USS 2022/1
64 Questões
TEXTO
CLOCKY, O IMPLACÁVEL
Aí está a solução para o meu problema, pensou, tão logo ouviu falar no fantástico despertador inventado
nos Estados Unidos. Ele era daqueles que sempre querem dormir mais cinco minutos; só que esses cinco
minutos facilmente transformavam-se em uma hora. Resultado: estava sempre chegando atrasado ao
emprego, o que lhe valera não poucas repreensões do chefe. Mas um despertador que continuasse tocando,
[05] e mais, que tivesse de ser procurado, certamente resolveria o seu problema.
Que funcionava muito bem. Na verdade, funcionava melhor que o esperado. A cada manhã ele acordava
sobressaltado com o alarme e tinha de caçar o Clocky pelo apartamento, que não era grande, mas tinha
milhares de esconderijos. Coisa exasperante, mas, ele reconhecia, necessária: espantava completamente
seu sono.
[10] Uma manhã, contudo, Clocky ultrapassou todos os limites. Tocava como um demônio, e ia de peça em peça,
seu dono correndo atrás. Finalmente conseguiu encurralar o maldito no pequeno terraço do apartamento,
situado no segundo andar. E aí aconteceu o imprevisto; num gesto aparentemente desesperado, Clocky
saltou pela amurada.
Lá embaixo a rua estava praticamente deserta. Só havia ali uma moça, aparentemente esperando um táxi.
[15] Ele desceu correndo as escadas, ainda de pijama, e dirigiu-se até ela. Ia perguntar pelo Clocky, mas não o fez.
Era tão linda, a jovem, que ele esqueceu completamente o despertador e cumprimentou-a amavelmente.
Ela sorriu, simpática...
Estão vivendo juntos, no apartamento dela. Mas de vez em quando, enquanto estão fazendo amor, ele ouve
o alarme. É o Clocky, certamente, o implacável Clocky. Escondido, mas ainda por perto.
Moacyr Scliar (Histórias que os jornais não contam. Rio de Janeiro: Agir, 2009)
Em relação à estrutura narrativa, o texto se organiza em duas partes, que podem se descritas do seguinte modo:
TEXTO
CLOCKY, O IMPLACÁVEL
Aí está a solução para o meu problema, pensou, tão logo ouviu falar no fantástico despertador inventado
nos Estados Unidos. Ele era daqueles que sempre querem dormir mais cinco minutos; só que esses cinco
minutos facilmente transformavam-se em uma hora. Resultado: estava sempre chegando atrasado ao
emprego, o que lhe valera não poucas repreensões do chefe. Mas um despertador que continuasse tocando,
[05] e mais, que tivesse de ser procurado, certamente resolveria o seu problema.
Que funcionava muito bem. Na verdade, funcionava melhor que o esperado. A cada manhã ele acordava
sobressaltado com o alarme e tinha de caçar o Clocky pelo apartamento, que não era grande, mas tinha
milhares de esconderijos. Coisa exasperante, mas, ele reconhecia, necessária: espantava completamente
seu sono.
[10] Uma manhã, contudo, Clocky ultrapassou todos os limites. Tocava como um demônio, e ia de peça em peça,
seu dono correndo atrás. Finalmente conseguiu encurralar o maldito no pequeno terraço do apartamento,
situado no segundo andar. E aí aconteceu o imprevisto; num gesto aparentemente desesperado, Clocky
saltou pela amurada.
Lá embaixo a rua estava praticamente deserta. Só havia ali uma moça, aparentemente esperando um táxi.
[15] Ele desceu correndo as escadas, ainda de pijama, e dirigiu-se até ela. Ia perguntar pelo Clocky, mas não o fez.
Era tão linda, a jovem, que ele esqueceu completamente o despertador e cumprimentou-a amavelmente.
Ela sorriu, simpática...
Estão vivendo juntos, no apartamento dela. Mas de vez em quando, enquanto estão fazendo amor, ele ouve
o alarme. É o Clocky, certamente, o implacável Clocky. Escondido, mas ainda por perto.
Moacyr Scliar (Histórias que os jornais não contam. Rio de Janeiro: Agir, 2009)
“Resultado: estava sempre chegando atrasado ao emprego, o que lhe valera
não poucas repreensões do chefe.” (l. 3-4)
“ele reconhecia, necessária: espantava completamente seu sono.” (l. 8-9)
Nos trechos em destaque, as expressões apresentadas após os dois-pontos assumem valor, respectivamente, de:
TEXTO
CLOCKY, O IMPLACÁVEL
Aí está a solução para o meu problema, pensou, tão logo ouviu falar no fantástico despertador inventado
nos Estados Unidos. Ele era daqueles que sempre querem dormir mais cinco minutos; só que esses cinco
minutos facilmente transformavam-se em uma hora. Resultado: estava sempre chegando atrasado ao
emprego, o que lhe valera não poucas repreensões do chefe. Mas um despertador que continuasse tocando,
[05] e mais, que tivesse de ser procurado, certamente resolveria o seu problema.
Que funcionava muito bem. Na verdade, funcionava melhor que o esperado. A cada manhã ele acordava
sobressaltado com o alarme e tinha de caçar o Clocky pelo apartamento, que não era grande, mas tinha
milhares de esconderijos. Coisa exasperante, mas, ele reconhecia, necessária: espantava completamente
seu sono.
[10] Uma manhã, contudo, Clocky ultrapassou todos os limites. Tocava como um demônio, e ia de peça em peça,
seu dono correndo atrás. Finalmente conseguiu encurralar o maldito no pequeno terraço do apartamento,
situado no segundo andar. E aí aconteceu o imprevisto; num gesto aparentemente desesperado, Clocky
saltou pela amurada.
Lá embaixo a rua estava praticamente deserta. Só havia ali uma moça, aparentemente esperando um táxi.
[15] Ele desceu correndo as escadas, ainda de pijama, e dirigiu-se até ela. Ia perguntar pelo Clocky, mas não o fez.
Era tão linda, a jovem, que ele esqueceu completamente o despertador e cumprimentou-a amavelmente.
Ela sorriu, simpática...
Estão vivendo juntos, no apartamento dela. Mas de vez em quando, enquanto estão fazendo amor, ele ouve
o alarme. É o Clocky, certamente, o implacável Clocky. Escondido, mas ainda por perto.
Moacyr Scliar (Histórias que os jornais não contam. Rio de Janeiro: Agir, 2009)
O emprego de uma palavra sugere a relativização da ação narrada em:
TEXTO
CLOCKY, O IMPLACÁVEL
Aí está a solução para o meu problema, pensou, tão logo ouviu falar no fantástico despertador inventado
nos Estados Unidos. Ele era daqueles que sempre querem dormir mais cinco minutos; só que esses cinco
minutos facilmente transformavam-se em uma hora. Resultado: estava sempre chegando atrasado ao
emprego, o que lhe valera não poucas repreensões do chefe. Mas um despertador que continuasse tocando,
[05] e mais, que tivesse de ser procurado, certamente resolveria o seu problema.
Que funcionava muito bem. Na verdade, funcionava melhor que o esperado. A cada manhã ele acordava
sobressaltado com o alarme e tinha de caçar o Clocky pelo apartamento, que não era grande, mas tinha
milhares de esconderijos. Coisa exasperante, mas, ele reconhecia, necessária: espantava completamente
seu sono.
[10] Uma manhã, contudo, Clocky ultrapassou todos os limites. Tocava como um demônio, e ia de peça em peça,
seu dono correndo atrás. Finalmente conseguiu encurralar o maldito no pequeno terraço do apartamento,
situado no segundo andar. E aí aconteceu o imprevisto; num gesto aparentemente desesperado, Clocky
saltou pela amurada.
Lá embaixo a rua estava praticamente deserta. Só havia ali uma moça, aparentemente esperando um táxi.
[15] Ele desceu correndo as escadas, ainda de pijama, e dirigiu-se até ela. Ia perguntar pelo Clocky, mas não o fez.
Era tão linda, a jovem, que ele esqueceu completamente o despertador e cumprimentou-a amavelmente.
Ela sorriu, simpática...
Estão vivendo juntos, no apartamento dela. Mas de vez em quando, enquanto estão fazendo amor, ele ouve
o alarme. É o Clocky, certamente, o implacável Clocky. Escondido, mas ainda por perto.
Moacyr Scliar (Histórias que os jornais não contam. Rio de Janeiro: Agir, 2009)
“Ele era daqueles que sempre querem dormir mais cinco minutos; só que esses cinco minutos facilmente transformavam-se em uma hora” (l. 2-3)
A relação estabelecida entre as duas partes da frase assume o valor de:
TEXTO
CLOCKY, O IMPLACÁVEL
Aí está a solução para o meu problema, pensou, tão logo ouviu falar no fantástico despertador inventado
nos Estados Unidos. Ele era daqueles que sempre querem dormir mais cinco minutos; só que esses cinco
minutos facilmente transformavam-se em uma hora. Resultado: estava sempre chegando atrasado ao
emprego, o que lhe valera não poucas repreensões do chefe. Mas um despertador que continuasse tocando,
[05] e mais, que tivesse de ser procurado, certamente resolveria o seu problema.
Que funcionava muito bem. Na verdade, funcionava melhor que o esperado. A cada manhã ele acordava
sobressaltado com o alarme e tinha de caçar o Clocky pelo apartamento, que não era grande, mas tinha
milhares de esconderijos. Coisa exasperante, mas, ele reconhecia, necessária: espantava completamente
seu sono.
[10] Uma manhã, contudo, Clocky ultrapassou todos os limites. Tocava como um demônio, e ia de peça em peça,
seu dono correndo atrás. Finalmente conseguiu encurralar o maldito no pequeno terraço do apartamento,
situado no segundo andar. E aí aconteceu o imprevisto; num gesto aparentemente desesperado, Clocky
saltou pela amurada.
Lá embaixo a rua estava praticamente deserta. Só havia ali uma moça, aparentemente esperando um táxi.
[15] Ele desceu correndo as escadas, ainda de pijama, e dirigiu-se até ela. Ia perguntar pelo Clocky, mas não o fez.
Era tão linda, a jovem, que ele esqueceu completamente o despertador e cumprimentou-a amavelmente.
Ela sorriu, simpática...
Estão vivendo juntos, no apartamento dela. Mas de vez em quando, enquanto estão fazendo amor, ele ouve
o alarme. É o Clocky, certamente, o implacável Clocky. Escondido, mas ainda por perto.
Moacyr Scliar (Histórias que os jornais não contam. Rio de Janeiro: Agir, 2009)
O recurso de humor, no desfecho da crônica, destaca um aspecto discutido em todo o texto, baseado em:
TEXTO
CLOCKY, O IMPLACÁVEL
Aí está a solução para o meu problema, pensou, tão logo ouviu falar no fantástico despertador inventado
nos Estados Unidos. Ele era daqueles que sempre querem dormir mais cinco minutos; só que esses cinco
minutos facilmente transformavam-se em uma hora. Resultado: estava sempre chegando atrasado ao
emprego, o que lhe valera não poucas repreensões do chefe. Mas um despertador que continuasse tocando,
[05] e mais, que tivesse de ser procurado, certamente resolveria o seu problema.
Que funcionava muito bem. Na verdade, funcionava melhor que o esperado. A cada manhã ele acordava
sobressaltado com o alarme e tinha de caçar o Clocky pelo apartamento, que não era grande, mas tinha
milhares de esconderijos. Coisa exasperante, mas, ele reconhecia, necessária: espantava completamente
seu sono.
[10] Uma manhã, contudo, Clocky ultrapassou todos os limites. Tocava como um demônio, e ia de peça em peça,
seu dono correndo atrás. Finalmente conseguiu encurralar o maldito no pequeno terraço do apartamento,
situado no segundo andar. E aí aconteceu o imprevisto; num gesto aparentemente desesperado, Clocky
saltou pela amurada.
Lá embaixo a rua estava praticamente deserta. Só havia ali uma moça, aparentemente esperando um táxi.
[15] Ele desceu correndo as escadas, ainda de pijama, e dirigiu-se até ela. Ia perguntar pelo Clocky, mas não o fez.
Era tão linda, a jovem, que ele esqueceu completamente o despertador e cumprimentou-a amavelmente.
Ela sorriu, simpática...
Estão vivendo juntos, no apartamento dela. Mas de vez em quando, enquanto estão fazendo amor, ele ouve
o alarme. É o Clocky, certamente, o implacável Clocky. Escondido, mas ainda por perto.
Moacyr Scliar (Histórias que os jornais não contam. Rio de Janeiro: Agir, 2009)
“E aí aconteceu o imprevisto; num gesto aparentemente desesperado, Clocky saltou pela amurada.” (l. 12-13)
No trecho, destaca-se a seguinte figura de linguagem: