UPF 2020 Verão
80 Questões
A questão refere-se ao texto.
Não existe indústria da multa
O que queremos é um atalho para tornar a nossa vida melhor e que se danem os outros
Houzel Rodrigo Zeidan
Não existe indústria da multa. Para provar isso, bastam as estimativas de dois números: a média de erros no trânsito
e a quantidade esperada de multas de um condutor.
Cometemos várias infrações no trânsito toda hora: direção acima da velocidade permitida no local, buzina sem
razão, troca de faixa sem ligar a seta, falar (ou teclar!) no celular, ultrapassagem pela direita, estacionamento em fila
[05] dupla, e muito mais. Vamos ser generosos e estimar em somente dez as infrações diárias de um motorista no Brasil (há
variação regional, mas está para nascer um motorista que respeite todas as nossas regras de trânsito). Se uma pessoa
dirige 200 dias por ano, isso totaliza 2.000 infrações anuais por condutor. Mas, na média, cada condutor brasileiro recebe
duas multas por ano. Isso significa que, a cada mil erros (sendo bem generosos), somente um é punido. Ou seja, a taxa
de punição da “indústria da multa” seria de 0,1%.
[10] Nem todas as multas são pagas. Assim, a real relação entre infrações de trânsito e multas pagas seria ainda menor.
Vocês conhecem alguma empresa que deixe na mesa 99,9% das suas vendas? Imagine um dentista que consertasse
corretamente os dentes de 1 entre 1.000 pacientes. Ou uma fábrica de sapatos na qual 999 de 1.000 fossem defeituosos.
Se existisse indústria da multa, não haveria déficit público no Brasil (exagero, mas não muito). Bastaria colocar
agentes de trânsito em qualquer esquina e sair multando todos os carros e suspendendo carteiras de motorista. Depois,
[15] seria só colocar empresas atrás dos devedores. A inexistência da indústria da multa não significa que nossas regras de
trânsito não possam ser criticadas. Muitas vezes, o Estado usa as multas como medidas punitivas, em vez de educativas.
Regras podem (e devem) ser melhoradas, mas ninguém tem o direito de decidir quais regras seguir. (...) Na verdade, o
clamor contra essa inexistente indústria reúne tudo de pior do brasileiro: egoísmo, irracionalidade, ignorância e falta de
accountability – parte falta de responsabilização individual e parte transferência de responsabilidade para outrem.
[20] A indústria da multa é a desculpa perfeita para uma sociedade doente: “Não é minha culpa, não é meu erro, a multa
nasceu de uma entidade maligna”. O que queremos é simples: que todos respeitem as leis do trânsito, menos nós. Assim,
podemos ver uma fila de carros num afunilamento à direita e irmos na outra pista quase até a junção das pistas, nos
jogando no primeiro espaço vazio que aparecer perto dela. “É só um minutinho”, também dizemos quando estamos
parados em fila dupla, esperando a filha sair do colégio. Os brasileiros conduzem muito mal, num comportamento de
[25] manada que reforça o comportamento ruim dos outros. Talvez seja até impossível respeitar todas as leis do trânsito,
quando ninguém o faz. Mas dirigir mal não é o problema. Colocar a culpa nos outros é que é. Não existe indústria da
multa, o que queremos, como quase sempre, é um atalho para tornar a nossa vida melhor, e que se danem os outros.
(ZEIDAN, Rodrigo. Não existe indústria da multa. Folha de São Paulo, 29/06/2019. Adaptado. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/rodrigo-zeidan/2019/06/nao-existe-industria-da-multa.shtml. Acesso em ago. 2018)
No que concerne a aspectos referentes à construção do sentido do texto, está incorreto o que se afirma em:
A questão refere-se ao texto.
Não existe indústria da multa
O que queremos é um atalho para tornar a nossa vida melhor e que se danem os outros
Houzel Rodrigo Zeidan
Não existe indústria da multa. Para provar isso, bastam as estimativas de dois números: a média de erros no trânsito
e a quantidade esperada de multas de um condutor.
Cometemos várias infrações no trânsito toda hora: direção acima da velocidade permitida no local, buzina sem
razão, troca de faixa sem ligar a seta, falar (ou teclar!) no celular, ultrapassagem pela direita, estacionamento em fila
[05] dupla, e muito mais. Vamos ser generosos e estimar em somente dez as infrações diárias de um motorista no Brasil (há
variação regional, mas está para nascer um motorista que respeite todas as nossas regras de trânsito). Se uma pessoa
dirige 200 dias por ano, isso totaliza 2.000 infrações anuais por condutor. Mas, na média, cada condutor brasileiro recebe
duas multas por ano. Isso significa que, a cada mil erros (sendo bem generosos), somente um é punido. Ou seja, a taxa
de punição da “indústria da multa” seria de 0,1%.
[10] Nem todas as multas são pagas. Assim, a real relação entre infrações de trânsito e multas pagas seria ainda menor.
Vocês conhecem alguma empresa que deixe na mesa 99,9% das suas vendas? Imagine um dentista que consertasse
corretamente os dentes de 1 entre 1.000 pacientes. Ou uma fábrica de sapatos na qual 999 de 1.000 fossem defeituosos.
Se existisse indústria da multa, não haveria déficit público no Brasil (exagero, mas não muito). Bastaria colocar
agentes de trânsito em qualquer esquina e sair multando todos os carros e suspendendo carteiras de motorista. Depois,
[15] seria só colocar empresas atrás dos devedores. A inexistência da indústria da multa não significa que nossas regras de
trânsito não possam ser criticadas. Muitas vezes, o Estado usa as multas como medidas punitivas, em vez de educativas.
Regras podem (e devem) ser melhoradas, mas ninguém tem o direito de decidir quais regras seguir. (...) Na verdade, o
clamor contra essa inexistente indústria reúne tudo de pior do brasileiro: egoísmo, irracionalidade, ignorância e falta de
accountability – parte falta de responsabilização individual e parte transferência de responsabilidade para outrem.
[20] A indústria da multa é a desculpa perfeita para uma sociedade doente: “Não é minha culpa, não é meu erro, a multa
nasceu de uma entidade maligna”. O que queremos é simples: que todos respeitem as leis do trânsito, menos nós. Assim,
podemos ver uma fila de carros num afunilamento à direita e irmos na outra pista quase até a junção das pistas, nos
jogando no primeiro espaço vazio que aparecer perto dela. “É só um minutinho”, também dizemos quando estamos
parados em fila dupla, esperando a filha sair do colégio. Os brasileiros conduzem muito mal, num comportamento de
[25] manada que reforça o comportamento ruim dos outros. Talvez seja até impossível respeitar todas as leis do trânsito,
quando ninguém o faz. Mas dirigir mal não é o problema. Colocar a culpa nos outros é que é. Não existe indústria da
multa, o que queremos, como quase sempre, é um atalho para tornar a nossa vida melhor, e que se danem os outros.
(ZEIDAN, Rodrigo. Não existe indústria da multa. Folha de São Paulo, 29/06/2019. Adaptado. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/rodrigo-zeidan/2019/06/nao-existe-industria-da-multa.shtml. Acesso em ago. 2018)
No que concerne a aspectos sintáticosemânticos, analise as seguintes afirmativas:
I. Se, no fragmento “Isso significa que, a cada mil erros" (linha 8), o pronome sublinhado fosse substituído por “Isto”, ocorreria um erro no que diz respeito à referência anafórica.
II. A sequência “em vez de educativas” (linha 16) poderia ser deslocada para imediatamente depois de “Muitas vezes,” (linha 16) sem que isso represente prejuízo nas relações semânticas do texto.
III. Se, na construção “Se existisse indústria da multa” (linha 13), a conjunção “se” fosse substituída por “caso”, o verbo existir teria de ser utilizado no infinitivo, uma vez que se trata de uma oração subordinada adverbial condicional.
IV. As aspas utilizadas no fragmento “Não é minha culpa, não é meu erro, a multa nasceu de uma entidade maligna” (linhas 20 e 21) poderiam ser suprimidas, o que se justifica em razão da presença dos dois pontos utilizados logo após a palavra “doente” (linha 20).
Está correto apenas o que se afirma em:
A questão refere-se ao texto.
Não existe indústria da multa
O que queremos é um atalho para tornar a nossa vida melhor e que se danem os outros
Houzel Rodrigo Zeidan
Não existe indústria da multa. Para provar isso, bastam as estimativas de dois números: a média de erros no trânsito
e a quantidade esperada de multas de um condutor.
Cometemos várias infrações no trânsito toda hora: direção acima da velocidade permitida no local, buzina sem
razão, troca de faixa sem ligar a seta, falar (ou teclar!) no celular, ultrapassagem pela direita, estacionamento em fila
[05] dupla, e muito mais. Vamos ser generosos e estimar em somente dez as infrações diárias de um motorista no Brasil (há
variação regional, mas está para nascer um motorista que respeite todas as nossas regras de trânsito). Se uma pessoa
dirige 200 dias por ano, isso totaliza 2.000 infrações anuais por condutor. Mas, na média, cada condutor brasileiro recebe
duas multas por ano. Isso significa que, a cada mil erros (sendo bem generosos), somente um é punido. Ou seja, a taxa
de punição da “indústria da multa” seria de 0,1%.
[10] Nem todas as multas são pagas. Assim, a real relação entre infrações de trânsito e multas pagas seria ainda menor.
Vocês conhecem alguma empresa que deixe na mesa 99,9% das suas vendas? Imagine um dentista que consertasse
corretamente os dentes de 1 entre 1.000 pacientes. Ou uma fábrica de sapatos na qual 999 de 1.000 fossem defeituosos.
Se existisse indústria da multa, não haveria déficit público no Brasil (exagero, mas não muito). Bastaria colocar
agentes de trânsito em qualquer esquina e sair multando todos os carros e suspendendo carteiras de motorista. Depois,
[15] seria só colocar empresas atrás dos devedores. A inexistência da indústria da multa não significa que nossas regras de
trânsito não possam ser criticadas. Muitas vezes, o Estado usa as multas como medidas punitivas, em vez de educativas.
Regras podem (e devem) ser melhoradas, mas ninguém tem o direito de decidir quais regras seguir. (...) Na verdade, o
clamor contra essa inexistente indústria reúne tudo de pior do brasileiro: egoísmo, irracionalidade, ignorância e falta de
accountability – parte falta de responsabilização individual e parte transferência de responsabilidade para outrem.
[20] A indústria da multa é a desculpa perfeita para uma sociedade doente: “Não é minha culpa, não é meu erro, a multa
nasceu de uma entidade maligna”. O que queremos é simples: que todos respeitem as leis do trânsito, menos nós. Assim,
podemos ver uma fila de carros num afunilamento à direita e irmos na outra pista quase até a junção das pistas, nos
jogando no primeiro espaço vazio que aparecer perto dela. “É só um minutinho”, também dizemos quando estamos
parados em fila dupla, esperando a filha sair do colégio. Os brasileiros conduzem muito mal, num comportamento de
[25] manada que reforça o comportamento ruim dos outros. Talvez seja até impossível respeitar todas as leis do trânsito,
quando ninguém o faz. Mas dirigir mal não é o problema. Colocar a culpa nos outros é que é. Não existe indústria da
multa, o que queremos, como quase sempre, é um atalho para tornar a nossa vida melhor, e que se danem os outros.
(ZEIDAN, Rodrigo. Não existe indústria da multa. Folha de São Paulo, 29/06/2019. Adaptado. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/rodrigo-zeidan/2019/06/nao-existe-industria-da-multa.shtml. Acesso em ago. 2018)
Assinale a alternativa incorreta com relação à posição defendida pelo autor no texto.
A questão refere-se ao texto.
Não existe indústria da multa
O que queremos é um atalho para tornar a nossa vida melhor e que se danem os outros
Houzel Rodrigo Zeidan
Não existe indústria da multa. Para provar isso, bastam as estimativas de dois números: a média de erros no trânsito
e a quantidade esperada de multas de um condutor.
Cometemos várias infrações no trânsito toda hora: direção acima da velocidade permitida no local, buzina sem
razão, troca de faixa sem ligar a seta, falar (ou teclar!) no celular, ultrapassagem pela direita, estacionamento em fila
[05] dupla, e muito mais. Vamos ser generosos e estimar em somente dez as infrações diárias de um motorista no Brasil (há
variação regional, mas está para nascer um motorista que respeite todas as nossas regras de trânsito). Se uma pessoa
dirige 200 dias por ano, isso totaliza 2.000 infrações anuais por condutor. Mas, na média, cada condutor brasileiro recebe
duas multas por ano. Isso significa que, a cada mil erros (sendo bem generosos), somente um é punido. Ou seja, a taxa
de punição da “indústria da multa” seria de 0,1%.
[10] Nem todas as multas são pagas. Assim, a real relação entre infrações de trânsito e multas pagas seria ainda menor.
Vocês conhecem alguma empresa que deixe na mesa 99,9% das suas vendas? Imagine um dentista que consertasse
corretamente os dentes de 1 entre 1.000 pacientes. Ou uma fábrica de sapatos na qual 999 de 1.000 fossem defeituosos.
Se existisse indústria da multa, não haveria déficit público no Brasil (exagero, mas não muito). Bastaria colocar
agentes de trânsito em qualquer esquina e sair multando todos os carros e suspendendo carteiras de motorista. Depois,
[15] seria só colocar empresas atrás dos devedores. A inexistência da indústria da multa não significa que nossas regras de
trânsito não possam ser criticadas. Muitas vezes, o Estado usa as multas como medidas punitivas, em vez de educativas.
Regras podem (e devem) ser melhoradas, mas ninguém tem o direito de decidir quais regras seguir. (...) Na verdade, o
clamor contra essa inexistente indústria reúne tudo de pior do brasileiro: egoísmo, irracionalidade, ignorância e falta de
accountability – parte falta de responsabilização individual e parte transferência de responsabilidade para outrem.
[20] A indústria da multa é a desculpa perfeita para uma sociedade doente: “Não é minha culpa, não é meu erro, a multa
nasceu de uma entidade maligna”. O que queremos é simples: que todos respeitem as leis do trânsito, menos nós. Assim,
podemos ver uma fila de carros num afunilamento à direita e irmos na outra pista quase até a junção das pistas, nos
jogando no primeiro espaço vazio que aparecer perto dela. “É só um minutinho”, também dizemos quando estamos
parados em fila dupla, esperando a filha sair do colégio. Os brasileiros conduzem muito mal, num comportamento de
[25] manada que reforça o comportamento ruim dos outros. Talvez seja até impossível respeitar todas as leis do trânsito,
quando ninguém o faz. Mas dirigir mal não é o problema. Colocar a culpa nos outros é que é. Não existe indústria da
multa, o que queremos, como quase sempre, é um atalho para tornar a nossa vida melhor, e que se danem os outros.
(ZEIDAN, Rodrigo. Não existe indústria da multa. Folha de São Paulo, 29/06/2019. Adaptado. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/rodrigo-zeidan/2019/06/nao-existe-industria-da-multa.shtml. Acesso em ago. 2018)
Considere as seguintes propostas de substituição no texto.
I. “Mas” (linha 7) por “Embora”.
II. “Assim” (linha 10) por “Então”.
III. “Depois” (linha 14) por “Em seguida”.
IV. “Talvez” (linha 25) por “Quiçá”.
V. “quando” (linha 26) por “de modo que”.
No contexto em que as substituições foram empregadas, o conector foi utilizado de forma incorreta apenas em:
A questão refere-se ao texto.
Não existe indústria da multa
O que queremos é um atalho para tornar a nossa vida melhor e que se danem os outros
Houzel Rodrigo Zeidan
Não existe indústria da multa. Para provar isso, bastam as estimativas de dois números: a média de erros no trânsito
e a quantidade esperada de multas de um condutor.
Cometemos várias infrações no trânsito toda hora: direção acima da velocidade permitida no local, buzina sem
razão, troca de faixa sem ligar a seta, falar (ou teclar!) no celular, ultrapassagem pela direita, estacionamento em fila
[05] dupla, e muito mais. Vamos ser generosos e estimar em somente dez as infrações diárias de um motorista no Brasil (há
variação regional, mas está para nascer um motorista que respeite todas as nossas regras de trânsito). Se uma pessoa
dirige 200 dias por ano, isso totaliza 2.000 infrações anuais por condutor. Mas, na média, cada condutor brasileiro recebe
duas multas por ano. Isso significa que, a cada mil erros (sendo bem generosos), somente um é punido. Ou seja, a taxa
de punição da “indústria da multa” seria de 0,1%.
[10] Nem todas as multas são pagas. Assim, a real relação entre infrações de trânsito e multas pagas seria ainda menor.
Vocês conhecem alguma empresa que deixe na mesa 99,9% das suas vendas? Imagine um dentista que consertasse
corretamente os dentes de 1 entre 1.000 pacientes. Ou uma fábrica de sapatos na qual 999 de 1.000 fossem defeituosos.
Se existisse indústria da multa, não haveria déficit público no Brasil (exagero, mas não muito). Bastaria colocar
agentes de trânsito em qualquer esquina e sair multando todos os carros e suspendendo carteiras de motorista. Depois,
[15] seria só colocar empresas atrás dos devedores. A inexistência da indústria da multa não significa que nossas regras de
trânsito não possam ser criticadas. Muitas vezes, o Estado usa as multas como medidas punitivas, em vez de educativas.
Regras podem (e devem) ser melhoradas, mas ninguém tem o direito de decidir quais regras seguir. (...) Na verdade, o
clamor contra essa inexistente indústria reúne tudo de pior do brasileiro: egoísmo, irracionalidade, ignorância e falta de
accountability – parte falta de responsabilização individual e parte transferência de responsabilidade para outrem.
[20] A indústria da multa é a desculpa perfeita para uma sociedade doente: “Não é minha culpa, não é meu erro, a multa
nasceu de uma entidade maligna”. O que queremos é simples: que todos respeitem as leis do trânsito, menos nós. Assim,
podemos ver uma fila de carros num afunilamento à direita e irmos na outra pista quase até a junção das pistas, nos
jogando no primeiro espaço vazio que aparecer perto dela. “É só um minutinho”, também dizemos quando estamos
parados em fila dupla, esperando a filha sair do colégio. Os brasileiros conduzem muito mal, num comportamento de
[25] manada que reforça o comportamento ruim dos outros. Talvez seja até impossível respeitar todas as leis do trânsito,
quando ninguém o faz. Mas dirigir mal não é o problema. Colocar a culpa nos outros é que é. Não existe indústria da
multa, o que queremos, como quase sempre, é um atalho para tornar a nossa vida melhor, e que se danem os outros.
(ZEIDAN, Rodrigo. Não existe indústria da multa. Folha de São Paulo, 29/06/2019. Adaptado. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/rodrigo-zeidan/2019/06/nao-existe-industria-da-multa.shtml. Acesso em ago. 2018)
Assinale a alternativa na qual estão corretamente apresentadas as relações de sentido para os nexos de articulação textual “Ou seja” (linha 8), “Assim” (linha 10), “Ou” (linha 12) e “Depois” (linha 14), nessa ordem.
A questão refere-se ao texto.
Não existe indústria da multa
O que queremos é um atalho para tornar a nossa vida melhor e que se danem os outros
Houzel Rodrigo Zeidan
Não existe indústria da multa. Para provar isso, bastam as estimativas de dois números: a média de erros no trânsito
e a quantidade esperada de multas de um condutor.
Cometemos várias infrações no trânsito toda hora: direção acima da velocidade permitida no local, buzina sem
razão, troca de faixa sem ligar a seta, falar (ou teclar!) no celular, ultrapassagem pela direita, estacionamento em fila
[05] dupla, e muito mais. Vamos ser generosos e estimar em somente dez as infrações diárias de um motorista no Brasil (há
variação regional, mas está para nascer um motorista que respeite todas as nossas regras de trânsito). Se uma pessoa
dirige 200 dias por ano, isso totaliza 2.000 infrações anuais por condutor. Mas, na média, cada condutor brasileiro recebe
duas multas por ano. Isso significa que, a cada mil erros (sendo bem generosos), somente um é punido. Ou seja, a taxa
de punição da “indústria da multa” seria de 0,1%.
[10] Nem todas as multas são pagas. Assim, a real relação entre infrações de trânsito e multas pagas seria ainda menor.
Vocês conhecem alguma empresa que deixe na mesa 99,9% das suas vendas? Imagine um dentista que consertasse
corretamente os dentes de 1 entre 1.000 pacientes. Ou uma fábrica de sapatos na qual 999 de 1.000 fossem defeituosos.
Se existisse indústria da multa, não haveria déficit público no Brasil (exagero, mas não muito). Bastaria colocar
agentes de trânsito em qualquer esquina e sair multando todos os carros e suspendendo carteiras de motorista. Depois,
[15] seria só colocar empresas atrás dos devedores. A inexistência da indústria da multa não significa que nossas regras de
trânsito não possam ser criticadas. Muitas vezes, o Estado usa as multas como medidas punitivas, em vez de educativas.
Regras podem (e devem) ser melhoradas, mas ninguém tem o direito de decidir quais regras seguir. (...) Na verdade, o
clamor contra essa inexistente indústria reúne tudo de pior do brasileiro: egoísmo, irracionalidade, ignorância e falta de
accountability – parte falta de responsabilização individual e parte transferência de responsabilidade para outrem.
[20] A indústria da multa é a desculpa perfeita para uma sociedade doente: “Não é minha culpa, não é meu erro, a multa
nasceu de uma entidade maligna”. O que queremos é simples: que todos respeitem as leis do trânsito, menos nós. Assim,
podemos ver uma fila de carros num afunilamento à direita e irmos na outra pista quase até a junção das pistas, nos
jogando no primeiro espaço vazio que aparecer perto dela. “É só um minutinho”, também dizemos quando estamos
parados em fila dupla, esperando a filha sair do colégio. Os brasileiros conduzem muito mal, num comportamento de
[25] manada que reforça o comportamento ruim dos outros. Talvez seja até impossível respeitar todas as leis do trânsito,
quando ninguém o faz. Mas dirigir mal não é o problema. Colocar a culpa nos outros é que é. Não existe indústria da
multa, o que queremos, como quase sempre, é um atalho para tornar a nossa vida melhor, e que se danem os outros.
(ZEIDAN, Rodrigo. Não existe indústria da multa. Folha de São Paulo, 29/06/2019. Adaptado. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/rodrigo-zeidan/2019/06/nao-existe-industria-da-multa.shtml. Acesso em ago. 2018)
Dentre as alternativas a seguir, identifique aquela que não apresenta sujeito elíptico.