Questões de EFAF Português - Leitura e Interpretação de Texto -
Leia o texto para responder à questão.
Embora reutilizar e reciclar sejam atitudes que façam a diferença a todos os cidadãos conscientes, preocupados em cuidar do meio ambiente, elas não são a mesma coisa. Na verdade, essas ações começam com o ato de reduzir, completando o grupo dos 3 Rs: Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Assim, o consumidor deve analisar a real necessidade de adquirir algum produto ou serviço, abolindo a compra por impulso e os desperdícios. Que tal consertar aquele eletrônico em vez de comprar um novo? A ideia também é atentar as pessoas para escolher aqueles que duram mais e podem ser utilizados mais de uma vez.
<https://tinyurl.com/ybclontb> Acesso em: 03.04.2018. Adaptado.
Uma das propostas presente no texto para reduzir o desperdício é
Leia o texto para responder à questão.
“O punk sempre teve essa consciência do ‘faça você mesmo’, que vai contra a lógica burguesa de consumir, que é &#%!, sabe?”, explicou João Gordo, vocalista da banda Ratos de Porão, ressaltando que sua preocupação com o meio ambiente não nasceu ontem. “São Paulo hoje parece com aquele livro do Ignácio de Loyola Brandão! Sem paranoia nenhuma nisso, cara”, afirmou, referindo-se a um de seus romances favoritos, Não Verás País Nenhum, de 1981, no qual o autor apresenta um futuro distópico* para o país, com surtos de doenças estranhas que ninguém entende, água e ar poluídos, congestionamentos infinitos e mudanças climáticas assassinas. “E já não é assim mesmo? Um retrato do que já é a realidade do desmatamento, das pessoas se alimentando de comidas artificiais cheias de aditivos químicos (...)?”
(...) O apresentador e sua mulher também têm se interessado pelo “freeganismo”, filosofia que vem da junção das palavras em inglês free e vegan. Os “freeganos”, avessos ao desperdício, costumam reaproveitar e consumir alimentos que foram ou serão descartados por restaurantes e supermercados. “A Vivi é bem mais radical. Ela e a mãe às vezes vão ao Ceagesp para pegar frutas, verduras e coisas do tipo que, embora estejam boas, não foram compradas e os vendedores preferem jogar no lixo antes mesmo de estragar – porque os caminhões refrigerados são caros e o preço para armazenar não compensa.”
Júlio Lamas. Punk Verde.
*Distópico: relativo à distopia**.
**Distopia: qualquer representação ou descrição de uma organização social futura caracterizada por condições de vida insuportáveis, com o objetivo de criticar tendências da sociedade atual, ou parodiar utopias, alertando para os seus perigos.
Antonio Houaiss e Mauro de Salles Villar. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
O texto constrói uma relação entre o movimento Punk e o “Freeganismo”.
Essa relação se estabelece por meio de
A EQUAÇÃO DA FELICIDADE
10 § É sério: o segredo da felicidade tem a ver com a redução de expectativas. Aquele seu amigo piadista das redes sociais e o para-choque dos caminhões pelo Brasil estão há muito tempo falando a verdade. Quem endossa essa tese são cientistas e sociólogos, cujas descobertas sobre o estado de espírito mais cobiçado pela humanidade estão na mira de corporações dos mais variados tipos e tamanhos. Essa tal felicidade pode, claro, se fazer presente nas coisas mais simples da vida, como tomar um picolé ou curtir uma roda de violão. O “povo de humanas” tem muito a dizer sobre isso. Mas a lógica por trás desse sentimento tem sido cada vez mais alvo de estudo e pesquisa de instituições renomadas. Se a academia tem chegado ao mesmo tipo de conclusão que a sabedoria popular, a questão passou a ser como medir o grau de felicidade de uma pessoa ou de um grupo. Esse desafio toca principalmente neurocientistas e economistas: quantificar algo tão abstrato que deveria ser impossível de medir. Mas eles insistem. A busca não começou agora. Os gregos, como sempre, deram a largada lá atrás. Alguns séculos depois, a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, propôs uma experiência em longo prazo, da qual até o ex-presidente norte-americano John Kennedy participou.
20 § Também estão nesse jogo de passar a felicidade a limpo equipes como a da University College London, do Reino Unido. Eles publicaram em 2014 e atualizaram neste ano uma fórmula matemática que, segundo os criadores, é capaz de prever se uma pessoa será feliz e ainda determinar como a prosperidade alheia e a desigualdade social são capazes de afetar a felicidade individual. Para chegar à “fórmula da felicidade”, o time liderado pelo neurocientista Robb Rutledge estabeleceu o seguinte processo na primeira etapa: 26 pessoas foram submetidas a uma série de tarefas em que, a partir de decisões que elas tomavam, poderiam ganhar ou perder dinheiro; enquanto as decisões eram tomadas, os participantes respondiam o quanto estavam felizes naquele instante; uma ressonância magnética media a atividade cerebral de cada participante no momento em que ele dava a resposta. Com esses dados, os pesquisadores deduziram a equação, considerando o que os participantes esperavam ganhar, as recompensas obtidas e as sensações geradas no cérebro de cada um deles. E a conclusão da equipe foi que… sim, as suas expectativas definem o quanto você será feliz.
30 § O time do dr. Rutledge ampliou a brincadeira. Por meio de um jogo de celular, estenderam o teste a 18 mil pessoas. O resultado: “expectativas mais baixas tornam mais provável que um resultado as supere e tenha um impacto positivo na felicidade”. E o simples fato de planejar e esperar que algo bom aconteça pode nos deixar mais felizes, mesmo que por um breve momento. Até aí, nenhuma grande novidade. Mas o endosso científico ao senso comum ajuda a entender distúrbios ligados às emoções humanas, como o transtorno de humor. Conseguir quantificar a possibilidade desse tipo de mal na população pode ajudar políticas preventivas de saúde e, claro, a evitar prejuízos ao capitalismo: uma pessoa infeliz tem grandes chances de produzir menos e pior. “Podemos começar a ter um entendimento mais detalhado das emoções humanas. Isso poderia potencialmente ser usado por empresas para melhorar a satisfação de empregados e clientes, perguntando para as pessoas sobre sua felicidade e prevendo-a com base em suas experiências. Também espero que possa ser usado para entender o que acontece com as pessoas que têm depressão”, afirma Rutledge.
Felicidade industrial
40 § O aprimoramento científico em medir emoções é criticado pelo sociólogo britânico William Davies, autor do livro A Indústria da Felicidade. Davies admite que pesquisas e programas sobre felicidade e bem-estar são um avanço, mas não a favor das pessoas, e sim no apoio a uma agenda de interesses políticos e econômicos, muitas vezes com fins mais privados do que públicos. “Na era das imagens por ressonância magnética, tem se tornado cada vez mais comum falar sobre o que nossos cérebros estão ‘querendo’ ou ‘sentindo’. Em muitas situações, isso é representado como uma declaração de intenções mais profunda do que qualquer coisa que pudéssemos relatar verbalmente”, afirma. Quanto mais esse sentimento particular – que é a felicidade – se aproxima de algo concreto, massificado, que podemos tocar ou até mesmo manusear, fica mais fácil dar a ele um valor que se pode calcular.
50 § Nos Estados Unidos, empresas de pesquisa de opinião estimam que a infelicidade dos assalariados custa à economia do país US$ 500 bilhões por ano em produtividade reduzida, receitas fiscais perdidas e custos com saúde, de acordo com o sociólogo. “A ciência da felicidade alcançou a influência que tem porque promete a solução que tanto se esperava. Em primeiro lugar, economistas da felicidade são capazes de colocar preço monetário no problema da miséria e da alienação. Isso permite que nossas emoções e bem-estar sejam colocados dentro de cálculos mais amplos de eficiência econômica”, aponta Davies. Mais do que isso, para que fórmulas e políticas públicas sociais sejam apresentadas como coerentes, o processo de industrialização da felicidade precisa que todos os humanos pensem e sintam as relações e o entorno do mesmo jeito, algo bem distante da realidade. “O que a indústria do consumo e o seu discurso vêm fazendo em torno da felicidade, com todos os seus gurus, desde o chefe da felicidade em uma empresa, o cara da meditação, o outro que diz que empreendeu e agora não tem mais chefe, desde o motorista do Uber até o agente de viagem, é ganhar em cima da gente nos fascinando, porque ficam vendendo caminhos possíveis para chegar lá [à felicidade]”, diz o antropólogo e pesquisador de consumo Michel Alcoforado.
60 § Até que apareça um novo mestre espiritual, uma nova dieta, um novo passo a passo para o Éden ou uma nova verdade sobre o colesterol da gema do ovo, o mantra da hora é ostentar. Enquanto a resposta para a felicidade não chega, exibimos e compartilhamos a ideia de que estamos podendo muito. Bens usados para uma movimentação social até um “lugar de destaque” – uma característica forte da sociedade brasileira – ficam desvalorizados quando mais gente pode comprar o que você já tem. Nesse jogo de quem é o mais feliz, quanto mais exclusiva a felicidade, melhor a posição no campeonato. “Sobretudo nas elites, é comprar experiências. Num processo em que você tem uma redefinição de classes no Brasil, muitas pessoas começam a poder comprar coisas, e o principal sinal de distinção das elites é caminhar dizendo: ‘Olha, coisas não me servem mais, porque elas não me distinguem mais com tanta força. Eu vou em busca das experiências’”, afirma Alcoforado. “Se qualquer um pode comprar uma bolsa da Chanel, poucas pessoas podem fazer um mochilão pelo Sudeste Asiá- tico e comer aquele frango com molho ‘thai’ em Bancoc, que ninguém conhece”, completa. Sem consumo não se vive, não adianta fugir, diz o antropólogo, pois é essa a regra do jogo. O segredo para não ser engolido é escolher o tipo de partida que você topa encarar. Tudo em nome da felicidade – ou daquilo que imaginamos que ela seja.
FUJITA, Gabriela. Disponível em: . Acesso em: 23 set. 2016. (Adaptado).
O trecho em destaque que expressa o ponto de vista do autor em relação à informação apresentada é:
APOQUENTAÇÃO DO POKÉMON
10 § Não sou tão arguto assim, mas houve um momento, faz uns dias, em meio à caminhada pelo Parque da Água Branca, em que saquei que algo inusitado se passava. Nem precisava, na verdade, ser minimamente arguto para constatar que dezenas, talvez centenas de jovens, sentados nos bancos ou de pé na pista onde eu me esfalfava, quase todos em silêncio, tinham os olhos cravados na telinha do smartphone.
20 § Faz tempo, eu sei, que o mundo se acha invadido por gente mesmerizada por esse pequeno retângulo luminoso. O que me impressionou, naquela manhã, foi a unanimidade: não havia, no parque, mais que meia dúzia de adolescentes que não estivessem monogamicamente entregues à manipulação de seu celular. Bem poucos usavam o telefone para telefonar. Mesmo a compulsão do selfie parecia ter amainado. Como a galera, aqui e ali, se organizava em rodinhas, cheguei a imaginar que professores de um colégio houvessem programado para o dia alguma atividade ao ar livre.
30 § A explicação me veio após a caminhada, lendo o jornal na padaria – também ela, aliás, repleta de meninos e meninas abduzidos por mais uma irresistível miçanga da informática: o Pokémon, aplicativo que, horas antes, fizera sua entrada oficial nos celulares brasileiros.
40 § Acho que alguma coisa não vai bem quando, em pleno fogaréu hormonal da adolescência, você prefere digitar as teclas do celular em vez das prendas tão apetecíveis da pessoa amada. Será esse absorvente aparelho um novo tipo de anticoncepcional? Estaremos ingressando numa era em que vai prevalecer o sexo vocal? Bites em vez de voluptuosas mordidinhas. Com ou sem joguinhos, convém não perder de vista o Carlos Drummond de Andrade da Elegia 1938: “Ao telefone perdeste muito, muitíssimo tempo de semear”. E olha que o poeta nem tinha celular.
WERNECK, Humberto. Disponível em: <http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,apoquentacao-do-pokemo,10000067954>. Acesso em: 19 set. 2016. (Adaptado).
Releia o trecho:
“Acho que alguma coisa não vai bem quando, em pleno fogaréu hormonal da adolescência, você prefere digitar as teclas do celular em vez das prendas tão apetecíveis da pessoa amada. Será esse absorvente aparelho um novo tipo de anticoncepcional? (4º parágrafo)
As informações presentes nessa passagem encontram correspondências nas impressões que o autor manifesta no trecho:
Texto 1
Dá pra desenhar?
Marcelo Gruman
1º§ Numa cena de um de meus comediantes favoritos, Jerry Seinfeld¹, seu amigo neurótico George se vê às voltas com a necessidade de resgatar alguns livros deixados na casa de uma moça com quem acabou de terminar um relacionamento. Jerry não vê problema algum, mas George não gosta da ideia. Jerry, então, diz para o amigo esquecer os livros, perguntando-lhe se realmente precisa deles. George diz que sim, que precisa dos livros, e Jerry pergunta por quê. George responde que os livros são seus e que, por isso, precisa deles. E por que precisa deles?, insiste Seinfeld. George exclama simplesmente “são livros!”. Seinfeld indaga, então: “Que obsessão é essa com os livros? As pessoas os colocam em suas casas como se fossem troféus. Para que você precisa deles depois de serem lidos?”. E ironiza, finalmente, “Sabe, o legal de ler Moby Dick² pela segunda vez é que Ahab e a baleia ficam amigos”.
2º§ Quando abro a porta de meu apartamento dou de cara com uma estante cheia de livros, meus troféus. Ali estão meus favoritos da literatura brasileira, João Ubaldo, Veríssimo, Rubem Fonseca, Nelson Rodrigues, Cony, e também os estrangeiros, Saramago, Roth, Dostoievski, Tchekhov e muitos outros. Também me orgulha uma pequena biblioteca de livros com a temática judaica e outra com obras que fizeram e fazem parte de minha formação antropológica. A reação de quem se depara com as prateleiras cheias de livros é variada, há quem exclame maravilhado com os títulos ali dispostos, há quem pergunte, à la Seinfeld, para que tanto livro, para que acumular poeira e traças. No quarto de meu filho, a galeria de troféus aumenta um pouco a cada mês, somando-se ao folclore brasileiro e gibis da Turma da Mônica e Batman estórias da porquinha Olivia em português e espanhol e clássicos da literatura estrangeira, como The cat in the hat. A escola faz a sua parte, o troca-troca de livros entre os colegas e a ida semanal à biblioteca garante que, pelo menos, dois livros sejam lidos fora do horário de estudos formal, geralmente à hora de deitar para dormir.
3º§ Damos importância ao livro e, sobretudo, à leitura. Claro, para ler um livro, é preciso, primeiro, saber ler. Cultivamos o hábito da leitura, cultivamos o intelecto, a leitura como instrumento para gerar a autonomia, para a construção da própria trajetó- ria de vida, para a compreensão e interpretação do mundo que nos cerca a partir do nosso ponto de vista, e não de terceiros, uma empobrecida leitura mastigada, enviesada e, muitas vezes, coalhada de preconceitos e estereótipos. A capacidade de ler permite o acesso a mundos até então desconhecidos, do Saci Pererê, do Lobo Mau, da Chapeuzinho Vermelho, da Mula Sem Cabeça. Permite a construção de nossa identidade, daquilo que somos, ou melhor, que estamos, porque aquilo que somos pode mudar sempre, é só querermos. Nada mais emocionante do que ver seu filho, de repente, ler o letreiro de uma loja, pela primeira vez. Um novo mundo se abre: um mundo de possibilidades infinitas, mundos infinitos.
4º§ Para mim, o livro tem de ter cheiro, às favas com minha alergia à poeira. Eu preciso manuseá-lo, tocá-lo, virar suas páginas. O livro é parte constituinte de quem sou, de minha identidade, é extensão de meu corpo, está impregnado de memória, da minha memória, da minha história. Livro não é produto biodegradável, descartável, pós-moderno, do tipo “lavou, está novo”. O livro estabelece ligações afetivas. Lembro-me de um colega de faculdade comentando, certa vez, com certa excitação, que havia encontrado, num sebo, determinado livro que a namorada procurava fazia não sei quanto tempo. O tesouro seria dado como presente de aniversário. Poderia ser o Harry Potter ou Cinquenta tons de cinza, boa literatura, má literatura, o importante é ler...
5º§ As livrarias no Rio de Janeiro estão desaparecendo, sobretudo os sebos, que teimam em comercializar objetos sujos de histó- ria. [...] É a tal “civilização digital”. Se não digital, do kindle³ e do IPhone³, do ambiente asséptico, inodoro, impessoal de cadeias livreiras como Cultura, Travessa ou Saraiva, padronizadas. Chegamos à era da “mcdonaldização” do hábito de ler. Sem passado, sem futuro, um presente contínuo.
6º§ Não bastasse o desprestígio do livro físico, vivemos o “triunfo total da não-leitura”, conforme o editor de não-ficção e literatura brasileira da Editora Record, Carlos Andreazza, que resolveu lançar a campanha pela “maioridade intelectual”, que considera uma provocação à onda dos livros de colorir. Para ele, o editor também é um educador e tem a obrigação de atrair o leitor jovem-adulto, ampliando o público leitor como uma resposta saudável a esta atração cultural que é “o livro de unir os pontinhos”, como ironicamente o define Joaquim Ferreira dos Santos. Andreazza diz que, hoje, somos obrigados a falar redundâncias bárbaras como “livro para ler”. Uma piada de mau gosto porque livro pressupõe leitura.
7º§ [...] Há não muito tempo, perguntávamos a quem não entendia o que falávamos se gostaria que desenhássemos a explicação. Era uma brincadeira, uma forma de infantilizar o interlocutor. Chegou o dia em que a piada perdeu a graça, porque deixou de ser piada.
Fonte: , texto adaptado. Acesso em: 03 set. 2015
Vocabulário de apoio:
1- Jerome “Jerry” Allen Seinfeld – ator e humorista norte-americano, atua em Nova Iorque, EUA.
2- Moby Dick – romance do autor estadunidense Herman Melville. O nome da obra é o de uma baleia enfurecida, de cor branca, que conseguiu destruir baleeiros que a haviam ferido. Originalmente foi publicado em três fascículos com o título de Moby-Dick ou A Baleia, em Londres, em 1851, e, ainda no mesmo ano, em Nova York, em edição integral. O livro foi revolucionário para a época, com descrições intricadas e imaginativas das aventuras do narrador – Ismael, suas reflexões pessoais, e grandes trechos de não-ficção, sobre variados assuntos, como baleias, métodos de caça a elas, arpões, a cor branca (de Moby Dick), detalhes sobre as embarcações e funcionamentos, armazenamento de produtos extraídos das baleias.
3- kindle – leitor de livros digitais desenvolvido pela subsidiária da Amazon, que permite aos usuários comprar, baixar, pesquisar e, principalmente, ler livros digitais, jornais, revistas, e outras mídias digitais via rede sem fio.
4- IPhone – linha de smartphones (telefones celulares multifuncionais) concebidos e comercializados pela Apple Inc.
O propósito comunicativo do texto é
Texto 1
Dá pra desenhar?
Marcelo Gruman
1º§ Numa cena de um de meus comediantes favoritos, Jerry Seinfeld¹, seu amigo neurótico George se vê às voltas com a necessidade de resgatar alguns livros deixados na casa de uma moça com quem acabou de terminar um relacionamento. Jerry não vê problema algum, mas George não gosta da ideia. Jerry, então, diz para o amigo esquecer os livros, perguntando-lhe se realmente precisa deles. George diz que sim, que precisa dos livros, e Jerry pergunta por quê. George responde que os livros são seus e que, por isso, precisa deles. E por que precisa deles?, insiste Seinfeld. George exclama simplesmente “são livros!”. Seinfeld indaga, então: “Que obsessão é essa com os livros? As pessoas os colocam em suas casas como se fossem troféus. Para que você precisa deles depois de serem lidos?”. E ironiza, finalmente, “Sabe, o legal de ler Moby Dick² pela segunda vez é que Ahab e a baleia ficam amigos”.
2º§ Quando abro a porta de meu apartamento dou de cara com uma estante cheia de livros, meus troféus. Ali estão meus favoritos da literatura brasileira, João Ubaldo, Veríssimo, Rubem Fonseca, Nelson Rodrigues, Cony, e também os estrangeiros, Saramago, Roth, Dostoievski, Tchekhov e muitos outros. Também me orgulha uma pequena biblioteca de livros com a temática judaica e outra com obras que fizeram e fazem parte de minha formação antropológica. A reação de quem se depara com as prateleiras cheias de livros é variada, há quem exclame maravilhado com os títulos ali dispostos, há quem pergunte, à la Seinfeld, para que tanto livro, para que acumular poeira e traças. No quarto de meu filho, a galeria de troféus aumenta um pouco a cada mês, somando-se ao folclore brasileiro e gibis da Turma da Mônica e Batman estórias da porquinha Olivia em português e espanhol e clássicos da literatura estrangeira, como The cat in the hat. A escola faz a sua parte, o troca-troca de livros entre os colegas e a ida semanal à biblioteca garante que, pelo menos, dois livros sejam lidos fora do horário de estudos formal, geralmente à hora de deitar para dormir.
3º§ Damos importância ao livro e, sobretudo, à leitura. Claro, para ler um livro, é preciso, primeiro, saber ler. Cultivamos o hábito da leitura, cultivamos o intelecto, a leitura como instrumento para gerar a autonomia, para a construção da própria trajetó- ria de vida, para a compreensão e interpretação do mundo que nos cerca a partir do nosso ponto de vista, e não de terceiros, uma empobrecida leitura mastigada, enviesada e, muitas vezes, coalhada de preconceitos e estereótipos. A capacidade de ler permite o acesso a mundos até então desconhecidos, do Saci Pererê, do Lobo Mau, da Chapeuzinho Vermelho, da Mula Sem Cabeça. Permite a construção de nossa identidade, daquilo que somos, ou melhor, que estamos, porque aquilo que somos pode mudar sempre, é só querermos. Nada mais emocionante do que ver seu filho, de repente, ler o letreiro de uma loja, pela primeira vez. Um novo mundo se abre: um mundo de possibilidades infinitas, mundos infinitos.
4º§ Para mim, o livro tem de ter cheiro, às favas com minha alergia à poeira. Eu preciso manuseá-lo, tocá-lo, virar suas páginas. O livro é parte constituinte de quem sou, de minha identidade, é extensão de meu corpo, está impregnado de memória, da minha memória, da minha história. Livro não é produto biodegradável, descartável, pós-moderno, do tipo “lavou, está novo”. O livro estabelece ligações afetivas. Lembro-me de um colega de faculdade comentando, certa vez, com certa excitação, que havia encontrado, num sebo, determinado livro que a namorada procurava fazia não sei quanto tempo. O tesouro seria dado como presente de aniversário. Poderia ser o Harry Potter ou Cinquenta tons de cinza, boa literatura, má literatura, o importante é ler...
5º§ As livrarias no Rio de Janeiro estão desaparecendo, sobretudo os sebos, que teimam em comercializar objetos sujos de histó- ria. [...] É a tal “civilização digital”. Se não digital, do kindle³ e do IPhone³, do ambiente asséptico, inodoro, impessoal de cadeias livreiras como Cultura, Travessa ou Saraiva, padronizadas. Chegamos à era da “mcdonaldização” do hábito de ler. Sem passado, sem futuro, um presente contínuo.
6º§ Não bastasse o desprestígio do livro físico, vivemos o “triunfo total da não-leitura”, conforme o editor de não-ficção e literatura brasileira da Editora Record, Carlos Andreazza, que resolveu lançar a campanha pela “maioridade intelectual”, que considera uma provocação à onda dos livros de colorir. Para ele, o editor também é um educador e tem a obrigação de atrair o leitor jovem-adulto, ampliando o público leitor como uma resposta saudável a esta atração cultural que é “o livro de unir os pontinhos”, como ironicamente o define Joaquim Ferreira dos Santos. Andreazza diz que, hoje, somos obrigados a falar redundâncias bárbaras como “livro para ler”. Uma piada de mau gosto porque livro pressupõe leitura.
7º§ [...] Há não muito tempo, perguntávamos a quem não entendia o que falávamos se gostaria que desenhássemos a explicação. Era uma brincadeira, uma forma de infantilizar o interlocutor. Chegou o dia em que a piada perdeu a graça, porque deixou de ser piada.
Fonte: , texto adaptado. Acesso em: 03 set. 2015
Vocabulário de apoio:
1- Jerome “Jerry” Allen Seinfeld – ator e humorista norte-americano, atua em Nova Iorque, EUA.
2- Moby Dick – romance do autor estadunidense Herman Melville. O nome da obra é o de uma baleia enfurecida, de cor branca, que conseguiu destruir baleeiros que a haviam ferido. Originalmente foi publicado em três fascículos com o título de Moby-Dick ou A Baleia, em Londres, em 1851, e, ainda no mesmo ano, em Nova York, em edição integral. O livro foi revolucionário para a época, com descrições intricadas e imaginativas das aventuras do narrador – Ismael, suas reflexões pessoais, e grandes trechos de não-ficção, sobre variados assuntos, como baleias, métodos de caça a elas, arpões, a cor branca (de Moby Dick), detalhes sobre as embarcações e funcionamentos, armazenamento de produtos extraídos das baleias.
3- kindle – leitor de livros digitais desenvolvido pela subsidiária da Amazon, que permite aos usuários comprar, baixar, pesquisar e, principalmente, ler livros digitais, jornais, revistas, e outras mídias digitais via rede sem fio.
4- IPhone – linha de smartphones (telefones celulares multifuncionais) concebidos e comercializados pela Apple Inc.
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