UNITAU 2019 Medicina - Inverno
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A potência da primeira geração sem esperança
Vivemos um momento em que a novíssima geração, a das crianças e adolescentes, tem enfiado o dedo na cara dos adultos e mandado eles crescerem. Num planeta com chão cada vez mais movediço, em que os estados-nação se desmontam, a esperança tem progressivamente ocupado o lugar da felicidade como um ativo de mercado. Lembram que há pouco tempo atrás todo mundo era obrigado a ser feliz? E quem afirmava não ser tinha uma deformação de alma ou estava doente de depressão?
A felicidade como mercadoria já foi bem dissecada por diferentes áreas do conhecimento e pela experiência cotidiana de cada um. Convertida em produto, hoje perdeu valor de mercado, ainda que continue eventualmente a abarrotar as prateleiras de livros de auto-ajuda.
A esperança vai ocupando o seu lugar num momento em que o futuro se desenha sombriamente como um futuro num planeta pior. Aqui o que me parece o mais fascinante desta época: temos aquela que talvez seja a primeira geração sem esperança. Ao mesmo tempo, é também a geração que rompeu o torpor desse momento histórico marcado por adultos infantilizados, que alternam paralisia e automatismo, também no ato de consumir.
Ao romper o torpor, essa geração deu esperança à geração de seus pais. O impasse em torno da esperança é revelador do impasse entre a geração que levou ao paroxismo o consumo do planeta, a dos pais, e a geração que vai viver no planeta esgotado por seus pais. A geração sem esperança tem a imagem de Greta Thunberg, a garota sueca que, em agosto de 2018, com apenas 15 anos, iniciou uma greve escolar solitária em frente ao parlamento em Estocolmo. E, de lá para cá, já inspirou duas greves globais de estudantes pelo clima, levando para as ruas do mundo centenas de milhares de crianças e adolescentes em cada uma delas.
Posso imaginar o quanto deve ser assustador ter como pais a minha geração e a geração imediatamente posterior a minha, que me parece ainda mais entorpecida, porque mais mimada pelo suposto “direito” de consumir. Essas crianças e adolescentes veem a casa queimando, sentem o calor do fogo e o gosto acre da fumaça tóxica invadindo os pulmões. E os pais lá, cuidando de outros assuntos. Percebem então que se não fizerem algo, estão ferradas, porque são elas que vão viver num planeta muito pior. Quando são confrontados, os adultos ou agem com repressão, ao sentirem-se atingidos em sua autoridade conferida pela idade, ou demandam esperança. É, no mínimo, enervante.
O que testemunhamos é talvez a primeira geração a perceber que não tem tempo para esperar os pais resolverem o problema que até hoje só agravaram – e muito. Nunca houve nada parecido na história. Em nenhuma história. Os filhotes tentam salvar o mundo que os espécimes adultos destroem sistematicamente. Serão necessários muitos anos de estudos para compreender os efeitos desta inversão sobre a forma de compreender o mundo e seu lugar no mundo daqueles que serão adultos amanhã. Mas, para isso, é preciso ter amanhã.
Adaptado de Eliane Brum. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/06/05/politica/1559743351_956676. html. Acesso em jun. 2019.
Em relação ao texto e a sua estrutura de construção, leia as afirmativas a seguir.
I. Trata-se de uma reportagem, o que justifica a linguagem jornalística apresentada.
II. Há desvios da ortografia padrão no texto (como o uso de “ferradas” e da construção “mandado eles crescerem”, que aparecem em destaque), o que aproxima essa escrita da modalidade oral da língua.
III. Considerando o gênero do texto em questão, não é adequado que a autora emita juízos de valor em relação ao tema.
IV.A expressão “nunca houve nada parecido na história” pode ser considerada uma afirmação categórica.
Está CORRETO o que se afirma em
A potência da primeira geração sem esperança
Vivemos um momento em que a novíssima geração, a das crianças e adolescentes, tem enfiado o dedo na cara dos adultos e mandado eles crescerem. Num planeta com chão cada vez mais movediço, em que os estados-nação se desmontam, a esperança tem progressivamente ocupado o lugar da felicidade como um ativo de mercado. Lembram que há pouco tempo atrás todo mundo era obrigado a ser feliz? E quem afirmava não ser tinha uma deformação de alma ou estava doente de depressão?
A felicidade como mercadoria já foi bem dissecada por diferentes áreas do conhecimento e pela experiência cotidiana de cada um. Convertida em produto, hoje perdeu valor de mercado, ainda que continue eventualmente a abarrotar as prateleiras de livros de auto-ajuda.
A esperança vai ocupando o seu lugar num momento em que o futuro se desenha sombriamente como um futuro num planeta pior. Aqui o que me parece o mais fascinante desta época: temos aquela que talvez seja a primeira geração sem esperança. Ao mesmo tempo, é também a geração que rompeu o torpor desse momento histórico marcado por adultos infantilizados, que alternam paralisia e automatismo, também no ato de consumir.
Ao romper o torpor, essa geração deu esperança à geração de seus pais. O impasse em torno da esperança é revelador do impasse entre a geração que levou ao paroxismo o consumo do planeta, a dos pais, e a geração que vai viver no planeta esgotado por seus pais. A geração sem esperança tem a imagem de Greta Thunberg, a garota sueca que, em agosto de 2018, com apenas 15 anos, iniciou uma greve escolar solitária em frente ao parlamento em Estocolmo. E, de lá para cá, já inspirou duas greves globais de estudantes pelo clima, levando para as ruas do mundo centenas de milhares de crianças e adolescentes em cada uma delas.
Posso imaginar o quanto deve ser assustador ter como pais a minha geração e a geração imediatamente posterior a minha, que me parece ainda mais entorpecida, porque mais mimada pelo suposto “direito” de consumir. Essas crianças e adolescentes veem a casa queimando, sentem o calor do fogo e o gosto acre da fumaça tóxica invadindo os pulmões. E os pais lá, cuidando de outros assuntos. Percebem então que se não fizerem algo, estão ferradas, porque são elas que vão viver num planeta muito pior. Quando são confrontados, os adultos ou agem com repressão, ao sentirem-se atingidos em sua autoridade conferida pela idade, ou demandam esperança. É, no mínimo, enervante.
O que testemunhamos é talvez a primeira geração a perceber que não tem tempo para esperar os pais resolverem o problema que até hoje só agravaram – e muito. Nunca houve nada parecido na história. Em nenhuma história. Os filhotes tentam salvar o mundo que os espécimes adultos destroem sistematicamente. Serão necessários muitos anos de estudos para compreender os efeitos desta inversão sobre a forma de compreender o mundo e seu lugar no mundo daqueles que serão adultos amanhã. Mas, para isso, é preciso ter amanhã.
Adaptado de Eliane Brum. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/06/05/politica/1559743351_956676. html. Acesso em jun. 2019.
Leia as afirmativas a seguir.
I. A autora problematiza a postura dos jovens que “colocam o dedo na cara dos adultos, mandando eles crescerem”, defendendo que mais jovens tenham a mesma postura.
II. A argumentação é construída a partir da desconstrução do seguinte paradoxo: jovens sem esperança são capazes de trazer esperança ao mundo adulto.
III. O trecho “Num planeta com chão cada vez mais movediço, em que estados-nação se desmontam [...]” apresenta duas expressões que devem ser consideradas em sentido conotativo para que o sentido proposto pela autora seja alcançado.
IV.O trecho “os filhotes tentam salvar o mundo que os espécimes adultos destroem sistematicamente” expressa a ideia central do texto.
Em relação à interpretação e aos sentidos possíveis de serem depreendidos a partir da leitura do texto, é CORRETO o que se afirma em
A potência da primeira geração sem esperança
Vivemos um momento em que a novíssima geração, a das crianças e adolescentes, tem enfiado o dedo na cara dos adultos e mandado eles crescerem. Num planeta com chão cada vez mais movediço, em que os estados-nação se desmontam, a esperança tem progressivamente ocupado o lugar da felicidade como um ativo de mercado. Lembram que há pouco tempo atrás todo mundo era obrigado a ser feliz? E quem afirmava não ser tinha uma deformação de alma ou estava doente de depressão?
A felicidade como mercadoria já foi bem dissecada por diferentes áreas do conhecimento e pela experiência cotidiana de cada um. Convertida em produto, hoje perdeu valor de mercado, ainda que continue eventualmente a abarrotar as prateleiras de livros de auto-ajuda.
A esperança vai ocupando o seu lugar num momento em que o futuro se desenha sombriamente como um futuro num planeta pior. Aqui o que me parece o mais fascinante desta época: temos aquela que talvez seja a primeira geração sem esperança. Ao mesmo tempo, é também a geração que rompeu o torpor desse momento histórico marcado por adultos infantilizados, que alternam paralisia e automatismo, também no ato de consumir.
Ao romper o torpor, essa geração deu esperança à geração de seus pais. O impasse em torno da esperança é revelador do impasse entre a geração que levou ao paroxismo o consumo do planeta, a dos pais, e a geração que vai viver no planeta esgotado por seus pais. A geração sem esperança tem a imagem de Greta Thunberg, a garota sueca que, em agosto de 2018, com apenas 15 anos, iniciou uma greve escolar solitária em frente ao parlamento em Estocolmo. E, de lá para cá, já inspirou duas greves globais de estudantes pelo clima, levando para as ruas do mundo centenas de milhares de crianças e adolescentes em cada uma delas.
Posso imaginar o quanto deve ser assustador ter como pais a minha geração e a geração imediatamente posterior a minha, que me parece ainda mais entorpecida, porque mais mimada pelo suposto “direito” de consumir. Essas crianças e adolescentes veem a casa queimando, sentem o calor do fogo e o gosto acre da fumaça tóxica invadindo os pulmões. E os pais lá, cuidando de outros assuntos. Percebem então que se não fizerem algo, estão ferradas, porque são elas que vão viver num planeta muito pior. Quando são confrontados, os adultos ou agem com repressão, ao sentirem-se atingidos em sua autoridade conferida pela idade, ou demandam esperança. É, no mínimo, enervante.
O que testemunhamos é talvez a primeira geração a perceber que não tem tempo para esperar os pais resolverem o problema que até hoje só agravaram – e muito. Nunca houve nada parecido na história. Em nenhuma história. Os filhotes tentam salvar o mundo que os espécimes adultos destroem sistematicamente. Serão necessários muitos anos de estudos para compreender os efeitos desta inversão sobre a forma de compreender o mundo e seu lugar no mundo daqueles que serão adultos amanhã. Mas, para isso, é preciso ter amanhã.
Adaptado de Eliane Brum. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/06/05/politica/1559743351_956676. html. Acesso em jun. 2019.
Os trechos apresentados a seguir foram retirados do texto A potência da primeira geração sem esperança, de Eliane Brum. Assinale a alternativa que NÃO apresenta erro/inadequação em relação às normas da gramática normativa utilizadas para a construção de textos escritos formais.
A potência da primeira geração sem esperança
Vivemos um momento em que a novíssima geração, a das crianças e adolescentes, tem enfiado o dedo na cara dos adultos e mandado eles crescerem. Num planeta com chão cada vez mais movediço, em que os estados-nação se desmontam, a esperança tem progressivamente ocupado o lugar da felicidade como um ativo de mercado. Lembram que há pouco tempo atrás todo mundo era obrigado a ser feliz? E quem afirmava não ser tinha uma deformação de alma ou estava doente de depressão?
A felicidade como mercadoria já foi bem dissecada por diferentes áreas do conhecimento e pela experiência cotidiana de cada um. Convertida em produto, hoje perdeu valor de mercado, ainda que continue eventualmente a abarrotar as prateleiras de livros de auto-ajuda.
A esperança vai ocupando o seu lugar num momento em que o futuro se desenha sombriamente como um futuro num planeta pior. Aqui o que me parece o mais fascinante desta época: temos aquela que talvez seja a primeira geração sem esperança. Ao mesmo tempo, é também a geração que rompeu o torpor desse momento histórico marcado por adultos infantilizados, que alternam paralisia e automatismo, também no ato de consumir.
Ao romper o torpor, essa geração deu esperança à geração de seus pais. O impasse em torno da esperança é revelador do impasse entre a geração que levou ao paroxismo o consumo do planeta, a dos pais, e a geração que vai viver no planeta esgotado por seus pais. A geração sem esperança tem a imagem de Greta Thunberg, a garota sueca que, em agosto de 2018, com apenas 15 anos, iniciou uma greve escolar solitária em frente ao parlamento em Estocolmo. E, de lá para cá, já inspirou duas greves globais de estudantes pelo clima, levando para as ruas do mundo centenas de milhares de crianças e adolescentes em cada uma delas.
Posso imaginar o quanto deve ser assustador ter como pais a minha geração e a geração imediatamente posterior a minha, que me parece ainda mais entorpecida, porque mais mimada pelo suposto “direito” de consumir. Essas crianças e adolescentes veem a casa queimando, sentem o calor do fogo e o gosto acre da fumaça tóxica invadindo os pulmões. E os pais lá, cuidando de outros assuntos. Percebem então que se não fizerem algo, estão ferradas, porque são elas que vão viver num planeta muito pior. Quando são confrontados, os adultos ou agem com repressão, ao sentirem-se atingidos em sua autoridade conferida pela idade, ou demandam esperança. É, no mínimo, enervante.
O que testemunhamos é talvez a primeira geração a perceber que não tem tempo para esperar os pais resolverem o problema que até hoje só agravaram – e muito. Nunca houve nada parecido na história. Em nenhuma história. Os filhotes tentam salvar o mundo que os espécimes adultos destroem sistematicamente. Serão necessários muitos anos de estudos para compreender os efeitos desta inversão sobre a forma de compreender o mundo e seu lugar no mundo daqueles que serão adultos amanhã. Mas, para isso, é preciso ter amanhã.
Adaptado de Eliane Brum. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/06/05/politica/1559743351_956676. html. Acesso em jun. 2019.
Leia o trecho em destaque, retirado do texto: O impasse em torno da esperança é revelador do impasse entre a geração que levou ao paroxismo o consumo do planeta, a dos pais, e a geração que vai viver no planeta esgotado por seus pais.
Assinale a alternativa que apresenta um termo que pode substituir a palavra destacada, sem prejuízo para o sentido original proposto pela autora.
A luz emitida por celulares e notebooks degenera nossos olhos. A degeneração acontece quando nossos fotorreceptores – células sensíveis à luz em nossos olhos – morrem, o que acontece geralmente pela ação do retinal, substância formada no processo de oxidação da vitamina A. É justamente isso que a luz azul faz: acelera a formação de um retinal tóxico, que dissolve as membranas dos fotorreceptores e, com o tempo, os mata. Essa atividade não acontece com as luzes amarela, verde ou vermelha. A toxicidade do retinal estimulada pela luz azul é universal.
Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2018/08/luz-azuldos-celulares-e-computadores-pode-levar-cegueira.html. Acesso em jun. 2018. Adaptado.
Qual função de linguagem caracteriza a construção do trecho apresentado acima?
A obra Coração, cabeça e estômago, de Camilo Castelo Branco, lança mão de uma série de recursos paratextuais. O paratexto é um texto que acompanha o texto principal, é um recurso que direciona o leitor para o texto, é uma “fronteira”, segundo Gérard Genette, entre o texto, a leitura e a interpretação. Esse recurso difere do recurso da intertextualidade e da intratextualidade. Sabemos que o agenciador desses recursos é também o narrador.
No romance de Camilo Castelo Branco, podem ser indicados alguns tipos de paratexto, tais como: “entre parênteses do editor”, “o editor ao respeitável público”, “nota de rodapé”.
Sobre os tipos de paratextos presentes em Coração, cabeça e estômago e sobre recursos de construção da narrativa, assinale a alternativa INCORRETA.