereditária, e, portanto, independente do aprendizado ou da cultura. A conclusão é que os macacos e o homem já nascem com um instinto de justiça, semelhante ao da fome e ao sexual.
Portanto, é ilusão imaginar que temos de ser educados para nos tornarmos justos. E, pior, se existe uma influência da educação, ela pode ter o efeito oposto. É possível imaginar que a educação ocidental inibe nosso senso inato de justiça, nos transforma em seres competitivos e mesquinhos, que dificilmente trocam uma vantagem econômica pela chance de continuar a colaborar com os parceiros no futuro.
(Folha de lótus, escorregador de mosquito, 2018. Adaptado.)
O último parágrafo contraria uma ideia contida no primeiro, pois
Leia a crônica de Fernando Reinach para responder à questão.
Todos sentimos raiva quando injustiçados. Possuímos um senso profundo do que é justo ou injusto. Durante séculos se acreditou que o sentimento de justiça fosse uma característica adquirida pelo Homo sapiens durante sua educação. Nosso lado animal, agressivo e egoísta, seria domado durante a infância, criando adultos justos e capazes de se indignar frente à injustiça.
Mas, em 2003, o primatólogo Frans de Waal publicou um experimento clássico. Colocou dois macacos em jaulas vizinhas e os treinou para que devolvessem pedras colocadas no interior do recinto. Para cada pedra entregue eles recebiam uma fatia de pepino. Mas algo espantoso acontecia quando um dos macacos era recompensado com uma uva em vez de uma fatia de pepino. O macaco que recebia a uva ficava feliz e continuava a entregar as pedras. Mas o outro, que podia observar o pagamento superior recebido pelo vizinho (a uva) se revoltava. Parava de entregar a pedra ou atirava o pepino no cientista.
Frans de Waal e a psicóloga e neurocientista Sarah Brosnan nos contam o que foi descoberto nos últimos 10 anos.
Observou-se que diversos animais têm aversão à injustiça, inclusive os cachorros. Esta característica só foi observada em animais sociais, em que existe cooperação entre indivíduos de uma mesma espécie, como macacos e lobos.
Um novo tipo de comportamento foi detectado, mas agora somente em chimpanzés e crianças humanas. É a chamada aversão secundária à injustiça. Nesse experimento, foi demonstrado que em certas situações o chimpanzé ao qual é oferecido o pagamento mais valioso (uva) se recusa a recebê-lo, a não ser que seu par receba a mesma gratificação ou uma semelhante. Esse comportamento é explicado da seguinte maneira: o macaco bem pago é capaz de prever a reação negativa do macaco mal pago. Antevendo essa reação, ele evita a injustiça, apostando na possibilidade de continuar a colaborar com seu parceiro no futuro. Ele abre mão da remuneração maior para garantir o “emprego” de ambos no futuro. Nada mal para um macaco, algo muito difícil de observar entre seres humanos adultos, mas quase automático entre crianças de até 4 anos.
O que os novos estudos demonstram é que a aversão à injustiça e os comportamentos que garantem a continuidade da colaboração são uma característica biológica, hereditária, e, portanto, independente do aprendizado ou da cultura. A conclusão é que os macacos e o homem já nascem com um instinto de justiça, semelhante ao da fome e ao sexual.
Portanto, é ilusão imaginar que temos de ser educados para nos tornarmos justos. E, pior, se existe uma influência da educação, ela pode ter o efeito oposto. É possível imaginar que a educação ocidental inibe nosso senso inato de justiça, nos transforma em seres competitivos e mesquinhos, que dificilmente trocam uma vantagem econômica pela chance de continuar a colaborar com os parceiros no futuro.
(Folha de lótus, escorregador de mosquito, 2018. Adaptado.)
Assinale a alternativa em que a oração sublinhada exerce função de sujeito de outra oração.
Leia a crônica de Fernando Reinach para responder à questão.
Todos sentimos raiva quando injustiçados. Possuímos um senso profundo do que é justo ou injusto. Durante séculos se acreditou que o sentimento de justiça fosse uma característica adquirida pelo Homo sapiens durante sua educação. Nosso lado animal, agressivo e egoísta, seria domado durante a infância, criando adultos justos e capazes de se indignar frente à injustiça.
Mas, em 2003, o primatólogo Frans de Waal publicou um experimento clássico. Colocou dois macacos em jaulas vizinhas e os treinou para que devolvessem pedras colocadas no interior do recinto. Para cada pedra entregue eles recebiam uma fatia de pepino. Mas algo espantoso acontecia quando um dos macacos era recompensado com uma uva em vez de uma fatia de pepino. O macaco que recebia a uva ficava feliz e continuava a entregar as pedras. Mas o outro, que podia observar o pagamento superior recebido pelo vizinho (a uva) se revoltava. Parava de entregar a pedra ou atirava o pepino no cientista.
Frans de Waal e a psicóloga e neurocientista Sarah Brosnan nos contam o que foi descoberto nos últimos 10 anos.
Observou-se que diversos animais têm aversão à injustiça, inclusive os cachorros. Esta característica só foi observada em animais sociais, em que existe cooperação entre indivíduos de uma mesma espécie, como macacos e lobos.
Um novo tipo de comportamento foi detectado, mas agora somente em chimpanzés e crianças humanas. É a chamada aversão secundária à injustiça. Nesse experimento, foi demonstrado que em certas situações o chimpanzé ao qual é oferecido o pagamento mais valioso (uva) se recusa a recebê-lo, a não ser que seu par receba a mesma gratificação ou uma semelhante. Esse comportamento é explicado da seguinte maneira: o macaco bem pago é capaz de prever a reação negativa do macaco mal pago. Antevendo essa reação, ele evita a injustiça, apostando na possibilidade de continuar a colaborar com seu parceiro no futuro. Ele abre mão da remuneração maior para garantir o “emprego” de ambos no futuro. Nada mal para um macaco, algo muito difícil de observar entre seres humanos adultos, mas quase automático entre crianças de até 4 anos.
O que os novos estudos demonstram é que a aversão à injustiça e os comportamentos que garantem a continuidade da colaboração são uma característica biológica, hereditária, e, portanto, independente do aprendizado ou da cultura. A conclusão é que os macacos e o homem já nascem com um instinto de justiça, semelhante ao da fome e ao sexual.
Portanto, é ilusão imaginar que temos de ser educados para nos tornarmos justos. E, pior, se existe uma influência da educação, ela pode ter o efeito oposto. É possível imaginar que a educação ocidental inibe nosso senso inato de justiça, nos transforma em seres competitivos e mesquinhos, que dificilmente trocam uma vantagem econômica pela chance de continuar a colaborar com os parceiros no futuro.
(Folha de lótus, escorregador de mosquito, 2018. Adaptado.)
“existe cooperação entre indivíduos” (4º parágrafo)
No contexto, a palavra sublinhada é equivalente a:
Leia um trecho do conto “A caçada”, de Lygia Fagundes Telles, para responder à questão.
A loja de antiguidades tinha o cheiro de uma arca de sacristia com seus anos embolorados e livros comidos de traça. Com as pontas dos dedos, o homem tocou numa pilha de quadros. Uma mariposa levantou vôo e foi chocar-se contra uma imagem de mãos decepadas.
— Bonita imagem — disse ele.
A velha tirou um grampo do coque, e limpou a unha do polegar. Tornou a enfiar o grampo no cabelo.
— É um São Francisco.
Ele então voltou-se lentamente para a tapeçaria que tomava toda a parede no fundo da loja. Aproximou-se mais. A velha aproximou-se também.
— Já vi que o senhor se interessa mesmo é por isso… Pena que esteja nesse estado.
O homem estendeu a mão até a tapeçaria, mas não chegou a tocá-la.
— Parece que hoje está mais nítida…
— Nítida? — repetiu a velha, pondo os óculos. Deslizou a mão pela superfície puída. — Nítida, como?
— As cores estão mais vivas. A senhora passou alguma coisa nela? [...]
— Não passei nada, imagine… Por que o senhor pergunta?
— Notei uma diferença.
— Não, não passei nada, essa tapeçaria não aguenta a mais leve escova, o senhor não vê? Acho que é a poeira que está sustentando o tecido — acrescentou, tirando novamente o grampo da cabeça. Rodou-o entre os dedos com ar pensativo. [...]
Era uma caçada. No primeiro plano, estava o caçador de arco retesado, apontando para uma touceira espessa. Num plano mais profundo, o segundo caçador espreitava por entre as árvores do bosque, mas esta era apenas uma vaga silhueta, cujo rosto se reduzira a um esmaecido contorno. Poderoso, absoluto era o primeiro caçador, a barba violenta como um bolo de serpentes, os músculos tensos, à espera de que a caça levantasse para desferir-lhe a seta.
O homem respirava com esforço. Vagou o olhar pela tapeçaria que tinha a cor esverdeada de um céu de tempestade. Envenenando o tom verde-musgo do tecido, destacavam-se manchas de um negro-violáceo e que pareciam escorrer da folhagem, deslizar pelas botas do caçador e espalhar-se no chão como um líquido maligno. A touceira na qual a caça estava escondida também tinha as mesmas manchas e que tanto podiam fazer parte do desenho como ser simples efeito do tempo devorando o pano.
— Parece que hoje tudo está mais próximo — disse o homem em voz baixa. — É como se… Mas não está diferente? A velha firmou mais o olhar. Tirou os óculos e voltou a pô-los.
— Não vejo diferença nenhuma.
— Ontem não se podia ver se ele tinha ou não disparado a seta…
— Que seta? O senhor está vendo alguma seta?
— Aquele pontinho ali no arco… A velha suspirou.
— Mas esse não é um buraco de traça? Olha aí, a parede já está aparecendo, essas traças dão cabo de tudo — lamentou, disfarçando um bocejo. [...]
(Os cem melhores contos brasileiros do século, 2000. Adaptado.)
Sobre o teor da conversa da cena, pode-se afirmar que
Leia um trecho do conto “A caçada”, de Lygia Fagundes Telles, para responder à questão.
A loja de antiguidades tinha o cheiro de uma arca de sacristia com seus anos embolorados e livros comidos de traça. Com as pontas dos dedos, o homem tocou numa pilha de quadros. Uma mariposa levantou vôo e foi chocar-se contra uma imagem de mãos decepadas.
— Bonita imagem — disse ele.
A velha tirou um grampo do coque, e limpou a unha do polegar. Tornou a enfiar o grampo no cabelo.
— É um São Francisco.
Ele então voltou-se lentamente para a tapeçaria que tomava toda a parede no fundo da loja. Aproximou-se mais. A velha aproximou-se também.
— Já vi que o senhor se interessa mesmo é por isso… Pena que esteja nesse estado.
O homem estendeu a mão até a tapeçaria, mas não chegou a tocá-la.
— Parece que hoje está mais nítida…
— Nítida? — repetiu a velha, pondo os óculos. Deslizou a mão pela superfície puída. — Nítida, como?
— As cores estão mais vivas. A senhora passou alguma coisa nela? [...]
— Não passei nada, imagine… Por que o senhor pergunta?
— Notei uma diferença.
— Não, não passei nada, essa tapeçaria não aguenta a mais leve escova, o senhor não vê? Acho que é a poeira que está sustentando o tecido — acrescentou, tirando novamente o grampo da cabeça. Rodou-o entre os dedos com ar pensativo. [...]
Era uma caçada. No primeiro plano, estava o caçador de arco retesado, apontando para uma touceira espessa. Num plano mais profundo, o segundo caçador espreitava por entre as árvores do bosque, mas esta era apenas uma vaga silhueta, cujo rosto se reduzira a um esmaecido contorno. Poderoso, absoluto era o primeiro caçador, a barba violenta como um bolo de serpentes, os músculos tensos, à espera de que a caça levantasse para desferir-lhe a seta.
O homem respirava com esforço. Vagou o olhar pela tapeçaria que tinha a cor esverdeada de um céu de tempestade. Envenenando o tom verde-musgo do tecido, destacavam-se manchas de um negro-violáceo e que pareciam escorrer da folhagem, deslizar pelas botas do caçador e espalhar-se no chão como um líquido maligno. A touceira na qual a caça estava escondida também tinha as mesmas manchas e que tanto podiam fazer parte do desenho como ser simples efeito do tempo devorando o pano.
— Parece que hoje tudo está mais próximo — disse o homem em voz baixa. — É como se… Mas não está diferente? A velha firmou mais o olhar. Tirou os óculos e voltou a pô-los.
— Não vejo diferença nenhuma.
— Ontem não se podia ver se ele tinha ou não disparado a seta…
— Que seta? O senhor está vendo alguma seta?
— Aquele pontinho ali no arco… A velha suspirou.
— Mas esse não é um buraco de traça? Olha aí, a parede já está aparecendo, essas traças dão cabo de tudo — lamentou, disfarçando um bocejo. [...]
(Os cem melhores contos brasileiros do século, 2000. Adaptado.)
Nas passagens “a barba violenta como um bolo de serpentes” (14º parágrafo) e “simples efeito do tempo devorando o pano” (15º parágrafo), ocorrem, respectivamente, as figuras de linguagem